22 Fevereiro 2022
Clientes envolvidos em torturas, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção e outros crimes graves, segundo um vazamento maciço de informações, esconderam sua riqueza em contas do Credit Suisse. Os detalhes das contas vinculadas a 30 mil clientes internacionais do banco suíço constam dos novos dados bancários divulgados pelo consórcio Occrp (Organized crime and corruption reporting project, projeto de denúncia de crime organizado e corrupção) que teve acesso exclusivo aos vazamentos. O Occrp tem La Stampa e IrpiMedia como parceiros exclusivos na Itália. O vazamento desmascara uma riqueza de mais de 100 bilhões de francos suíços, cerca de 80 bilhões de dólares, apontando as falhas generalizadas da due diligence de parte do instituto, apesar dos repetidos empenhos em eliminar clientes duvidosos e fundos ilícitos.
A reportagem é publicada por Il Fatto Quotidiano, 21-02-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Entre os clientes aparecem um traficante de seres humanos nas Filipinas, um chefão da bolsa de valores de Hong Kong preso por corrupção, um bilionário que ordenou o assassinato de sua namorada libanesa pop star e executivos que saquearam a companhia petrolífera estatal venezuelana, além de políticos corruptos do Egito e da Ucrânia. Sem nomeá-lo, o jornal também se refere ao caso envolvendo o cardeal italiano Angelo Becciu. "Uma conta de propriedade do Vaticano - lê-se no artigo - foi usada para gastar 350 milhões de euros (290 milhões de libras) em um suposto investimento fraudulento em uma propriedade de Londres que está no centro de um processo criminal em andamento contra vários réus, entre os quais um cardeal".
A enorme quantidade de dados bancários foi vazada por um informante anônimo que recorreu ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung. O Credit Suisse respondeu que as rígidas leis de sigilo bancário da Suíça o impedem de comentar afirmações relativas aos clientes. "O Credit Suisse repudia firmemente as acusações e as deduções sobre as supostas práticas comerciais do banco", afirmou em um comunicado, argumentando que as questões descobertas pelos repórteres se baseiam em "informações seletivas extrapoladas do contexto, o que dá origem a interpretações tendenciosas da atividade desempenhada pelo banco". O instituto também afirmou que as acusações são em grande parte relativas do passado, em alguns casos remontando a uma época em que "as leis, as práticas e as expectativas das instituições financeiras eram muito diferentes". Embora algumas contas estivessem em uso desde a década de 1940, especifica o The Guardian, mais de dois terços foram abertas a partir 2000. Muitas delas ainda estavam abertas na última década e algumas permanecem abertas hoje.
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“Entre os clientes do Credit Suisse, traficantes de seres humanos, assassinos, corruptores e torturadores. Oitenta bilhões de dólares escondidos" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU