29 Julho 2021
O cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique e Freising, e ex-presidente do episcopado alemão, assegurou que não descarta voltar a apresentar sua renúncia ao Papa Francisco, depois que este lhe escrevera uma carta na qual rechaçou sua solicitação de deixar a arquidiocese bávara que lidera desde fevereiro de 2008.
A reportagem é publicada por ACI Prensa, 27-07-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Segundo informa o CNA Deutsch, agência alemã do grupo ACI, o cardeal se referiu à possibilidade de apresentar sua renúncia novamente, em uma carta que no último 23 de julho foi lida nas igrejas da arquidiocese.
“Não entendo meu serviço como bispo em um cargo que me pertence e que tenho que defender, mas sim como uma missão para o povo desta arquidiocese e um serviço para a unidade da Igreja”, escreveu o purpurado.
“Se já não pudesse realizar este ministério, então seria o tempo – depois de consultar com os organismos diocesanos e também com a comissão avaliadora de abusos e a junta de assessoria das pessoas afetas – de decidir, pelo bem da Igreja, para oferecer minha renúncia ao cargo novamente”.
O cardeal Marx é membro do Conselho de Cardeais que assessora o Papa Francisco e é coordenador do Conselho de Economia do Vaticano. Até o ano passado foi ainda presidente da Conferência Episcopal Alemã.
O cardeal de 67 anos escreveu ao Papa Francisco em maio, oferecendo sua renúncia em meio à crise de abusos sexuais na Alemanha. O Santo Padre rejeitou a renúncia em junho.
Em uma carta a seus fiéis, o cardeal Marx disse que se surpreendeu com a decisão do Papa, mas a aceitou plenamente.
“Depois da carta resposta do Papa Francisco, renovo meu sim a meu ministério como arcebispo de Munique e Freising. Junto com minha equipe e os organismos diocesanos, refletirei sobre o que significa não simplesmente voltar às tarefas usuais, como indiquei previamente em minha declaração”, escreveu.
O cardeal, que foi nomeado arcebispo de Munique em 2007 pelo papa Bento XVI, disse que estava em choque após a crise dos abusos.
“No entanto, desde 2010, o choque por esta coisa terrível que foi perpetrada por funcionários da Igreja, e que nós bispos nem sempre vimos ou não queremos ver o suficiente, foi longe demais para mim”, disse o cardeal em referência ao ano em que estourou o escândalo de abusos sexuais em sua arquidiocese.
“Minha decisão de renunciar ao cargo, foi tomada após cuidadosa consideração, e pretendia ser um sinal de que devo assumir a responsabilidade por tudo isso pessoalmente e como autoridade, incluindo também o que aconteceu no passado, porque como bispo eu sou responsável pela Igreja”, escreveu ele.
Em abril, o cardeal Marx pediu ao presidente Frank-Walter Steinmeier que não lhe concedesse a Cruz de Mérito Federal depois de algumas reivindicações de defensores das vítimas de abuso em relação ao prêmio. O cardeal disse que preferia não recebê-lo para não gerar atenção negativa dos demais premiados.
Peter Bringmann-Henselder, membro do conselho consultivo das vítimas na arquidiocese de Colônia, pediu ao presidente que não concedesse a condecoração, citando o tratamento dado pelo cardeal Marx aos casos quando era bispo de Trier entre 2001 e 2007.
O site da Conferência Episcopal Alemã informou em junho que as ações do cardeal Marx seriam “totalmente investigadas” por uma comissão independente que representa a diocese que é liderada desde 2009 por dom Stephan Ackermann.
Ele também indicou que nos próximos meses o escritório de advocacia de Munique, Westpfahl-Spilker-Wastl, deve divulgar um estudo sobre o tratamento das alegações de abuso na Arquidiocese de Munique e Freising, incluindo os anos de cardeal Marx no cargo.
O cardeal, depois de pedir oração e confiança aos fiéis, disse estar “convencido de que precisamos de reformas. Precisamos de reforma e renovação na e para a Igreja, mas também precisamos de um senso de unidade do povo de Deus, que é visível na diversidade. Vamos percorrer este caminho juntos na arquidiocese”.
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Cardeal Marx não descarta apresentar sua renúncia pela segunda vez - Instituto Humanitas Unisinos - IHU