28 Junho 2018
Prelados foram removidos da administração da arquidiocese de Ernakulam-Angamaly e administrador foi nomeado para investigar as acusações de irregularidades financeiras.
A reportagem é de T.K. Devasia, publicada por La Croix International, 27-06-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
O Vaticano tem ignorado o processo de decisão da Igreja Siro-Malabar de rito oriental e desconsiderado o trabalho administrativo de três prelados de uma arquidiocese com controvérsias financeiras.
O Papa Francisco indicou o bispo de Palghat, Jacob Manathodath, para ser administrador apostólico da arquidiocese de Ernakulam-Angamaly no dia 22 de junho. O bispo ficará encarregado de conter controvérsias financeiras agravadas pelas disputas por terras.
"Persiste a grave e preocupante" situação de divisão entre os sacerdotes, bispos auxiliares e o cardeal de Ernakulam-Angamaly, George Alencherry, segundo uma carta do cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação Oriental.
Ele afirmou que a função principal do administrador é buscar "curar essas fraturas e, depois, propor soluções que exigem a intervenção do Sínodo dos Bispos”, o órgão de decisão supremo da Igreja Siro-Malabar, com sede no estado indiano de Kerala.
A arquidiocese envolveu-se numa polêmica em novembro de 2017, quando o conselho presbiteral, o órgão canônico de sacerdotes, acusou publicamente o cardeal Alencherry, o arcebispo, de fazer parte de negócios de terra duvidosos.
Os padre-representantes disseram à imprensa que o cardeal, dois padres e um agente imobiliário tinham vendido vários terrenos a preços menores do que os praticados pelo mercado, gerando uma perda de mais de 10 milhões de dólares. Também acusaram o cardeal de passar por cima do órgão canônico.
A carta do cardeal Sandri afirmava que os poderes administrativos dos bispos auxiliares Sebastian Adayantrath e Jose Puthernveetil foram suspensos.
Ainda que o cardeal George Alencherry ainda mantenha o título de arcebispo da arquidiocese de Ernakulam-Angamaly, o administrador apostólico vai gerir a arquidiocese indiana.
A carta também suspendeu todos os escritórios arquidiocesano e seu conselho, dando ao novo administrador liberdade para remodelá-las ou constituir novos órgãos.
A carta pedia para o novo administrador contratar uma agência independente para conduzir uma auditoria da arquidiocese e enviar o resultado somente para a Sé Apostólica, de forma confidencial.
Além disso, afirmava que o cardeal Alencherry "não deveria ter absolutamente nenhum envolvimento" em quaisquer decisões. O administrador pode nomear uma comissão sinodal para ajudá-lo, mas deve ter apenas um papel consultivo.
É a primeira vez na história desta igreja asiática que o Vaticano suspendeu os poderes administrativos de todos os bispos de uma diocese, observou um sacerdote, que pediu anonimato.
"Isso mostra uma grave situação de violações éticas e a incapacidade do sínodo de resolver a questão", disse ao ucanews.com.
A situação obrigou o Vaticano a passar por cima da autoridade do sínodo, que ganhou autonomia em 1992.
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Índia. Vaticano intervém em arquidiocese envolvida em polêmica, removendo o cardeal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU