“Com o responsum, o Magistério enterra sua própria autoridade”. Resposta de teólogos alemães sobre a bênção a casais homossexuais

Foto: Mick de Paola | Unsplash

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23 Março 2021

 

Um total de 212 professores e teólogos alemães publicaram uma contundente resposta à proibição da Congregação para a Doutrina da Fé à bênção de casais homossexuais.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 22-03-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

“A ‘nota explicativa’ do responsum e o ‘comentário’ publicado com ela carece de profundidade teológica, compreensão hermenêutica e rigor argumentativo. Se ignoram e não reconhecem os conhecimentos científicos, como ocorre no documento, o Magistério enterra sua própria autoridade”, manifestam os teólogos alemães.

O documento, publicado hoje, denuncia o “gesto paternalista de superioridade” de um texto que “discrimina as pessoas homossexuais e seu estilo de vida”. “Distanciamo-nos rotundamente desta postura”, destaca a declaração que assume “que a vida e o amor dos casais homossexuais não valem menos perante a Deus que a vida e o amor de todos os demais casais”.

“Em muitas comunidades, os padres, diáconos e outros agentes de pastoral reconhecem as pessoas homossexuais, celebrando inclusive ritos de bênçãos para os casais e refletindo sobre as formas litúrgicas adequadas de tais celebrações”, finaliza o texto, que culmina apontando que “reconhecemos expressamente (as bênçãos aos casais homossexuais) como práticas a serem valorizadas”.

Esta é a declaração na íntegra.

Na segunda-feira, 15 de março de 2021, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou um responsum no qual se nega a possibilidade de a Igreja dar bênção às uniões entre pessoas do mesmo sexo. Como professores de teologia católica, posicionamo-nos a respeito.

A ‘nota explicativa’ do responsum e o ‘comentário’ publicado com ela carecem de profundidade teológica, compreensão hermenêutica e rigor argumentativo. Se ignoram e não reconhecem os conhecimentos científicos, como ocorre no documento, o Magistério enterra sua própria autoridade.

O texto se caracteriza por um gesto paternalista de superioridade e discrimina as pessoas homossexuais e seu estilo de vida. Distanciamo-nos rotundamente desta postura. Pelo contrário, assumimos que a vida e o amor dos casais homossexuais não valem menos perante a Deus que a vida e o amor de todos os casais.

Em muitas comunidades, os padres, diáconos e outros agentes de pastoral reconhecem as pessoas homossexuais, celebrando inclusive ritos de bênçãos para casais do mesmo sexo e refletindo sobre as formas litúrgicas adequadas de tais celebrações. As reconhecemos expressamente como práticas a serem valorizadas.

 

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