13 Janeiro 2021
Um presidente dos EUA em exercício incitou uma tentativa de insurreição na qual pessoas morreram. Isso exige uma resposta imediata no sentido da sua remoção do cargo. Temos uma obrigação moral de apoiar o impeachment do presidente Donald Trump.
Publicamos aqui o editorial do jornal National Catholic Reporter, 11-01-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nas primeiras horas da noite de quarta-feira passada, quando o Congresso se reuniu novamente após os insurrecionistas terem sido expulsos do edifício do Capitólio, o senador Mitt Romney falou a seus colegas de Senado.
“Nós nos reunimos hoje devido ao orgulho ferido de um homem egoísta e à indignação de seus apoiadores, a quem ele deliberadamente desinformou nos últimos dois meses e incitou à ação nesta manhã”, disse Romney. “O que aconteceu aqui hoje foi uma insurreição, incitada pelo presidente dos Estados Unidos.”
Um presidente dos EUA em exercício incitou uma tentativa de insurreição na qual pessoas morreram. Isso exige uma resposta imediata no sentido da sua remoção do cargo. Temos uma obrigação moral de apoiar o impeachment do presidente Donald Trump.
Estigmatizar o apelo de Trump a reverter uma eleição é o primeiro passo no caminho do acerto de contas moral que deve envolver a nação. Se convocar uma insurreição contra os EUA não é uma ofensa passível de impeachment, nada o é. O ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger corretamente chamou os eventos da semana passada de “Noite dos Cristais dos EUA”.
O fato de alguns republicanos estarem finalmente agindo como estadunidenses, em primeiro lugar, e partidários, em segundo, convida o Congresso a agir enquanto há tempo. Uma votação nominal também exporá perante a história quem está disposto ou não a colocar o país acima do culto.
O ataque ao Capitólio teve como premissa uma mentira, uma mentira que foi repetida pelo presidente e pelos seus apoiadores. A violência é sempre errada, mas a violência “a serviço de uma falsidade” é pior, como escreveu o cardeal Blase Cupich, de Chicago, em sua declaração no dia do ataque.
O boato sobre fraude eleitoral era flagrantemente falso. Mais de 50 tribunais, muitos liderados por juízes nomeados por Trump, rejeitaram todas as contestações legais ao resultado da eleição por falta de provas. Essa “delgada folha de figueira” não existe mais, e a votação de um impeachment jogará ainda mais luz sobre a mentira. Isso ajudará a pôr um fim aos esforços para questionar a legitimidade da eleição de Joe Biden.
Apoiamos o impeachment do presidente porque não pode haver um verdadeiro começo para curar a nossa nação a menos que reconheçamos o quanto Trump prejudicou a nossa democracia. O povo estadunidense, em sua sabedoria, votou pela sua saída do cargo, para que suas políticas repugnantes pudessem ser mudadas. O impeachment tem a ver com outra coisa: as ações do presidente para tentar reverter a eleição legal de novembro e para minar a nossa democracia, incitando a violência.
Alguns de nós estavam preocupados com isso o tempo todo; outros só viram a luz depois que os manifestantes quebraram as portas físicas do Capitólio e as portas metafóricas da democracia. Aqueles que alegaram durante todo o ano que eram “pró-polícia” e “pró-Trump” devem fazer uma escolha e explicá-la à família enlutada do policial Brian Sicknick, cujo crânio foi golpeado com um extintor de incêndio pelos insurrecionistas.
No último fim de semana, à medida que mais vídeos do ataque surgiam, nossa repulsa cresceu. É muito cedo para seguir em frente sem o necessário trabalho de nomear e retificar o que deu errado. Se os republicanos querem “unidade”, eles podem se unir em torno dos artigos de impeachment apresentados na Câmara nesta terça-feira.
O impeachment é o melhor profilático contra o ressurgimento do trumpismo – ou de alguém como Trump. É a melhor forma de começar um acerto de contas nacional com o flerte da nossa nação com o fascismo.
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Após tentativa de golpe, impeachment de Trump é uma obrigação moral. Editorial do jornal National Catholic Reporter - Instituto Humanitas Unisinos - IHU