13 Fevereiro 2021
“Só a partir da desmontagem e aniquilação desta gigantesca máquina do crescimento oligárquico poderemos iniciar o libertador decrescimento feliz”, escreve Julio García Camarero, doutor em Geografia pela Universidade de Valência, em artigo publicado por Rebelión, 12-02-2021. A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.
O decrescimento não é uma teoria, nem uma escolha possível. É um fenômeno degradante e suicida da biosfera, gerado pelo crescimento oligárquico, crescimento do 1% que origina um decrescimento infeliz sobre os 99%, e o realiza a partir de duas doenças mentais suicidas e pandêmicas: a obsessão pela acumulação e a mania de hegemonia.
Estas duas doenças estão espoliando e extraindo todos os recursos planetários: as energias não renováveis (energias fósseis, matérias minerais, etc.) e as renováveis (o solo vivo carregado de microfauna e nutrientes naturais). Estão fazendo decrescer vertiginosamente os recursos do planeta.
Atualmente, já estamos decrescendo. Uma demonstração disso são: o pico do petróleo, a desertificação subsaariana (que está provocando uma intensa migração climática que termina em uma enorme quantidade de mortes nos botes que atravessam o Mediterrâneo), a salinização em massa da água doce das calotas polares, a contaminação de solos, água e ar, etc.
Tudo isto dará lugar a um multicolapso, que será energético, econômico, social, do trabalho, cultural, sanitário, de subsistência, etc.
Nesse contexto, o decrescimento pode seguir dois rumos opostos: um decrescimento infeliz ou um decrescimento feliz.
a) O decrescimento infeliz
Consiste em que a elite do decrescimento oligárquico, ao ver e compreender que os recursos planetários começam a ser muito limitados, empreendam, para reservar para eles estes escassos recursos, algumas ações atrozes como a necropolítica e o ecofascismo, que serão geradoras de extermínio em massa e global de milhares de milhões de humanos.
Isto já está sendo praticado por Bolsonaro, ao incendiar as moradias naturais das populações indígenas da floresta amazônica, e com o seu negacionismo da pandemia de covid-19.
Outra necropolítica a ser destacada, entre muitas outras, pode ser a construção do muro fronteiriço gringo-mexicano que condena à fome milhões de latino-americanos.
b) O decrescimento feliz
Para evitar o mencionado decrescimento infeliz, nós, os 99%, teremos que conseguir perceber que a única saída deste multicolapso, que já começamos a sofrer (pandemias e grandes migrações, fome, aquecimento global, etc.), é optar pela substituição deste decrescimento infeliz por um decrescimento feliz, baseado no desaparecimento do crescimento oligárquico, mediante a greve de consumismo, pois o suicida crescimento oligárquico morre, caso não venda coisas absurdas e inúteis (pseudonecessidades), e também baseado na austeridade global digna e saudável, no apoio mútuo, no localismo emancipador e no ruralismo.
Mas este decrescimento feliz nunca poderá acontecer enquanto persistir o crescimento oligárquico extrativo e exterminador. Sendo assim, a primeira coisa a ser feita, segundo o que já foi dito, é uma greve de consumismo e de trabalho indefinida, sobretudo de consumismo, pois o crescimento oligárquico morrerá por asfixia se deixa de vender pseudonecessidades e coisas inúteis que inundam tudo com mercadorias efêmeras, conforme as que são obtidas com a obsolescência programada.
Só a partir da desmontagem e aniquilação desta gigantesca máquina do crescimento oligárquico poderemos iniciar o libertador decrescimento feliz.
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O decrescimento não é uma escolha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU