Cardeal Pietro Parolin: “Muitos católicos não entendem que o ensino da Igreja pode ser atualizado”

Foto: Geosensei | Wikimedia Commons

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08 Abril 2021

 

Três dias depois do pregador da casa papal chamar os católicos para repensarem sobre as formas que dividem a Igreja, o secretário de Estado do Vaticano disse que as divisões são reais e são prejudiciais.

A reportagem é de Cindy Wooden, publicada por America, 05-04-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

“Qualquer um que vê a situação da Igreja hoje preocupar-se-ia sobre essas coisas porque elas estão aí”, falou Pietro Parolin, o cardeal secretário de Estado, para uma rádio espanhola, no dia 05 de abril. “Isso faz muitos danos à Igreja”.

O cardeal Raniero Cantalamessa, o pregador da Casa Papal, falou, no dia 02 de abril, sobre as divisões na Igreja, quando ele fez o sermão da Liturgia da Paixão de Cristo.

O cardeal Parolin disse ao COPE que acredita que parte do problema “deriva do fato de que o papa coloca muita ênfase na reforma da Igreja”, mas muitas pessoas não entendem a diferença entre os ensinamentos e práticas que devem permanecer inalterados e aqueles que podem e devem ser atualizados e renovados.

Três dias depois que o pregador da casa papal pediu aos católicos que se arrependessem das formas como estão dividindo a Igreja, o secretário de Estado do Vaticano disse que as divisões são reais e prejudiciais.

“Há um nível que não pode ser mudado, a estrutura da igreja – o depósito da fé, os sacramentos, o ministério apostólico – estes são os elementos estruturais”, disse ele. Mas porque a igreja é composta de pessoas que são propensas ao pecado, “há toda uma vida da igreja que pode ser renovada”.

“Às vezes, essas divisões e oposições nascem da confusão desses níveis”, disse ele. “Não se consegue distinguir entre o que é essencial que não pode mudar e o que não é essencial que deve ser reformado, que pode mudar seguindo o espírito do Evangelho”.

José Luis Restán, diretor editorial do COPE, disse ao cardeal Parolin que não perguntaria sobre o acordo provisório do Vaticano e da China sobre a nomeação de bispos, que foi prorrogado em outubro, mas disse que queria ouvir a impressão do cardeal sobre a vida dos católicos na Igreja da China e “o que está em jogo para a igreja naquele grande e complexo país no futuro”.

O futuro “é a perspectiva a partir da qual devemos olhar para esta questão”, respondeu o purpurado. “Certamente, a Igreja na China é parte fundamental da Igreja Católica, e tudo o que se tentou e se está tentando é para garantir esta comunidade, que ainda é pequena, mas que tem muita força e vitalidade”.

“Tudo o que está sendo feito é para garantir uma vida normal para a Igreja na China”, disse ele, e parte de uma vida normal para qualquer católico é a comunhão com o papa, que o acordo busca assegurar tendo os bispos reconhecidos tanto pelo Vaticano quanto pelo governo comunista da China.

Pelo sofrimento e perseguição que os católicos na China sofreram, eles sempre devem ser respeitados e lembrados, afirmou. Mas sua persistência na fé também deve dar à igreja esperança para o futuro.

“Os passos que foram dados, mesmo que não tenham resolvido todos os problemas que ainda existem e que provavelmente precisarão de muito tempo para serem resolvidos, estão na direção certa para uma reconciliação dentro da igreja por causa deste problema de distinções — é muito dizer de separação” — entre aqueles que aceitam um papel governamental na vida da Igreja e aqueles que não aceitam, disse o cardeal.

 

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