16 Fevereiro 2018
Na Alemanha, existem atualmente 19 faculdades católicas de teologia. Recentemente, circulou o boato de que o Vaticano queria reduzi-las para quatro ou cinco. Mas o boato foi desmentido de forma decisiva pelo subsecretário da Congregação para a Educação Católica, Friedrich Bechina, em uma entrevista ao sítio Katholisch.de, realizada por Thomas Jansen e publicada no dia 29 de janeiro, coincidindo com a publicação da constituição apostólica Veritatis gaudium, do Papa Francisco, sobre as universidades e faculdades eclesiásticas.
O diálogo foi reproduzido por Settimana News, 04-02-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Mons. Bechina, no fim de semana passado, surgiu o rumor de que a Congregação para a Educação Católica quer reduzir drasticamente o número de faculdades católicas de teologia na Alemanha. Por que motivo?
É uma notícia falsa. A Congregação para a Educação Católica do Vaticano não se expressou de modo algum sobre o número futuro de faculdades teológicas católicas na Alemanha. Nas negociações com a Conferência Episcopal Alemã e os parceiros da Concordata, sempre nos preocupamos em conservar as sedes das faculdades teológicas católicas. De nossa parte, não se pensou, de modo algum, em uma redução. Porém, queremos que seja fortalecido o perfil das faculdades e acelerada a especialização. Os respectivos pontos fortes das faculdades devem ser ainda mais potencializados, mas nem todas as faculdades devem cobrir todas as disciplinas na mesma medida. Isso também foi recomendado pelo Conselho Científico.
Portanto, todas as faculdades teológicas serão preservadas?
Esse problema não depende, naturalmente, apenas dos nossos desejos, mas também se conseguirmos transmitir credivelmente o significado das faculdades teológicas para a universidade e a sociedade. Existe um acordo entre a Congregação para a Educação e a Fakulktätentag (Assembleia das Faculdades) de não reduzir as faculdades, mas de desenvolvê-las e moldá-las ainda mais. Essa convicção é compartilhada também pela Conferência Episcopal e, pelo menos, em princípio, também pelos governos regionais alemães interessados. No entanto, não podemos decidir sozinhos o problema das sedes. Isso só é possível através do diálogo com os parceiros da Concordata – isto é, com as regiões que financiam grande parte das sedes. No caso de faculdades puramente eclesiásticas, nossos primeiros interlocutores são os bispos e a Conferência Episcopal Alemã.
No Vaticano, foi apresentada uma nova constituição apostólica, isto é, uma nova normativa do papa sobre os institutos de estudos eclesiásticos. Que repercussões ela tem sobre as faculdades teológicas católicas?
Por trás da constituição apostólica Veritatis gaudium, há a intenção de conferir à teologia na universidade, na sociedade e na Igreja uma voz perceptível e relevante, e de fortalecê-la ainda mais. O documento, portanto, faz três pedidos à teologia universitária. Primeiro: deve proclamar o Evangelho no mundo de hoje, e isso significa promover um diálogo ainda maior especialmente no grande público, na sociedade e também na própria universidade. Segundo: a teologia deve trabalhar ainda mais de modo interdisciplinar e transdisciplinar, e superar a autorreferencialidade. E terceiro: as diversas faculdades e escolas superiores devem colaborar mais estreitamente entre si.
Que consequências a nova normativa vaticana tem sobre as escolas superiores para a Alemanha?
O texto é um documento político voltado a encorajar as faculdades a encontrarem novas respostas aos desafios do nosso tempo. Contudo, ele não contém – no que diz respeito a normas concretas – nada de revolucionário. A grande flexibilidade da legislação da Igreja a respeito dos estudos permanece e será ainda mais reforçada. As conferências nacionais dos bispos devem ter uma maior margem de ação no futuro. Na Alemanha, em virtude das relações Igreja-Estado, esta já é, em grande parte, uma prática comum.
Há mudanças nas nomeações dos professores para as faculdades eclesiásticas católicas nas universidades? Por exemplo, sobre a relação numérica entre sacerdotes e leigos nas faculdades?
É preciso designar os candidatos para as cátedras disponíveis e que possuam a necessária qualificação. Isso também é dito pelas faculdades teológicas: é um valor se, em uma faculdade, estão representados tanto os sacerdotes quanto os leigos, de modo a obter uma certa variedade e um caráter dialógico. Uma faculdade teológica totalmente sem professores sacerdotes seria, na minha opinião, um grande empobrecimento e dificilmente alcançaria plenamente seu propósito.
Mudará alguma coisa nas nomeações?
Naturalmente, é preciso olhar com grande realismo para como está a situação das demandas de contratação e o que é exigido. Mas eu acho que, no futuro, nos concursos, será preciso dar maior valor ao fato de se os professores são capazes de gerir a sua matéria de modo dialógico e se têm a capacidade de trabalhar de modo interdisciplinar e em rede.
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Alemanha: a situação presente e futura das faculdades católicas de teologia. Entrevista com Friedrich Bechina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU