15 Dezembro 2020
Desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, o investimento em soluções de baixo carbono se acelerou. Essas novas abordagens crescerão rapidamente nos próximos 10 anos, tornando-se competitivas mesmo em setores de difícil descarbonização e responsáveis por 70% das emissões globais – o transporte rodoviário pesado, a indústria pesada e a agricultura. A transição para uma economia de carbono zero poderia gerar cerca de 35 milhões de empregos.
A reportagem é de Cinthia Leone, publicada por ClimaInfo, 14-12-2020.
Essas são algumas das informações do relatório The Paris Effect: como o acordo climático está reformatando a economia global, elaborado pela consultoria global SYSTEMIQ. O documento é o primeiro a avaliar o ritmo e a escala das mudanças impulsionadas pelo Acordo de Paris e sintetiza as principais pesquisas e análises existentes sobre tendências econômicas, sociais e políticas dos últimos 5 anos.
O estudo mostra que se por um lado as emissões de gases de efeito estufa e as temperaturas globais continuam a aumentar, o progresso da transição de baixo carbono em todos os setores da economia está acelerando. Soluções mais limpas e mais ecológicas para a indústria pesada, incluindo transporte marítimo e aviação, se tornarão cada vez mais competitivas em comparação com as tecnologias dominantes atuais.
A rápida queda dos custos da energia solar e eólica já as tornaram melhores apostas do que os combustíveis fósseis em múltiplos mercados. O investimento em carvão novo fora da China está caindo rapidamente. E a realidade sobre o pico da demanda por petróleo já ter passado está se refletindo na queda de valor das maiores petrolíferas, indica o documento.
O Efeito Paris faz um importante prognóstico para o setor automotivo: novos carros movidos a diesel e gasolina provavelmente serão relegados a mercados obsoletos ou de nicho até 2030. Ao mesmo tempo, o ritmo de desenvolvimento de veículos elétricos tem repetidamente confundido as projeções. Segundo o texto, em 2016, os analistas do setor previam que os carros a combustão interna ainda responderiam por 60% dos carros vendidos nos anos 2050. “Hoje, é difícil imaginá-los capturando qualquer coisa além de uma minoria cada vez menor de vendas até os anos 2030”, afirma um trecho do relatório, que prevê que em 2024 os veículos elétricos já terão superado os modelos tradicionais no custo e em outros critérios de compra, como despesas com manutenção.
“Sabemos que uma ação inadequada se traduz em um risco climático maciço e oneroso. O que o relatório deixa claro é que o risco climático também coloca as economias em risco de ficar para trás na próxima onda de criação de prosperidade”, afirma Nicholas Stern, professor de Economia e Governo da London School of Economics. “Essa onda já está ganhando ritmo e se tornará uma força dominante no crescimento e na transformação ao longo desta década. Os sábios formuladores de políticas e investidores buscarão as oportunidades, empregos e resiliência que só podem ser proporcionadas hoje por uma economia net-zero”, diz Stern, que também é presidente do Grantham Research Institute on Climate Change and the Environment na mesma instituição.
Para Jeremy Oppenheim, Sócio Fundador da SYSTEMIQ, o relatório mostra que o Acordo de Paris criou uma estrutura unificadora para a ação climática. “Com o suporte político correto, as tecnologias e modelos comerciais de carbono zero podem superar as antigas indústrias intensivas em carbono em múltiplos setores até 2030”, diz. “Países, empresas, investidores e cidades inteligentes sabem que o equilíbrio do risco mudou. Eles querem estar à frente da curva, beneficiando-se das novas oportunidades de emprego, saúde e criação de valor, e não se verem deixados para trás”.
“É evidente que a meta global de longo prazo de Paris – emissão líquida zero de GEE até meados do século – é agora o ponto de referência para governos e atores financeiros”, conclui Laurence Tubiana, CEO da Fundação Europeia do Clima e arquiteta do Acordo de Paris. “Os líderes mundiais iniciaram uma jornada em 2015, e agora é o momento de acelerar. Sabemos que as temperaturas e emissões globais estão aumentando, mas esta nova avaliação nos dá esperança de que o Acordo de Paris está funcionando.”
O conceito de net-zero foi apresentado pela primeira vez na ONU em 2014, e poucos países o incluíram em sua apresentação na ONU, em Paris, entre eles Etiópia, Libéria, Ilhas Marshall e Serra Leoa.
Isso mudou radicalmente nos últimos 5 anos, com os governos acelerando políticas e leis com esse objetivo. Aqui estão alguns exemplos que podem ser explorados em seu texto:
• Países, cidades, regiões e empresas responsáveis por mais de 50% do PIB do planeta agora têm metas líquidas zero;
• 121 países estão implementando ou trabalhando em planos para metas líquidas zero;
• Mais de 1500 empresas no valor de US﹩12,5 trilhões têm metas líquidas zero;
• Os proprietários de ativos avaliados em US﹩1,5 trilhão estão visando o alinhamento da carteira para a meta de 1,5C;
• O setor de navegação tem 66 projetos-piloto de emissão zero;
• 200 aviões elétricos estão agora em desenvolvimento: voos comerciais elétricos estão previstos para meados da década de 2020
• Projetos-piloto em aço de baixo carbono estão em curso na China, Suécia, Suíça, Holanda e União Europeia.
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Relatório mostra avanço global nos últimos cinco anos rumo à descarbonização - Instituto Humanitas Unisinos - IHU