Por: João Conceição e Marilene Maia | 16 Abril 2020
Com o aumento exponencial de casos de Covid-19 no Brasil, tornam-se indispensáveis os equipamentos hospitalares, que ofereçam leitos de Unidade de Tratamento Intensivo - UTI e respiradores. O Amazonas é um dos primeiros a sofrer com o colapso do sistema de saúde. O seu principal hospital já está atuando na capacidade máxima em relação às exigências de UTI e de respiradores. Esse estado sofre até com a falta do remédio usado no tratamento de doenças respiratórias.
A aproximação com o panorama do sistema de saúde do Rio Grande do Sul e da Região Metropolitana de Porto Alegre foi realizada pelo Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU. Foram reunidas as informações sobre a ocupação dos respiradores e dos leitos de UTI na Região Metropolitana de Porto Alegre, que abrange 34 municípios do estado e uma população de 4.297.246 pessoas, constituindo-se 38,1% do estado do Rio Grande do Sul.
Os dados foram coletados junto ao Ministério da Saúde. Os respiradores dizem respeito ao mês de fevereiro de 2020, enquanto os leitos estão informados na data de ontem (14), e indicam a justificativa da preocupação com a falência do sistema de saúde com as demandas e utilização de leitos e respiradores pelos usuários em tratamento pelo novo coronavírus.
Até fevereiro de 2020, o sistema de saúde brasileiro tinha 65.911 respiradores, uma média de 31,6 respiradores a cada 100 mil habitantes. 71,6% deles faziam parte do Sistema Único de Saúde - SUS, enquanto 28,4% estavam fora do SUS.
No Rio Grande do Sul, o número de respiradores a cada 100 mil habitantes estava abaixo da média nacional, ficando atrás de Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Mato Grosso do Sul.
O Rio Grande do Sul tem 3.485 respiradores, sendo que 47,7% estavam concentrados na Região Metropolitana de Porto Alegre. A capital gaúcha, Porto Alegre, tinha 1.211 respiradores até fevereiro deste ano, segundo as informações do Ministério da Saúde.
No entanto, a Região Metropolitana de Porto Alegre reunia um dos menores números de respiradores por 100 mil habitantes nas mesorregiões mais populosas do Brasil: 35,2%. Abaixo de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba e Fortaleza.
Até fevereiro, 87,9% dos respiradores estavam em uso na Região Metropolitana de Porto Alegre. Isso significa que tinham à disposição 202 respiradores para população. Apenas 5 municípios dos 34, tinham respiradores sobrando.
A capital tem 665 leitos de UTI públicos e privados, sendo que 556 são de adultos, 105 pediátricos e 4 de especializados. Até ontem à tarde (15), os leitos de UTI dos hospitais de Porto Alegre estavam 63,9% (425) ocupados, segundo os dados da Prefeitura de Porto Alegre.
Havia 38 pessoas internadas com casos de Covid-19 confirmados e outras 12 com suspeita, tendo uma criança em UTI em caso suspeito e uma com Covid-19 confirmada. O Hospital da Restinga estava, até terça-feira (14), com 100% das UTI ocupadas, embora ninguém estivesse internado por suspeita ou com Covid-19. O Hospital de Clínicas era o com menor lotação: 41,5%.
O Complexo Hospitalar Santa Casa estava com 100% dos leitos de UTI pediátricos ocupados. No caso dos leitos de UTI especializados, o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre estava com todas as quatro vagas ocupadas.
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Covid-19 na Região Metropolitana de Porto Alegre: ocupação dos respiradores e leitos de UTI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU