19 Fevereiro 2021
Desenvolver uma vacina contra o covid-19 em apenas nove meses, com uma abordagem, a mRna, nunca usada antes? É apenas uma das muitas inovações possibilitadas pela Deep Tech, uma série de tecnologias realizadas principalmente por startups e scale-ups e que, segundo relatório do BCG, conduzirão à próxima grande transformação tecnológica, a primeira desde o advento da internet e a quarta da história. A “quarta onda” de inovação angariou investimentos de mais de 60 bilhões em 2020, cifra destinada a triplicar até 2025, explica o relatório “Deep Tech: the great wave of innovation”: segundo o estudo, a dimensão inovadora dessas novas tecnologias poderiam até mesmo superar a da Rede nos anos 1990.
A reportagem é de Chiara Merico, publicada por Business Insider, 18-02-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Um potencial enorme, que os investidores começaram a reconhecer: apesar dos riscos tecnológicos inerentes, considerados riscos de fracasso, o estudo constatou um aumento maciço dos investimentos, que passaram de 20 a 52 bilhões de dólares entre 2016 e 2019, com um aumento correspondente nos montantes por investimento de 360 mil a 2 milhões de dólares. Os investimentos privados em Deep Tech também aumentaram entre 2016 e 2019, de US $ 0,8 bilhão para US $ 3,9 bilhões, elevando o número de negócios de 19 para 47. Segundo estimativas do BCG, os investimentos nessa tecnologia inovadora ultrapassaram US $ 60 bilhões em 2020 e poderiam triplicar, chegando a cerca de US $ 200 bilhões até 2025 se também o modelo de investidor se readaptar ao contexto tecnológico.
Mas o que caracteriza as empresas Deep Tech? De acordo com o relatório, os elementos distintivos dessas realidades são:
– A orientação para o problema, não para a tecnologia: 96% delas usam pelo menos duas tecnologias e 66% mais de uma tecnologia avançada;
– O foco da inovação é deslocado para mundo físico: essas empresas desenvolvem principalmente produtos físicos, não software, e 83% delas estão desenvolvendo um produto com um componente de hardware;
– Um ecossistema de atores profundamente interconectado.
Um exemplo concreto do potencial inovador da DeepTech é o “Nature Co-design”, um novo paradigma industrial que atua sobre os processos naturais para produzir diretamente as matérias-primas de que a indústria necessita, ao invés de extraí-las do meio ambiente. A aplicação mais conhecida dessa metodologia foi a base para o desenvolvimento das vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna contra o covid-19.
Nesse caso, a abordagem usada para produzir a vacina foi radicalmente nova: em vez de inocular uma versão neutralizada do vírus para desencadear uma resposta imunológica no paciente, são injetadas instruções para reconhecer a parte do vírus que desencadeia essa resposta imunológica, deixando para as células a tarefa de sua produção. São, portanto, as células humanas que cuidam da última etapa da fabricação da vacina.
Estas vacinas são exemplos perfeitos de “Nature Co-design”, uma nova forma de projetar e produzir que está em vias de mudar profundamente as nossas indústrias, a nossa relação com a natureza e que, segundo o estudo realizado pelo BCG, pode ter impacto de 40% sobre o PIB global.
Outros exemplos de aplicação das tecnologias Deep Tech são os plásticos produzidos por bactérias, ou a carne cultivada em laboratório, ou ainda o material de construção produzido por microrganismos que poderá substituir o cimento tradicional. Todas tecnologias com grande potencial econômico e baixo impacto ambiental.
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Vacinas Pfizer e Moderna? Mérito da Deep Tech, a nova grande onda de inovação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU