12 Outubro 2018
Por conta de alguns comentários sobre homossexualidade e o diaconato feminino, um jesuíta alemão ainda não recebeu as permissões necessárias para iniciar seu mandato como reitor de uma escola de pós-graduação em teologia na cidade de Frankfurt.
A reportagem é de Emma Winters, publicada por America, 10-10-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Ansgar Wucherpfennig, SJ, iria iniciar seu terceiro mandato como reitor da Escola de Filosofia e Teologia Sankt Georgen neste outono. O grande impasse para tal foi não ter recebido a nihil obstat, declaração formal de que não há nada censurável sobre um candidato por parte da Congregação do Vaticano para a Educação Católica.
Em entrevista no ano de 2016, o padre Wucherpfennig disse que considerava tais referências à homossexualidade na Bíblia como "frases muitas vezes incompreendidas".
Essa declaração foi feita em resposta às afirmações do entrevistador Thomas Remlein dizendo que o padre Wucherpfennig abençoou casais gays. Remlein também questionou por que a Igreja tem atitudes negativas em relação a comunidade LGBT.
Wucherpfennig respondeu que o diaconato feminino não seria suficiente para lidar com a escassez de vocações sacerdotais e afirmou ter "sérias dúvidas" sobre o fato de que apenas homens poderiam servir como confessores.
Comentando sobre a situação aos jornais da Igreja das dioceses de Limburg, Mainz e Fulda no dia 9 de outubro de 2018, Wucherpfenning diz que "considero minha opinião sobre a homossexualidade e a bênção de casais do mesmo sexo dentro dos limites da doutrina católica".
O jesuíta se recusou a voltar atrás em suas declarações. "Eu não quero ser reitor nessas circunstâncias", disse ele na sua declaração.
Enquanto Wucherpfennig ainda não recebeu a aprovação do Vaticano, seu provincial, Johannes Siebner, SJ, e o padre Johannes zu Eltz, superior dps jesuítas em Frankfurt expressaram seu apoio ao padre.
"Não há a menor dúvida sobre a capacidade e preparação teológica do padre Wucherpfennig, sua lealdade à Igreja, e portanto, sua adequação para o cargo de reitor", disse o padre Siebner ao jornal alemão Kölner Stadt-Anzeiger.
"Ansgar Wucherpfennig é um padre bem conceituado e um acadêmico incorruptível", disse o padre Eltz.
Quanto ao nihil obstat não concedido ao padre Wucherpfennig, Eltz se referiu como uma “punição injustificada”, em entrevista ao Kölner Stadt-Anzeiger.
O padre Wucherpfennig foi aprovado para uma renovação de seu cargo pelas autoridades locais em fevereiro de 2018, e seu superior geral enviou uma solicitação do nihil obstat no mês seguinte. A Congregação para a Educação Católica respondeu em junho com preocupações sobre a entrevista do padre Wucherpfennig de 2016.
Como o padre Siebner explicou em uma entrevista recente, Wucherpfennig e ele responderam prontamente à carta da congregação, embora ainda não tiveram retorno.
O bispo Georg Bätzing, de Limburgo, disse que ainda está esperançoso de que a situação seja resolvida e afirmou que ele apoia o trabalho do padre Wucherpfennig como reitor.
Uma carta aberta de estudantes e professores em Sankt Georgen expressou raiva sobre a situação e chamou a atenção para a autoridade da Igreja local.
“Ficamos ainda mais surpresos ao saber que o Prof. Wucherpfennig foi impedido de cumprir o mandato por conta do nihil obstat, apesar do apoio unânime da universidade, da Igreja local e de sua ordem”, disse a carta aberta.
"Em nossa opinião, isso é uma séria interferência direta no caso, sendo incompreensível aceitar a situação devido a capacidade que o Prof. Wucherpfennig provou ter", acrescentou a carta.
Na terça-feira à noite, 9 de outubro, a assessoria de imprensa do Vaticano confirmou à agência de notícias alemã DPA que o nihil obstat ainda está tramitando. Não foi negado como alguns relataram.
"Estou confiante de que uma declaração positiva de Roma chegará em breve", disse Siebner no dia 10 de outubro.
[Nota da revista America, 11 de outubro: Esta reportagem foi atualizada e o título corrigido para deixar claro que o Vaticano não recusou oficialmente a permissão do padre Wucherpfennig.]
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Reitor jesuíta alemão é impedido de tomar posse por comentários feitos sobre questões LGBT - Instituto Humanitas Unisinos - IHU