29 Agosto 2022
O balanço sobre a consulta ao povo de Deus e sobre a fase “continental”. Grech: “Uma Igreja viva, necessitada de autenticidade e cura”. Hollerich: “A leitura das sínteses, uma consolação”.
A reportagem é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 27-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Uma Igreja “viva, necessitada de autenticidade, de cura e que anseia cada vez mais ser uma comunidade que celebra e anuncia a alegria do Evangelho, aprendendo a caminhar e a discernir juntos”. Segundo o Cardeal Mario Grech, este é o quadro que emerge da leitura das sínteses enviadas pelas Conferências Episcopais, por religiosos e religiosas e por grupos leigos de todo o mundo em vista da segunda etapa do processo sinodal: a fase continental do Sínodo sobre a sinodalidade (demos ampla cobertura do resumo da CEI nos últimos dias).
O secretário-geral do Sínodo falou ontem na conferência de imprensa que fez um balanço da situação da consulta ao povo de Deus na primeira fase do processo sinodal (as sínteses referiam-se precisamente a essa escuta) e forneceu algumas informações sobre as modalidades de implementação do documento para a fase continental. "Para entender o processo sinodal - disse o cardeal - é preciso pensar numa frutífera circularidade de profecia e discernimento".
"A certeza do que o Espírito diz à Igreja - acrescentou - só vem com o sentir junto, ou melhor, o consentir, a convergência na fé do povo de Deus, que se realiza na escuta uns dos outros". E a esse respeito, respondendo a uma pergunta sobre a escuta de quem é favorável ao rito pré-conciliar, disse: "Ninguém deve se sentir excluído", mas "o bispo também deve ser ouvido, porque às vezes corre-se o risco de um monólogo".
Portanto, olha-se para frente. "Com os resultados da consulta ao Povo de Deus e do discernimento das Conferências Episcopais - explicou Grech -, a Secretaria do Sínodo poderá elaborar um documento de síntese que poderia ter se tornado o instrumentum laboris para a fase de assembleia que se celebrará em Roma”. Em vez disso, a inclusão de um nível continental teve o propósito de garantir ainda mais o respeito da consulta. “Neste novo momento de discernimento, as assembleias continentais são chamadas a reler o documento produzido pela Secretaria sinodal, indicando se ele expressa efetivamente o horizonte sinodal que emergiu nas Igrejas particulares daquele continente”.
Mas preste atenção. "O Sínodo não é um parlamento onde as decisões são tomadas por maioria". E se na Igreja há quem anda à direita e quem anda à esquerda, quem está à frente, quem está atrás, todos devemos caminhar olhando para Cristo”. Assim se expressou o cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo e relator geral da próxima assembleia geral ordinária do Sínodo. Segundo o qual o objetivo certamente não é produzir choques em relação a certas propostas vindas da base. Quanto às pessoas gays, por exemplo, Hollerich também falou: “Na Igreja, todos são bem-vindos. É importante escutar a todos e, portanto, também escutar o sofrimento das pessoas, penso nos pais e nas pessoas envolvidas”. É necessário, portanto, "mudar não a doutrina, mas a atitude".
De modo mais geral, objetiva-se, portanto, "recolher e exprimir os frutos do processo sinodal de modo que sejam compreensíveis mesmo para aqueles que não participaram dele, indicando como foi entendido o chamado do Espírito Santo à Igreja no contexto local".
O cardeal jesuíta também quis oferecer um testemunho pessoal. “A leitura dos resumos recebidos - observou de fato - produziu em mim, como discípulo de Cristo e como bispo, uma grande consolação espiritual que abre a uma grande esperança. Esta esperança, agora, deve transformar-se em dinamismo missionário”.
As sínteses recebidas pela Secretaria Geral do Sínodo podem ser divididas em cinco categorias: as das Conferências Episcopais, das Igrejas Orientais Católicas, da USG e UISG, e dos Dicastérios do Vaticano. Além disso, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida foi encarregado de coletar e trabalhar nas sínteses das associações e movimentos eclesiais. Enquanto o Dicastério para a Comunicação realizou uma atividade de escuta nas redes sociais realizada por alguns influenciadores. Neste caso, chegaram cerca de 110 mil respostas, numa estimativa de cerca de 20 milhões de pessoas envolvidas. “Estou convencido – concluiu Hollerich – de que estamos diante de um diálogo eclesial sem precedentes na história da Igreja, pela quantidade de respostas e pela qualidade da participação”.
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Sínodo, dada a partida para a segunda etapa. “Ninguém deve se sentir excluído” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU