30 Junho 2020
Está entre as igrejas mais antigas da Índia, com 5 milhões de fiéis, 34 dioceses, 8500 padres e 32 mil religiosas. Bispos e sacerdotes estão sofrendo ataques pesados dentro e fora da Igreja. Mortos que são denunciados como suicídios; acusações de corrupção contra o card. Alencherry. A força desta Igreja, de suas escolas e hospitais, fazem dela um alvo de crítica. A necessidade de reforma.
A reportagem é de Biju Veticad, publicada por Asia News, 29-06-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Igreja Siro-Malabar, entre as igrejas mais antigas da Índia, remonta ao apóstolo Tomé (de acordo com a tradição), é uma comunidade em crescimento contínuo e vital, embora há alguns anos tenha se tornado alvo de fortes críticas internas e externas.
A Igreja Siro-Malabar é a segunda Igreja Católica Oriental (depois da Igreja Ucraniana), com 5 milhões de fiéis. Desde 2004, é uma igreja "Sui juris": a Santa Sé lhe garante plenos poderes administrativos, entre os quais o poder de eleger bispos e de cuidar do ministério pastoral de seus fiéis em todo o mundo. De fato, das 34 dioceses da Igreja, apenas 18 estão no estado de Kerala, o local originário; as demais estão em outros estados da Índia (13) ou no exterior, formadas por fiéis emigrados para outros países: EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia. Para outros países da Europa, existe um Visitante apostólico que vive em Roma.
A Igreja tem mais de 8.500 sacerdotes e 32.000 religiosas. Em 18 de junho, apesar de muitas limitações devido à Covid-19, o 62º bispo siro-malabar foi consagrado na pessoa de D. Peter Kochupurackal. Ele é agora o bispo auxiliar da diocese de Palaghat (Kerala).
Apesar desta longa tradição ligada à chegada de São Tomé apóstolo no ano de 52, esta Igreja Oriental - bispos, padres e freiras - está sofrendo pesados ataques de dentro e de fora da Igreja.
Desde o início de 2018, o card. Alencherry, que é o arcebispo maior de Ernakulam-Angamaly e presidente do Sínodo Siro-Malabar, foi acusado de corrupção ao vender algumas terras de sua arquidiocese. Já está claro que as vendas foram preparadas e gerenciadas por seus colaboradores e que o bispo colocou apenas a assinatura final. Mas os ataques contra ele vieram de seus próprios padres, que até organizaram manifestações contra o cardeal. Como chefe supremo da Igreja Siro-Malabar, também foram enviadas petições ao Vaticano, que a Santa Sé resolveu. Mas os casos civis continuam.
Algumas mortes também criaram revolta. Recentemente, em 7 de maio, a novicia Divya P. John foi encontrada morta em um poço do seminário próximo a Thiruvalla. E houve rumores de suicídio. No mesmo período, da mesma maneira - em um poço de água potável - foi encontrado o corpo de pe. George Ettuparayil em sua paróquia em Punnathra (Kerala). Em si, a morte do pe. George é devida a um incêndio na paróquia em que quatro pessoas morreram. Mas na mídia, TV e mídias sociais fala-se em suicídio e se discute e acusam as autoridades superiores por não terem ouvido o sacerdote, que tinha muitas dificuldades em aceitar a designação para a paróquia.
O pe. Noble Parackal, porta-voz da diocese de Manathawady e escritor, explicou à AsiaNews que o público muitas vezes não busca "a verdade" e fica preso às críticas. Deve-se notar também que parte dessas críticas surge pelo fato de a Igreja Siro-Malabar estar solidamente estabelecida em Kerala e isso gera inveja ou tensão.
De qualquer forma, diz ele, as acusações com razão ou sem fundamento são sempre desproporcionais.
Que bispos e sacerdotes sejam continuamente criticados, isso se deve em particular à grande influência que essas pessoas exercem em instituições educacionais e de caridade: a Igreja Siro-Malabar administra 4860 escolas; 2614 instituições de caridade e saúde, bem como centenas de paróquias altamente organizadas.
O pe. Parackal ressalta que, de qualquer forma, é hora de a Igreja Siro-Malabar realizar reformas estruturais e de qualidade. O primeiro compromisso deveria ser uma maior unidade do Sínodo. Um exemplo: cada bispo do Sínodo Siro-Malabar decidiu estabelecer a liturgia em sua diocese seguindo o rito antigo, ou com reformas "latinizantes", mas não se chegou a uma decisão "harmoniosa". Dessa maneira, a hierarquia corre o risco de não testemunhar o Evangelho aos fiéis.
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Índia. Igreja Siro-Malabar: viva e sob acusação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU