29 Agosto 2022
Francisco presidiu o Consistório no qual nomeou 20 novos cardeais, entre os quais 6 asiáticos. O secretário de Estado do Diálogo com o Leste e o vietnamita que cuidava de seu carcereiro indicados como modelos. O novo cardeal da Mongólia Giorgio Marengo: o governo de Ulan Bator convidou o pontífice ao país e ele respondeu que pretende realizar esta viagem.
A reportagem é publicada por AsiaNews, 27-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Trazer ao mundo de hoje o fogo do zelo missionário, mas também aquele da mansidão de Jesus. Este é o empenho que o Papa Francisco confiou hoje aos 20 novos cardeais solenemente nomeados na tarde de domingo na Basílica de São Pedro no oitavo consistório de seu pontificado. Com eles, o Sacro Colégio agora conta com 226 cardeais, dos quais 132 são atualmente eleitores em caso de um futuro conclave.
Comentando a passagem do Evangelho de Lucas em que Jesus diz que veio "para trazer o fogo à terra", o pontífice convidou a olhar para duas faces desse fogo: "a chama poderosa do Espírito de Deus, Amor apaixonado que purifica tudo, regenera e transfigura”, mas também as brasas “mansas e escondidas” junto às quais os discípulos aguardam depois da milagrosa pesca no lago da Galileia, contada no Evangelho de João.
“O fogo poderoso – explicou – é o que animou o apóstolo Paulo no seu incansável serviço ao Evangelho, na sua “corrida” missionária guiada, sempre impulsionada pelo Espírito e pela Palavra. É também o fogo de tantos missionários e missionárias que experimentaram a laboriosa e doce alegria de evangelizar, e cuja própria vida se tornou evangelho, porque foram sobretudo testemunhas”.
Mas é inseparável da outra face do testemunho, aquele da magnanimidade e da mansidão: o pontífice citou o exemplo de São Charles de Foucauld, sua "permanência por muito tempo em um ambiente não cristão, na solidão do deserto, apostando tudo na presença: a presença de Jesus vivo, na Palavra e na Eucaristia, e sua própria presença fraterna, amiga e caridosa”.
Duas faces a serem cultivadas e nas quais o papa indicou aos novos cardeais dois de seus predecessores como exemplos. “Um cardeal - disse Francisco - ama a Igreja, sempre com o mesmo fogo espiritual, tanto ao lidar com as grandes questões como com as pequenas; tanto no encontro com os grandes deste mundo, como com os pequenos, que são grandes diante de Deus. Penso, por exemplo, no Cardeal Casaroli, justamente famoso pelo seu olhar aberto a atender, com diálogo sábio e paciente, os novos horizontes da Europa depois da guerra fria. E Deus não queira que a miopia humana feche novamente aqueles horizontes que Ele abriu. Mas aos olhos de Deus - prosseguiu - são igualmente valiosas as visitas que fazia regularmente aos jovens detidos numa prisão juvenil de Roma, onde era chamado 'Dom Agostino'”.
Mas, além do secretário de Estado vaticano durante os anos de diálogo com a Europa Oriental, o pontífice também quis apontar como exemplo o cardeal vietnamita François-Xavier Nguyễn Van Thuân, "chamado a pastorear o Povo de Deus em outro cenário crucial do século XX, e ao mesmo tempo animado pelo fogo do amor de Cristo para cuidar da alma do carcereiro que vigiava a porta de sua cela”.
“Jesus – concluiu o Papa dirigindo-se aos novos cardeais – quer lançar este fogo sobre a terra também hoje; ele quer acendê-lo novamente nas margens de nossas histórias cotidianas. Ele nos chama pelo nome, nos olha nos olhos e nos pergunta: posso contar com você?”.
Francisco depois entregou o barrete, o anel e o título a 19 dos 20 novos cardeais: um dos cardeais, de fato, o ganense Richard Kuuia Baawobr, bispo de Wa, não pôde comparecer à cerimônia porque estava hospitalizado por um problema de saúde que ocorreu após sua chegada a Roma. Entre os novos cardeais há seis asiáticos, todos entre os eleitores: são o coreano Lázaro You Heung-sik, prefeito do dicastério para o clero e ex-arcebispo de Daejeon, o arcebispo de Díli em Timor Leste Virgilio do Carmo da Silva, os dois bispos indianos Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão arcebispo de Goa e Anthony Poola arcebispo de Hyderabad, o arcebispo de Singapura William Goh Seng Chye e o italiano Giorgio Marengo, missionário da Consolata e prefeito apostólico de Ulan Bator na Mongólia.
Este último anunciou hoje que o Papa Francisco recebeu um convite oficial para visitar a Mongólia. Foi apresentado pela delegação oficial de Ulan Batar que veio para o Consistório liderada pelo ex-presidente Enkhbayar, que entregou uma mensagem formal do atual presidente Khürelsükh. "O papa - relatou o novo cardeal Marengo - manifestou grande interesse pela proposta e disse que pretende fazer esta viagem, desde que suas condições de saúde e os compromissos já planejados os permitam".
Finalmente, durante o Consistório, o Papa Francisco também aprovou a proclamação de dois novos santos - Mons. Giovanni Battista Scalabrini, bispo de Piacenza, fundador da Congregação dos Missionários de San Carlo e da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu e Artemide Zatti, leigo salesiano argentino - marcando sua canonização para domingo, 9 de outubro de 2022.
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O Papa aos novos cardeais: tragam o fogo de Jesus, como Casaroli e Van Thuan - Instituto Humanitas Unisinos - IHU