23 Dezembro 2022
Os signatários estão defendendo um cessar-fogo de 24 de dezembro a 19 de janeiro, que é o 12º dia do Natal no calendário ortodoxo.
A reportagem é de Kathryn Post, publicada por Religion News Service, 20-12-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Mais de mil líderes religiosos dos EUA estão pedindo um cessar-fogo de Natal na Ucrânia 10 meses depois que a Rússia invadiu seu vizinho. Os líderes, que representam uma ampla gama de religiões, disseram esperar que uma trégua temporária possa levar à negociação de uma paz permanente.
“Como pessoas de fé e consciência, acreditando na santidade de toda a vida neste planeta, pedimos uma trégua de Natal na Ucrânia”, diz o comunicado. “No espírito da trégua que ocorreu em 1914 durante a Primeira Guerra Mundial, exortamos nosso governo a assumir um papel de liderança para encerrar a guerra na Ucrânia, apoiando apelos por um cessar-fogo e um acordo negociado, antes que o conflito resulte em uma guerra nuclear que poderia devastar os ecossistemas do mundo e aniquilar toda a criação de Deus”.
Os signatários defendem um cessar-fogo de 24 de dezembro a 19 de janeiro, 12º dia do Natal no calendário ortodoxo.
A declaração foi enviada ao Escritório de Parcerias Religiosas e de Vizinhança da Casa Branca na manhã de terça-feira (20 de dezembro). Os signatários pretendem se encontrar com o representante desse escritório para instar o governo Biden a liderar tanto o cessar-fogo temporário quanto as negociações de paz de longo prazo.
Mais de 6 mil civis morreram na Ucrânia desde o início da guerra, e os ucranianos estão se preparando para um inverno rigoroso, já que a infraestrutura danificada e o deslocamento tornam o calor uma raridade.
Entre os signatários iniciais da declaração estão o pastor e ativista reverendo William J. Barber II, o fundador do Shalom Center, o rabino Arthur Waskow, o estudioso e ativista progressista Cornel West e Tarunjit Singh Butalia, diretor-executivo da Religions for Peace USA.
A declaração foi escrita por representantes de vários grupos de paz, incluindo Fellowship of Reconciliation, CodePink e National Council of Elders. Eles começaram a recrutar signatários para a declaração em meados de novembro.
“À medida que a guerra na Ucrânia se arrasta para o seu 10º mês, a única certeza é que as centenas de milhares de mortos e feridos continuarão a crescer, assim como os 14 milhões de refugiados de guerra para não mencionar os impactos humanitários sentidos em toda a Europa e no globo”, disse Ariel Gold, diretor-executivo da Fellowship of Reconciliation USA, em um comunicado de imprensa.
A demanda é inspirada pela trégua de Natal que ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial. Embora os líderes nacionais da época tenham ignorado o apelo do Papa Bento XV por um cessar-fogo oficial, em 24 de dezembro de 1914, as tropas alemãs e britânicas ao longo do Front Ocidental participaram em uma trégua informal e errática, saindo de suas trincheiras para cantar canções de natal e compartilhar charutos, comida e bebida por algumas horas.
“A negociação não é um eufemismo para capitulação, nem uma racionalização da agressão de Putin”, disse Medea Benjamin, outra das autoras da declaração e uma das fundadoras do grupo de paz CodePink, em um comunicado à imprensa. “É simplesmente um reconhecimento de que o fim desta guerra não pode ser alcançado por mais guerra”.
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