25 Janeiro 2023
A ativista sueca Greta Thunberg acusou, na quinta-feira, a elite política e empresarial no Fórum Econômico Mundial, em Davos, de “priorizar a ambição e os lucros, a curto prazo, acima das pessoas e o planeta”.
A reportagem é publicada por El Diario, 20-01-2022. A tradução é do Cepat.
“Neste momento, estamos em Davos, onde basicamente estão as pessoas que mais alimentam a destruição do planeta, as pessoas que estão no centro da crise climática, as pessoas que estão investindo em combustíveis fósseis etc. E, no entanto, de certa forma, parece que são as pessoas em quem confiamos para resolver nossos problemas”, disse Thunberg, em um evento organizado pelo canal CNBC.
“Mostraram mais de uma vez que não dão prioridade [a nossos problemas]. Estão priorizando sua própria ambição, a ambição corporativa e os lucros econômicos, a curto prazo, acima das pessoas e o planeta”, denunciou.
Thunberg classificou como um “absurdo” que o mundo ouça os delegados de Davos e não “aqueles que estão na linha de frente” da emergência climática. “As pessoas que deveríamos ouvir não estão aqui”, disse a ativista, acrescentando que, em vez disso, somos “bombardeados” com mensagens das pessoas “causadoras desta crise”.
Em uma reunião de alto nível, realizada na quinta-feira, em Davos, com o diretor da Agência Internacional de Energia - AIE, Fatih Birol, e junto com as ativistas climáticas Helena Gualinga, Luisa Neubauer e Vanessa Nakate, Thunberg pediu à indústria energética mundial e aos seus financiadores que acabem com todos os investimentos em combustíveis fósseis.
Durante essa reunião, as ativistas comunicaram que enviaram uma carta de “interrupção e desistência” aos diretores executivos pedindo o fim de novas extrações de petróleo, gás e carvão. Na solicitação de “interrupção e desistência”, assinada por Thunberg, Gualinga, Neubauer e Nakate, afirma-se que as grandes petroleiras sabiam há décadas que os combustíveis fósseis provocam a mudança climática e que enganaram o público e os políticos.
“Devem parar essas atividades, pois constituem uma violação direta ao nosso direito humano a um ambiente limpo, saudável e sustentável, ao seu dever de cuidado e aos direitos dos povos indígenas”, diz a carta.
“As mudanças não virão de dentro, mas de fora. Eles irão o mais longe que puderem em favor de seus próprios lucros”, disse Thunberg, referindo-se às empresas de combustíveis fósseis. “Enquanto conseguirem escapar, continuarão investindo em combustíveis fósseis, continuarão jogando as pessoas debaixo do ônibus”, acrescentou a jovem sueca, que foi detida, dias atrás, na Alemanha, em um protesto ambiental contra a expansão de uma mina de carvão.
Thunberg também aproveitou a oportunidade para criticar os Emirados Árabes Unidos por ter nomeado o diretor de sua petroleira estatal para presidir a Cúpula do Clima deste ano. A sueca classificou como “completamente ridículo” que o sultão Ahmed al-Jaber, diretor executivo da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi, presida a próxima rodada de negociações mundiais sobre o clima, que acontecerá em Dubai, em novembro.
Segundo a ativista, os grupos de pressão vêm influenciando essas conferências, “basicamente, desde sempre”. “Isso deixa tudo muito claro”, acrescentou. “É completamente ridículo”.
Em resposta a esses comentários, um porta-voz da COP28 insistiu em que al-Jaber é “especialmente qualificado para realizar bem a COP28”, informa The Guardian. “É um especialista em energia e fundador de uma das principais empresas de energias renováveis do mundo [Masdar], um renomado líder empresarial, um ministro de Governo e um diplomata do clima com mais de 20 anos de experiência na adoção de ações climáticas”, disse o porta-voz.
Durante sua visita a Davos, um repórter do meio de comunicação canadense Rebel News, conhecido por seu negacionismo da mudança climática, acusou Thunberg de “posar com a polícia” em sua prisão na Alemanha. “Quantas vezes você ensaiou sua prisão?”; “Você diria que é uma atriz infantil? É uma atriz infantil ou uma especialista?”, perguntou o jornalista, a quem a ativista respondeu rindo. “É muito provável que a polícia alemã e a empresa de combustíveis fósseis organizassem uma detenção”, disse ironicamente Thunberg, entre risos.
Outro repórter da mídia negacionista a questionou sobre as frias temperaturas da cidade suíça. “Greta, faz muito frio aqui em Davos. Quando podemos esperar algum aquecimento global?”, disse, a quem ela também respondeu rindo.
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Greta Thunberg, em Davos: “As elites priorizam a ambição e os lucros, a curto prazo, acima das pessoas e o planeta” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU