17 Fevereiro 2019
Faculdades católicas de teologia da Alemanha acusaram a Igreja de restringir sua liberdade e advertiram que a "credibilidade científica" da teologia pode ser prejudicada por reforço de métodos e normas.
A reportagem é de Jonathan Luxmoore, publicada por The Tablet, 13-02-2019. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Um grupo de faculdades católicas de teologia da Alemanha declarou, em um comunicado, que a credibilidade da teologia depende da promoção da "interação do Evangelho com questões contemporâneas", em diálogo com outras filosofias, bem como da liberdade científica, que "não deve ser vista como um perigo".
Os teólogos disseram que sentiam que o Papa Francisco havia encorajado essas ideias no preâmbulo da Constituição Apostólica "Veritatis Gaudium", publicada em janeiro de 2018, que entrou em vigor no ano letivo de 2018/2019, atualizando orientações anteriores de 1979. Segundo eles, o prefácio de seis pontos ao texto de 23.000 palavras reafirmou a importância das universidades e faculdades eclesiásticas "nestes tempos exigentes e agitados”, pedindo "formas de apresentar a religião cristã que pudessem ter um profundo compromisso com diferentes sistemas culturais".
Ao prefácio seguiam-se 94 artigos das normas gerais e especiais para a teologia e 70 novas normas para a aplicação prática de "Veritatis Gaudium", que os teólogos consideraram restritivas.
Segundo eles, "essas normas apresentam a imagem ultrapassada de uma teologia estritamente controlada, com base unicamente em uma cultura de obediência por meio de uma abordagem muito bem costurada de regras e regulamentos".
Na declaração, as faculdades de teologia disseram que havia "uma tensão mal resolvida" entre as formulações do preâmbulo e as "normas concretizadas" no texto principal, "cujo conteúdo e aplicação contrastam fortemente com a visão da tarefa da teologia um motor de mudança".
Como exemplo, eles citaram as "regras restritivas" do documento presentes nos artigos 38 e 73, para a concessão de um "nihil obstat" (licença de ensino) para os teólogos universitários pela Igreja, bem como requisitos contínuos para exercer a profissão religiosa com "deferência ao Magistério da Igreja", instituído no final dos anos 90.
Segundo a declaração, a maior responsabilidade do ensino da teologia deve ser das "estruturas das igrejas locais", em consonância com os princípios da subsidiariedade e da colegialidade, bem como as disposições de liberdade de expressão da Constituição da Alemanha.
"Nos consideramos comprometidos com o caminho percorrido nas regiões de língua alemã: conduzir a teologia, responder questões contemporâneas na língua atual”, dizia a declaração.
Em uma entrevista do dia 11 de fevereiro ao Catholic News Service, o reitor das faculdades e padre de Schönstatt Joachim Schmiedl disse que um dos principais problemas da Alemanha é a autoridade do Vaticano de conferir títulos e graus canônicos a faculdades de teologia que fazem parte do sistema universitário nacional.
Para ele, os procedimentos haviam sido definidos em 2011, mas funcionários do Vaticano e alguns bispos alemães demonstraram uma crescente tendência para a oposição a nomeações teológicas, principalmente candidatas do sexo feminino.
"Sentimos que o Papa nos incentivou a discutir questões como o diaconato feminino, mas os departamentos do Vaticano têm tentado evitar essas discussões publicamente", disse o padre Schmiedl.
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Teólogos alemães dizem que as restrições da Igreja ameaçam a sua credibilidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU