Sudão do Sul: emboscada ao bispo Carlassare

O Pe. Christian Carlassare com a sua comunidade em Rumbek. (Foto: Vatican Media)

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27 Abril 2021

 

Quase dois meses após a sua nomeação como bispo de Rumbek, Monsenhor Christian Carlassare, um missionário comboniano, foi atingido por disparos durante a noite. Ele será transportado em breve para tratamento em Nairóbi. Tranquilizando a todos, como verdadeiro pastor, ele pede para rezar e cuidar sobretudo do seu povo.

A reportagem é de Filippo Ivardi Ganapini, publicada por Nigrizia, 26-04-2021.

Christian Carlassare. (Foto: TGCOM24 | Reprodução)

Na noite entre 25 e 26 de abril, trinta minutos depois da meia-noite, duas pessoas armadas e ainda desconhecidas invadiram a casa de Monsenhor Christian Carlassare, missionário comboniano e novo bispo de Rumbek em Sudão do Sul e atiraram em suas pernas.

Mapa do Sudão do Sul, com destaque em Rumbek. (Foto: Britannica)

O padre Christian está fora de perigo e os médicos do CUAMM estão cuidando dele no hospital de Rumbek, mas o bispo perdeu muito sangue e em breve será transferido para a capital Juba e depois para Nairóbi, onde fará uma transfusão. Consciente e com bastante sofrimento, o Padre Christian telefonou diretamente para a família para a informar e disse ao chefe dos Missionários Combonianos em Itália: "Reze não tanto por mim mas pelas pessoas de Rumbek que sofrem mais do que eu".

Palavras de um verdadeiro pastor que dá a vida pelas suas ovelhas, como nos recordava o Evangelho de ontem. Os fiéis de Rumbek, diocese de maioria dinka, uma das etnias mais numerosas do país, acolheram com alegria o Padre Christian com uma cerimônia de boas-vindas no dia 16 de abril.

O Papa Francisco de fato o nomeou bispo em 8 de março e o Padre Christian se tornou, aos 43, o mais jovem bispo italiano do mundo, liderando a jovem Diocese de Rumbek, nascida apenas em 1975 e liderada, antes dele, também pelo “padre de o povo” Cesare Mazzolari, missionário comboniano falecido em julho de 2011, uma semana após a declaração de independência do Sudão do Sul.

Mas provavelmente alguém não gostou que um jovem que vinha de longe e que havia trabalhado quinze anos com outro grupo étnico predominante no país, os Nuer, tivesse sido escolhido justamente para dirigir a Diocese de Rumbek.

Agora se espera uma grande resposta popular não violenta dos fiéis, como um sinal da autenticidade do Evangelho e da unidade da Igreja, demonstrando o apoio e o carinho para com seu pastor com o "cheiro das ovelhas" como o Papa Francisco deseja.

Algumas semanas atrás, o Padre Christian declarou ao Nigrizia seu sonho: “Sonho que os jovens do Sudão do Sul possam realizar os seus sonhos, que não sejam obrigados a pegar em armas ou a deixar o país, que possam estudar e encontrar um trabalho que construa o futuro e dê estabilidade ao país. Eu sonho que as jovens do Sudão do Sul possam se emancipar e não ser totalmente dependentes de seus chefes de família e que possam fazer suas próprias escolhas em liberdade”.

Vendo suas fotos no hospital com a camiseta manchada de sangue, caríssimo Christian, esta manhã me lembrei daquelas de Lele Ramin, mártir comboniano no Brasil em 24 de julho de 1985. Você está vivo e sempre estará, e como dizia Lele: “o semeador lança a semente e não volta atrás”.

Christian Carlassare. (Foto: Nigrizia | Reprodução)

Que essas palavras de Lele deem força a você, à sua família, ao seu povo e a nós, seus irmãos. Nós, do Nigrizia, estamos convosco, confiantes de que a vida que já deu pelo Sudão do Sul continuará a ser sempre dedicada para e com os últimos do mundo, como fizeram Jesus de Nazaré e os profetas que lhe são caros: Daniel Comboni, Oscar Romero e Charles De Foucauld.

 

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