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A geometria da crise econômica. Artigo de Eduardo Gudynas

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11 Junho 2020

“Ao ser representações metafóricas, no final, a estimativa da crise realizada por qualquer vizinho no bairro, em sua essência, pode ser tão válida como a dos analistas econômicos ou dos professores universitários. Na geometria da crise, a suposta superioridade do conhecimento do especialista desaparece e é necessário ouvir todas as vozes”, escreve Eduardo Gudynas, uruguaio, analista do Centro Latino-Americano de Ecologia Social – CLAES, em artigo publicado por Rebelión, 10-06-2020. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Ao abordar a crise desencadeada pela pandemia de covid-19, na sequência, surgem as avaliações econômicas. São ouvidas ou lidas análises sobre a queda severa nas economias nacionais e as previsões de sua possível evolução apelando a gráficos. Entre os mais citados estão aqueles que descrevem uma crise em L, com uma queda acentuada no produto bruto que se mantém por um longo tempo. Outros preveem uma recuperação mais rápida, chamada em U. Alguns acreditam que haverá quedas e aumentos alternativos, portanto, o desenho é de um W.

Nos meios de comunicação globais, especializados em economia, advertia-se sobre a “sopa de letras do alfabeto” para descrever a crise [1]. Com entusiasmo redobrado, a lista de possíveis curvas foi ampliada e até expandida para seis tipos diferentes (crises em L, V, U, S, Z e W) [2]. Tudo isso está revestido de um verniz típico da sabedoria dos especialistas, com cálculos econômicos complexos para obter indicadores, mas que, no entanto, são resumidos em curvas simples. Traços entre dois eixos.

Existem aí ao menos dois pressupostos que quase ninguém discute, mas que merecem ser analisados. Por um lado, a extrema simplificação da estrutura e da dinâmica econômica de um país e, por outro, que tudo isso pode ser expresso em um número, quase sempre o Produto Interno Bruto (PIB), supondo que resuma a essência de toda uma economia nacional. A partir desses dois pressupostos, desenha-se a geometria da crise atual e seus possíveis futuros.

Descartes por detrás dos gráficos

Esse formidável esforço de simplificação começa por conceber os países como sistemas simples, assumindo que se pode conhecer todos os seus componentes e as relações entre eles. É como se o Brasil fosse uma máquina e cada uma de suas peças estivesse identificada e suas funções fossem conhecidas. Pretende-se conhecer como funcionam componentes tão distintos como fábricas em uma cidade em uma extremidade do país ou os agricultores na outra extremidade, e os modos pelos quais interagem para construir a economia nacional. Desse modo, os economistas convencionais propõem ajustes ou reconversões para “acelerar” ou “frear” a economia.

Essa perspectiva pode ser representada em um gráfico simples, como se o PIB fosse a “velocidade” com a qual cresce (ou não) a economia nacional. Por exemplo, em 28 de maio de 2020, a CEPAL em seu relatório sobre os impactos da pandemia previa contrações em todos os países. Suas estimativas variavam de 4% para o Chile e Uruguai, passando por 5,2% para o Brasil, e chegando a 6,5% para a Argentina [3]. Na medida em que as semanas avançaram, os relatórios em cada país foram cada vez piores.

Descartes era um extremista do ceticismo, duvidando até dos dados empíricos, já que a verdade só seria alcançada pela experimentação. Como as imagens ultrapassam esse método, seriam apenas uma ilusão – Eduardo Gudynas

Quando se utilizam analogias como máquinas e gráficos baseados em um número, é inevitável se lembrar de René Descartes. No século XVII, Descartes insistia que a realidade poderia ser encarada como se fosse um relógio e se fosse conhecida cada uma das peças desse mecanismo, seria possível entender seu funcionamento e prever mudanças no futuro. Ao mesmo tempo, Descartes utilizava todos os tipos de esquemas e imagens em seus livros, por exemplo, para descrever fenômenos ópticos. Disso se originam várias tensões que continuam até hoje e chegam a esses gráficos da crise do coronavírus.

É que Descartes era um extremista do ceticismo, duvidando até dos dados empíricos, já que a verdade só seria alcançada pela experimentação. Como as imagens ultrapassam esse método, seriam apenas uma ilusão. Traduzido para os dias de hoje, as curvas de quedas e recuperações econômicas também seriam uma ilusão, ou ao menos uma representação distorcida da realidade, diante da qual seria necessário estar em alerta. Mas, ao mesmo tempo, ao revisar os livros de Descartes, é evidente que usava os esquemas com muita intensidade e originalidade ao explicar suas ideias. Justamente isso é o que hoje em dia praticam os economistas e consultores com seus desenhos.

