20 Janeiro 2022
(Ndr. Il sismografo: Ontem, quarta-feira, no final da audiência geral, o Santo Padre convidou todos a unirem-se em oração com "as populações das ilhas Tonga, atingidas nos últimos dias pela erupção do vulcão submarino que causou grandes danos materiais". Reapresentamos uma entrevista concedida ao jornal "Avvenire" pelo Cardeal Soane Patita Paini Mafi, bispo de Tonga e Niue, no quadro da COP26 de Glasgow, em novembro passado).
A entrevista é de Angela Napoletano, publicada por Avvenire, 12-11-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
A denúncia do Cardeal Soane Patita Paini Mafi, bispo de Tonga e Niue: "A terra que muitos chamam de lar há gerações não é mais segura para se viver".
No ranking do Índice de Risco Mundial de 2020, o arquipélago de Tonga, uma joia natural da Polinésia com 173 ilhas e ilhotas, é o segundo país do mundo mais exposto ao risco de desastres causados pelas mudanças climáticas. A primeira é Vanuatu, outra pérola do Oceano Pacífico.
O cardeal Soane Patita Paini Mafi, bispo de Tonga e Niue, além de presidente da Caritas Oceania, levou o pedido de ajuda de seu povo à Conferência sobre o Clima da ONU em Glasgow (COP26), também por meio da Caritas Internationalis. Tempestades, ciclones, inundações e erosões costeiras: "A população - explica - há muito que se adapta a estes eventos extremos". Mas a realidade, ele aponta, “é que a terra que muitos chamam de lar há gerações não é mais segura para se viver”.
O que a Igreja da Oceania pede aos líderes mundiais reunidos em Glasgow?
Nosso pedido é simples: escuta. Queremos que os líderes governamentais de todo o mundo prestem atenção ao que os jovens, os idosos, os indígenas e as populações locais têm a dizer, porque conhecem muito bem o lugar onde vivem. Que sejam envolvidos no processo de tomada de decisão e na implementação dos planos propostos. Que levem em consideração o alarme da ciência sobre o estado de saúde do Planeta. Que escutem a Terra.
Como a Igreja Católica está trabalhando na Oceania seguindo a Laudato si'?
Muito está sendo feito em nossa Região, em particular através dos membros da Caritas Oceania. A comunidade de Tonga, por exemplo, está colaborando com a Juventude Diocesana para prevenir mais danos ambientais, promover a justiça ecológica e a proteção da criação, apoiar iniciativas de adaptação climática baseadas na observação da natureza que vêm da população local.
A este esforço soma-se aquele para fortalecer a resiliência das comunidades mais expostas às catástrofes naturais com atividades de previsão e gestão de riscos. Ao providenciar suprimentos de emergência e treinamento da população, podemos pelo menos tentar limitar as consequências devastadoras que estão ali, diante dos olhos de todos, e sustentar uma rápida recuperação.
Como as pessoas percebem essa situação?
A população da Oceania vive, hoje, as mudanças climáticas juntamente com a crise causada pela pandemia de Covid-19. Uma dupla emergência, eu a definiria, também exacerbada pela interrupção das cadeias de suprimentos e pelos programas regionais de migração temporária. O resultado é que as desigualdades já existentes são exacerbadas. O impacto é desproporcional em detrimento das pessoas mais vulneráveis, aquelas em risco de marginalização e pobreza.
Estamos profundamente preocupados, especialmente com mulheres e garotas, devido ao aumento da violência de gênero durante os lockdowns e a necessidade de maior proteção contra os desastres. Como Igreja, temos um papel fundamental no enfrentamento desses desafios.
O que a Oceania espera da Cop26?
O Pacífico não está recebendo os financiamentos previstos. Os processos de tomada de decisão são longos e complicados. Ainda assim, a necessidade de adaptação e mitigação é mais urgente do que nunca. Com uma representação limitada do Pacífico no vértice, tememos que mais uma vez as vozes de nosso povo não sejam ouvidas.
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O bispo de Tonga: “A Oceania está em risco. É hora de nos ouvirem” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU