20 Novembro 2018
Padre Ansgar Wucherpfennig espera que os ensinamentos da Igreja sobre os homossexuais e sobre o papel das mulheres se desenvolvam e se tornem mais abertos.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por La Croix International, 19-11-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
O Vaticano reverteu a decisão tomada no início deste ano e confirmou que o teólogo jesuíta que fez declarações positivas em relação aos homossexuais e a ordenação de mulheres diaconisas poderá começar o terceiro mandato como reitor de uma prestigiada universidade na Alemanha.
O padre Arturo Sosa, Superior Geral da Companhia de Jesus, anunciou em 15 de novembro que o padre Ansgar Wucherpfennig havia sido restituído "com efeito imediato" como reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia Sankt Georgen, administrada pelos jesuítas em Frankfurt. O padre Sosa é grão-chanceler da Escola.
A decisão resolve um impasse que se prolonga desde junho quando a Congregação para a Educação Católica informou pessoalmente o Superior Geral Jesuíta de que não renovaria a confirmatio (aprovação canônica) do padre Wucherpfennig.
A resolução foi tornada pública em outubro, provocando protestos entre teólogos e alguns bispos na Alemanha.
Contudo, a Congregação aparentemente reconsiderou o juízo nas últimas semanas depois que o padre Wucherpfennig prometeu defender o ensinamento da Igreja.
Numa declaração ao padre Sosa, o reitor de 52 anos de idade se comprometeu, enquanto religioso e sacerdote, a defender o autêntico Magistério. Padre Wucherpfennig prometeu apresentar o ensinamento da Igreja "completa e exaustivamente", bem como deixar claro no futuro quando a críticas ao ensino forem de sua opinião pessoal.
O padre disse que, como cristão e teólogo, espera que os ensinamentos da Igreja sobre os homossexuais e em relação ao papel das mulheres se desenvolvam e se tornem mais abertos.
Padre Sosa disse que transmitiu a declaração de Wucherpfennig à Congregação para a Educação Católica e acrescentou que o reitor publicaria os resultados de suas pesquisas sobre as duas questões "em continuidade leal e criativa com a doutrina da Igreja".
O bispo Georg Bätzing, da Diocese de Limburg, onde a Universidade de Sankt Georgen está localizada e apoiador de Wucherpfennig, disse que está muito aliviado pela resolução.
"Assim como muitos outros, eu esperava esta decisão (por parte do Vaticano)", disse o bispo em declaração dirigida à Faculdade de Filosofia e Teologia Sankt Georgen.
O padre Johannes Siebner, o Superior Provincial Jesuíta na Alemanha, também fez expressou esses sentimentos.
"Estou profundamente grato pelo amplo apoio que o padre Wucherpfennig e a Faculdade Sankt Georgen têm recebido nas últimas semanas", afirmou Siebner em declaração que a publicada no sítio da instituição, juntamente com uma foto do provincial orgulhosamente exibindo a confirmatio de Roma.
Provincial Jesuíta na Alemanha, Johannes Siebner, segurando a confirmatio que permite o padre Wucherpfennig exercer o cargo de reitor (Foto: Jesuiten /Reprodução Twitter)
"Roma obviamente demonstrou discernimento e reagiu positivamente às muitas referências do caráter incontestável do padre Wucherpfennig", disse Peter Lückemeier, presidente da associação "Amigos de Sankt Georgen".
A associação, que foi fundada em 1972 e conta com cerca de 450 membros, ajuda a financiar projetos da Faculdade de Sankt Georgen.
Padre Wucherpfennig foi perguntado se ele foi forçado a se retratar para ser restabelecido em seu posto.
"Não, eu não voltei atrás em nada", disse ele no dia 17 de novembro em uma longa entrevista para o site oficial da Igreja alemã katholische.de.
"Fiz uma declaração dirigida ao Superior Geral Jesuíta, padre Arturo Sosa, que então a transmitiu ao Vaticano", disse .
"Declarei que levo em consideração o ensinamento da Igreja em minhas aulas sobre a questão do diaconato para as mulheres e do julgamento moral da homossexualidade, e o transmito de forma justa e correta, mas também coloco meus próprios questionamentos sobre os dois temas e os discuto com meus alunos", disse ele.
"Além disso, como cristão e acadêmico, expressei minha esperança de que o ensinamento da Igreja em ambos pontos mudaria e se desenvolveria. Isso, na minha opinião, não é voltar atrás. Quando se trata de ciência primeiro se apresentam as opiniões para depois as questionar ou criticar", explicou o reitor.
Ele disse que o padre Sosa lhe pediu para fazer mais pesquisas sobre os dois temas e para desenvolver "em lealdade criativa" o ensinamento da Igreja. O reitor disse que acredita que a homossexualidade esteja ligada ao assunto de "identidade e sexualidade", uma questão que ele vai lecionar durante o próximo mandato.
Padre Wucherpfennig disse que planeja continuar pesquisando sobre a exegese histórico-crítica das cartas de São Paulo e, possivelmente, escrever um livro sobre as mulheres diaconisas.
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Vaticano muda de ideia e restitui reitor jesuíta na Faculdade de Teologia de Frankfurt - Instituto Humanitas Unisinos - IHU