Com efeito, os gráficos e modelos da economia contemporânea de alguma forma repetem essa tensão. Devem lidar com dois propósitos irreconciliáveis: representar direta e precisamente a realidade que estão abordando, embora, como essa representação é uma distorção, deveriam evitá-las. O economista dirá que é “óbvio” que os gráficos do PIB não representam todos os componentes de uma economia nacional, mas isso não impede reconhecer que muitos deles, juntamente com empresários, políticos e jornalistas, usam essas imagens como se assim fosse. Essa concepção cartesiana do “motor” econômico é muito clara na equipe de Paulo Guedes, ministro da economia de Jair Bolsonaro, ao pretender saber como funciona essa maquinaria e, assim, prever que cada semana de isolamento ou quarentena representa perdas de 20 bilhões de reais [4].

Indicadores e metáforas

No Brasil, como em todos os outros países, os gráficos da crise utilizam os aumentos e quedas no PIB, o Produto Interno Bruto. Este é um número calculado a partir do valor econômico dos bens e serviços produzidos em um país em um determinado período de tempo. Suas origens estão na Segunda Guerra Mundial, a partir do trabalho do economista Simón Kuznets, nos Estados Unidos, com o objetivo de ter um número que resuma o estado da economia do país, o poder de compra das famílias e a saúde de empresas.

Mas, ao longo dos anos, o PIB tornou-se muito mais do que isso, pois o desenvolvimento passou a ser entendido como crescimento da produção. Todos comemoravam seus aumentos e ficavam alarmados com as quedas, tornando o PIB um objeto de desejo em si mesmo. Foi transformado em um número que parecia revelar a essência de uma economia. Foi adotado por legiões de economistas e, a partir daí, se espalhou para empresas, bancos e governos. Em um dos livros didáticos mais amplamente utilizados em economia, Paul Samuelson e William Nordhaus, ganhadores do Nobel nessa categoria, afirmam que o PIB foi uma das maiores invenções do século XX [5].

Essa ascensão foi acompanhada pelo crescente trânsito de muitos economistas para a consultoria e a política. Eles se uniram aos políticos para oferecer planos de crescimento, eliminação de obstáculos ao crescimento, aceleramento do crescimento e muitas outras variedades desse tipo.

O PIB faz desaparecer as desigualdades. É por isso que, mais uma vez, Descartes tinha razão e o PIB é também uma imagem distorcida – Eduardo Gudynas

Mas, ao mesmo tempo, se acumula a evidência em suas limitações. Não é apenas ilusório que esse número represente toda uma economia, mas há componentes explicitamente excluídos, como o trabalho não remunerado de milhares de mulheres e a produção de água que a Natureza fornece, e mesmo se forem incorporados, é muito discutível como valorá-los economicamente. Tampouco significa menos que as curvas do PIB impõem uma homogeneidade irreal ao cobrir situações tão diferentes como um empresário que exporta carne e aquele que dirige o bar do bairro. O PIB faz desaparecer as desigualdades. É por isso que, mais uma vez, Descartes tinha razão e o PIB é também uma imagem distorcida.

O uso do PIB e os desenhos de gráficos acabam sendo representações umas dentro de outras, e servem para apoiar metáforas. A economia contemporânea está cheia delas, fortalecidas de tal maneira que deixaram de ser um recurso estilístico para se tornar uma nova realidade. Fala-se de uma economia “forte” ou “fraca”, de “acelerar” ou “desacelerar” o PIB, inclusive se confere uma condição quase metafísica ao mercado, como se fosse um ser em si mesmo.

Apelar às metáforas para descrever a crise, por exemplo, descrevendo-a como um U, tem suas vantagens, mas também muitas desvantagens que aqui apenas são comentadas. Estão disfarçadas sob o esplendor do saber especializado, de equações e modelos matemáticos, embora por mais variáveis que se somem, como sempre partem de suposições, nisso retornam às tensões cartesianas. Seguimos sem poder romper os laços com Descartes.

Ao ser representações metafóricas, no final, a estimativa da crise realizada por qualquer vizinho no bairro, em sua essência, pode ser tão válida como a dos analistas econômicos ou dos professores universitários. Na geometria da crise, a suposta superioridade do conhecimento do especialista desaparece e é necessário ouvir todas as vozes.

Notas:

[1] Alphabet soup: Understanding the shape of a COVID-19 recession, por D. Rodeck, Forbes, 19 Abril.

[2] Just one in 10 fund managers expect V-shaped recovery for US economy, C. Smith, Financial Times, 25 Mayo.

[3] Informe sobre el impacto económico en América Latina y el Caribe de la enfermedad por coronavirus (COVID-19), CEPAL, Santiago de Chile.

[4] Governo estima que cada semana de isolamento gera perda de R$ 20 bilhões no PIB, D. CaramFolha São Paulo, 13 mayo.

[5] Macroeconomics, P.A. Samuelson y W.D. Nordhaus, McGraw Hill, 2010.

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