23 Dezembro 2021
Hoje, no Vaticano, a presença do metropolita Hilarion Alfeyev, presidente do Departamento de Relações Exteriores do patriarcado de Moscou. “O encontro com Kirill acontecerá quando todas as condições estiverem amadurecidas”. O patriarca quer rever o pontífice. O problema das escolas religiosas ortodoxas. A religião reencontrou um papel central na vida da sociedade russa.
A reportagem é de Vladimir Rozanskij, publicada por AsiaNews, 22-12-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O novo encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill (Gundjaev) "está nas mãos dos nossos diplomatas eclesiais, acontecerá quando todas as condições estiverem amadurecidas". Isso foi declarado ao jornal Izvestija pelo presidente do departamento sinodal do patriarcado de Moscou para as relações entre a Igreja e a sociedade, Vladimir Legojda, ao mesmo tempo em que está no Vaticano, na manhã dessa quarta-feira, o metropolita Hilarion Alfeyev, chefe do Departamento para as relações externas do mesmo patriarcado.
Na longa entrevista, Legojda reiterou a vontade do patriarca de se encontrar novamente com o Papa de Roma, mas os tempos desses encontros “não seguem um ritmo rápido ou lento, eles dependem do amadurecimento das condições adequadas. Em Cuba havia uma urgência pelo Oriente Médio, agora depende de muitos outros fatores”.
O representante patriarcal comentou a seguir a situação das escolas religiosas ortodoxas no país, após o terrível atentado em Serpukhov por um ex-aluno com problemas mentais, que detonou uma bomba em frente ao mosteiro onde havia estudado. O jovem morreu, ferindo gravemente várias pessoas, a maioria alunos da escola das irmãs.
Legojda garantiu que o patriarcado está acompanhando a investigação com muita atenção, "é preciso ter o maior cuidado pelas crianças". Na sua opinião, o problema dos alunos não crentes obrigados a frequentar as escolas religiosas pode ser resolvido com um verdadeiro acolhimento: “Não devem ser expulsos, mas amados ainda mais”.
O crescimento da agressividade entre os adolescentes e os jovens na Rússia preocupa a Igreja, que gostaria de maior seleção nos filmes e histórias que são mostradas pela mídia. “Seria ingenuidade pensar em proibir filmes com assassinatos, porque depois todos começam a se matar entre si”, comenta Legojda, “mas não se pode negar a responsabilidade das mídias nas situações que vemos se repetir quase todos os dias”. Ele observa que se trata principalmente de informações não verificadas, o que leva as pessoas a confirmarem suas ideias mais violentas. “Na cultura dos livros - acrescenta o encarregado patriarcal - era mais simples, porque pelo menos havia os redatores, enquanto a internet mudou radicalmente os parâmetros”.
Segundo Legojda, isso não significa que seria necessário o fechamento da internet, “mas o papel da formação torna-se decisivo, para difundir uma compreensão profunda da sociedade, da autoridade, da vida de cada pessoa real. As civilizações foram se construindo sobre os sistemas da formação". Junto com a educação pública, é fundamental o papel educativo da família, junto com a escola e a universidade e as associações religiosas.
A religião hoje reencontrou um papel central na vida da sociedade russa, comenta Legojda, "porque as pessoas estão procurando respostas para as principais questões da vida e do mundo, pelo que, mesmo que você não aceite a religião, você não pode ignorá-la". Os estudos religiosos, desde a história da religião até às doutrinas específicas, são "as chaves da cultura mundial, do edifício da tradição". Conhecer as autênticas doutrinas religiosas protege contra formas de extremismo religioso e outras expressões radicais, ditadas principalmente pela ignorância.
A pandemia impôs a distinção das prioridades, inclusive no campo religioso. “Não devemos ter medo da morte, mas nem mesmo correr ao seu encontro, colocando em perigo também todos os demais”, avisa Legojda. Para a Igreja é um teste muito sério, que envolve muitas pessoas, começando pelos sacerdotes ortodoxos, entre os quais há muitos "antivaksery", a expressão russa para os no-vax.
O patriarca Kirill e muitos hierarcas de alto escalão, no entanto, promoveram ativamente a vacinação, começando com o influente metropolita de Pskov Tikhon (Ševkunov), filho de uma importante médica imunologista. Em todo caso, o ingresso nas igrejas ortodoxas continuará a não exigir certificados, respeitadas as medidas de prevenção.
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O patriarcado de Moscou prepara o encontro com o Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU