20 Outubro 2021
Apenas parcialmente estão se atenuando os efeitos dramáticos de 2020: um em cada três novos pobres ainda não consegue sobreviver. O alarme sobre os menores: são 1,3 milhão aqueles a que falta tudo. E nunca tantas mulheres pediram ajuda.
A reportagem é de Paolo Lambruschi, publicada por Avvenire, 17-10-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em 2020, o ano que os livros de história recordarão como o mais difícil para a Itália desde o pós guerra, um total de 1,9 milhão de pessoas pediram ajuda à rede Caritas. E 44% eram novos pobres, nunca haviam se visto antes. Foi um grande esforço por parte da Igreja italiana para ficar perto dos mais frágeis, realizado, entre outros, por mais de 93.000 voluntários leigos e mais de 800 jovens em serviço civil para ficar perto da Itália devastada pelo Covid com uma rede de apoio que acolheu em média 286 pessoas para cada um dos 6.780 serviços promovidos ou geridos pelas Caritas diocesanas e paroquiais.
O relatório de pobreza da Caritas italiana 'Além do obstáculo' publicado ontem conta em números e estatísticas a Itália no ano do Covid. Mas lança um alarme que diz respeito principalmente a mães solteiras, jovens e menores. Em suma, a pandemia social de acordo com a pesquisa tem os rostos de uma criança do Sul e de uma mulher que se descobrem com uma grande pedra no caminho para um futuro que parece já marcado.
Uma "dupla pandemia" para esses grupos vulneráveis agravada pelo recorde na Itália de pessoas em estado de pobreza absoluta, aqueles 5,6 milhões (equivalente a dois milhões de núcleos familiares) detectados pelo Istat com mais de um milhão de pobres absolutos a mais do que em 2019. E para muitos deles não acabou, ainda não há recuperação à vista.
São 1 milhão e 337 mil menores de 18 anos na Itália sem o indispensável para levar uma vida cotidiana digna, relata a pesquisa que é publicada por ocasião do Dia Mundial da Luta contra a Pobreza após 4 monitoramentos com dados diocesanos. “Há anos - escrevem os editores - a pobreza absoluta está estreitamente correlacionada com a idade, ou seja, tende a aumentar à medida que diminui a idade, tanto que a maior incidência se registra entre crianças e jovens menores de 18 anos (13,5%)”. São sobretudo as crianças e os adolescentes dos 7 aos 17 anos que vivem as mais duras condições de pobreza agravada pela pandemia.
As antenas da Caritas locais de fato registram a maior incidência de novos pobres, igual a 57,7%, justamente entre crianças e jovens. A incidência de famílias em situação de pobreza absoluta confirma-se como mais elevada no Sul (9,4%), ainda que o maior crescimento, registrado de um ano para o outro, se encontre no Norte (de 5,8% para 7,6%). A situação torna-se mais crítica quando há crianças na família, especialmente menores, e se houver mais de uma. A Caritas também se preocupa com a situação das famílias monoparentais: para elas, a pobreza aumenta em apenas um ano em três pontos percentuais, chegando a 11,7%.
Mães sozinhas, justamente. “Estou separada e tenho duas filhas - conta uma jovem de Pozzuoli aos pesquisadores -, a ajuda da Caritas foi oportuna. Em primeiro lugar no plano moral, ajudaram-me psicologicamente porque tinha desmoronado devido às enormes dificuldades de superar tudo sozinha. E depois para pagar a casa, o aluguel, a conta de luz, a comida. Foi um alívio por ter duas meninas para criar”.
O relatório aponta para o aumento da violência doméstica. Em 2020, de acordo com o Istat, as ligações para o serviço público contra violência e stalking, aumentaram em 79,5% em relação a 2019. E a crescente pobreza especialmente de mulheres empregadas no turismo e no setor de alimentação. As mulheres atendidas pelos serviços em rede com coleta de dados foram de 107 mil, correspondente à metade das pessoas apoiadas.
Entre elas, as histórias de novas pobrezas respondem por 40,6%. Por outro lado, o percentual de mulheres atendidas há muitos anos é muito maior, revelando maior risco de uma situação crítica crônica.
Um último aspecto importante são as fortes desigualdades entre italianos e estrangeiros residentes, que se agravaram nos últimos 12 meses. A pobreza absoluta permanece abaixo da média para famílias exclusivamente italianas (6,0%), embora crescendo em relação a 2019 (4,9%), enquanto aumenta para 22,2% para as famílias mistas e para 26,7% para as famílias apenas de estrangeiros. Os estrangeiros em situação de pobreza absoluta são 1,5 milhão, com uma incidência igual a 29,3%, contra 7,5% dos cidadãos italianos, no total de 568 mil famílias pobres.
A colaboração com os serviços locais foi boa. Das pessoas atendidas pelo circuito da Caritas, mais de um terço (37,8%) também são atendidas por alguns serviços públicos com os quais às vezes as Caritas locais desenvolvem um trabalho sinérgico e coordenado, especialmente aquelas que são acompanhados pelos serviços sociais dos municípios (71,2%) E em 2021? Surgem sinais de recuperação e esperança na economia e no emprego. Os dados dos centros de escuta, coletados nos primeiros oito meses de 2021, também confirmam a saída de muitos novos pobres, 70% que não fazem mais uso dos serviços da Caritas. Restam 29,7% das pessoas que ainda não conseguem sobreviver sem ajuda. Mas os dados tendem a se alinhar com 2019 e talvez até mesmo no centro de escuta o tsunami tenha passado.
A maior incidência de pessoas engolfadas pela espiral da pobreza no último ano, igual a 57,7%, é registrada entre crianças e jovens. O pedido de ajuda de mães sozinhas, muitas vezes impossibilitadas de pagar suas contas e sustentar seus filhos. Também estão aumentando as denúncias de violência e de stalking.
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Pobreza, a longa Covid dos últimos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU