01 Setembro 2020
Os documentos em questão receberam o número de arquivo “Dev. V. 1950 n. 4” e não foram fornecidos pela Congregação para a Doutrina da Fé na abertura do processo de beatificação de Kentenich, em 1975.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 30-08-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Os documentos sobre a visita apostólica à Obra de Schoenstatt, divulgados em julho, não haviam feito parte do processo de beatificação de José Kentenich até agora. É o que escreve o historiador da Igreja de Vallendar, Joachim Schmiedl, no “Herder Korrespondenz” (edição de setembro).
De acordo com ele, os autos das denúncias de abusos espirituais e também de um caso de violência sexual ainda não eram conhecidos. Os documentos da época do papa Pio XII (1939-1958) foram abertos apenas no último mês de março. Segundo Schmiedl, os documentos em questão receberam o número de arquivo “Dev. V. 1950 n. 4” e não foram fornecidos pela Congregação para a Doutrina da Fé para a abertura do processo de beatificação de Kentenich em 1975. No entanto, as acusações contidas nele foram mencionadas em documentos escritos pelo próprio Kentenich.
Além disso, pouco se sabe sobre o curso da visita do padre jesuíta Sebastián Tromp: “O ‘Mistério do Santo Ofício’ continua a vigorar até hoje”, disse Schmiedl. O decreto com o qual Tromp ordenou a separação de Kentenich de Schoenstatt e sua saída para os EUA não continha nenhuma justificativa ou acusação. Isso teria correspondido à prática do cargo anterior da Congregação para a Doutrina da Fé: “Foram tomadas providências sem informar devidamente as partes envolvidas (o acusado e seus superiores eclesiásticos) ”, explicou o historiador da Igreja.
A divulgação dos Arquivos do Vaticano é baseada nos pontificados. Portanto, o curso posterior do caso Kentenich após a morte de Pio XII em 1959 não pode ser rastreado através dos registros acessíveis ao público hoje. Segundo Schmiedl, Schoenstatt não teve acesso aos documentos encontrados pela historiadora da igreja, Alexandra von Teuffenbach. Em cooperação com a diocese de Trier, responsável pelo processo de beatificação, as indicações já foram feitas. No entanto, o historiador da Igreja, que por sua vez é membro do Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt, se opõe ao “trabalho urgente da mídia” em vista da abundância de “material já coletado para o processo de beatificação e o novo material para acrescentar”. Em julho, Teuffenbach tornou pública sua avaliação das descobertas arquivísticas em um artigo no ‘Tagespost’, iniciando assim um debate sobre a reavaliação da Obra da Vida de Kentenich.
Em uma primeira reação, a Presidência Geral da Obra de Schoenstatt rejeitou as acusações e as qualificou de há muito conhecidas. Em particular, as acusações para a abertura do processo de beatificação foram reexaminadas. A subsequente declaração de não objeção (‘Nihil obstat’) mostra que as acusações são invalidadas.
Em um segundo comunicado, o movimento anunciou um processo transparente para todas as denúncias. Além disso, a diocese de Trier anunciou que seria criada uma nova comissão de historiadores, depois de uma primeira já ter concluído seus trabalhos em 2007, não tendo a parte diocesana do processo de beatificação sido concluída desde então. Além da questão na qual se baseou o dossiê nihil obstat para o início do processo de beatificação, as circunstâncias do retorno de Kentenich dos Estados Unidos após a separação de seu cargo diocesano ordenado ainda não são claras.
Entretanto, sabe-se que não houve decreto formal de reabilitação. Elementos conhecidos de uma troca de cartas entre o cardeal Joseph Ratzinger e o Reitor Geral dos Palotinos, a quem Kentenich pertencia anteriormente, sugerem que a Congregação para a Doutrina da Fé não mudou sua avaliação de Kentenich.
Por outro lado, em uma circular interna, Schoenstatt se referia a uma carta do então bispo de Münster, Joseph Höffner, segundo a qual a Santa Sé havia levantado as regulamentações restritivas contra Kentenich.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
As acusações de abusos contra Kentenich não fizeram parte de seu processo de beatificação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU