24 Junho 2021
Já não há mais vacinas contra a Covid-19 no Sul do mundo. E não que os países frágeis tivessem em abundância antes. A certificação de uma situação de grave crise chegou na segunda-feira pela Organização Mundial de Saúde. De acordo com o conselheiro do diretor-geral da OMS, Bruce Aylward, o programa de acesso global das vacinas Covax entregou 90 milhões de doses a 131 países pobres, um número certamente não suficiente para imunizar as populações, especialmente em um momento em que a África se prepara para uma terceira onda de contágios.
A reportagem é de Paolo M. Alfieri, publicada por Avvenire, 23-06-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Pelo menos metade” dos 80 países de baixa renda envolvidos na iniciativa Covax, disse o conselheiro da OMS, “não tem vacinas suficientes para implementar seu próprio programa de imunização”. Um número, disse Aylward, que poderia ser ainda maior. Aylward explicou que alguns desses países tentaram fechar acordos alternativos para resolver a emergência pagando um preço muito mais alto pelas vacinas do que o valor de mercado, com consequências muito graves para suas economias. Ainda em março o objetivo da Covax era entregar 2 bilhões de doses da vacina para países pobres até o final deste ano.
A decisão da Índia - principal produtora de vacinas - de suspender as exportações de medicamentos anti-Covid está entre os fatores que reduziram significativamente a eficácia da iniciativa. Não só isso: a fragilidade dos sistemas de saúde dos países pobres, bem como os problemas relativos à distribuição e à logística, retardaram a imunização. O resultado é que em alguns países pobres milhões de doses da vacina foram destruídas pelas autoridades locais, porque teria sido impossível inoculá-las dentro do prazo de validade. Apenas em alguns casos foram redistribuídas para outros países frágeis.
Na África, denunciou o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa na segunda-feira, foram administradas apenas 40 milhões de doses, o equivalente a menos de 2% da população. Diante desses dados, Ramaphosa informou que seu governo está trabalhando com a Covax para criar um "centro de transferência de tecnologias" para as vacinas anti-Covid em seu país. O objetivo é aumentar sua produção naquele que é o país africano mais atingido pelo vírus. Em geral, na África, os casos de Covid-19 crescem 20% semanalmente em mais de vinte países.
A situação continua difícil, no entanto, também em muitos países da América do Sul e do Sul da Ásia, em particular nos vizinhos da Índia, como Nepal e Sri Lanka, que enfrentam uma séria onda de contaminações. A Casa Branca, por sua vez, anunciou a lista de países nos quais serão distribuídas as restantes 55 milhões de doses da vacina anti-Covid, dos 80 milhões prometidos. Aproximadamente 41 milhões serão concedidas por meio da Covax. No entanto, Washington explicou que não conseguirá cumprir o prazo final de junho, devido a uma série de obstáculos "regulatórios e logísticos".
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OMS: “Nos países pobres já não há mais vacinas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU