24 Agosto 2021
O Papa Francisco aceitou a renúncia de um bispo espanhol que fez polêmicas declarações a favor da independência da Catalunha.
A reportagem é de Junno Arocho, publicada por Catholic News Service e National Catholic Reporter, 23-08-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O Vaticano anunciou a renúncia do bispo Xavier Novell Gomà, de Solsona, no dia 23 de agosto. Aos 52 anos, dom Novell era um dos mais jovens bispos espanhóis.
O Papa Francisco nomeou dom Romà Casanova, da diocese de Vic, como administrador apostólico da diocese, afirmou o Vaticano.
Em breve declaração, publicada após o anúncio, a Conferência dos Bispos da Espanha afirmou que dom Novell “livremente apresentou” sua renúncia ao papa “por razões estritamente pessoais”, em conformidade ao cânon 401, parágrafo 2 do Código de Direito Canônico.
De acordo com o cânon, um bispo diocesano “que tenha se tornado menos capaz de cumprir seu ofício por causa de problemas de saúde ou outra causa grave, é solicitado com veemência a apresentar sua renúncia ao cargo”.
“Dom Novell tomou a decisão depois de um momento de reflexão, discernimento e oração, ao final do qual apresentou espontaneamente ao Santo Padre sua situação e sua renúncia ao governo pastoral da Diocese de Solsona”, disse a Conferência Episcopal Espanhola.
O bispo espanhol ganhou as manchetes em 2017 por comentários que fez depois que o Parlamento da região da Catalunha votou para declarar unilateralmente a independência da Espanha.
A declaração levou o ex-primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy a invocar um artigo da constituição da Espanha e dissolver o governo da Catalunha.
De acordo com o site de notícias espanhol El Confidencial, dom Gomà escreveu em sua coluna semanal no site diocesano que, se a independência da Catalunha for para referendo, “votarei ‘sim’”.
“Não é justo sermos negados e impedidos de exercer a autodeterminação”, escreveu ele na coluna de outubro de 2017. A autodeterminação, acrescentou, “é um direito inalienável de todas as nações; uma grande maioria social quer exercê-la e foi o primeiro ponto dos programas eleitorais dos partidos políticos que venceram as últimas eleições regionais”.
A declaração do bispo apoiando a independência da Catalunha contradiz diretamente a opinião da maioria dos bispos espanhóis, incluindo o cardeal Antonio Cañizares Llovera, de Valencia.
Em um comentário de novembro de 2017 para o jornal La Razón, de Madrid, o cardeal Cañizares, que foi prefeito da Congregação para o Culto Divino e os Sacramentos de 2008 a 2014, disse que era “moralmente inaceitável” que as nações “reivindicassem a independência unilateralmente por sua própria vontade”.
Em uma outra entrevista, de 26 de novembro, para o La Razón, o cardeal Cañizares disse que estava “magoado” por muitos clérigos catalães terem apoiado a independência, permitindo que caixas de referendo fossem escondidas em suas igrejas. Ele também disse acreditar que o apoio do bispo Novell à independência foi confuso e não confiável.
“Ninguém pode reivindicar uma base religiosa para a secessão”, disse o cardeal espanhol. “O movimento de independência despertou um ódio que não existia, enquanto a Igreja sempre trabalhará pela unidade, convivência e harmonia”.
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Espanha. Papa aceita a renúncia do bispo Xavier Novell Gomà, 52 anos, defensor da independência da Catalunha e contra os gays - Instituto Humanitas Unisinos - IHU