Uma palavra

Oração de Francisco diante do Cristo que "salvou Roma da peste", na vazia Praça São Pedro, na sexta-feira, 27-03-2020. Foto: Vatican Media

Mais Lidos

  • Cristo Rei ou Cristo servidor? Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • “Apenas uma fração da humanidade é responsável pelas mudanças climáticas”. Entrevista com Eliane Brum

    LER MAIS
  • Sheinbaum rejeita novamente a ajuda militar de Trump: "Da última vez que os EUA intervieram no México, tomaram metade do território"

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

30 Março 2020

"13 de maio de 1978, Paulo VI, inconsolável pela morte de seu amigo Aldo Moro nas mãos das Brigadas Vermelhas, a quem tinha escrito pedindo piedade, e talvez sugerindo substituir-se a ele, vai exclamar do fundo de sua dor e revolta. Agora Francisco, como pai de todos nós, dirige como filho, à misericórdia divina, a mesma interpelação desgarradora", escreve Luiz Alberto Gomez de Souza, sociólogo.

Eis o texto.

Jesus, na cruz, lançou ao Pai,

em sua língua , o aramaico,
um grito de angústia desgarrador: 

Eli Eli Lama Sabactani

Meu pai, meu pai, por que me abandonaste?

Na undécima hora,
na sua condição humana de nazareno,
teve um momento de fragilidade.

Mas como filho de Deus dirá:

Em tuas mãos entrego o meu espírito.

Ali estão presentes,
em uma só pessoa,
as duas naturezas de Jesus.
Verdadeiro homem,
verdadeiro Deus.

13 de maio de 1978, Paulo VI, inconsolável pela morte de seu amigo Aldo Moro nas mãos das Brigadas Vermelhas, a quem tinha escrito pedindo piedade, e talvez sugerindo substituir-se a ele, vai exclamar do fundo de sua dor e revolta:

O Senhor,
não atendeu ao nosso apelo.

Era o seu "por que me abandonastes". Morreria logo depois e teria certamente a resposta no encontro, em Deus, com Moro, quando as duas naturezas eram um só no Messias. 

Agora Francisco, como pai de todos nós, dirige como filho, à misericórdia divina, a mesma interpelação desgarradora: 

Eli Eli Lama Sabactani 

Estamos nesse momento de incerteza,
o grito está preso na garganta de Francisco.

Assim, aquele homem só, despido de qualquer sinal
de dignidade ou de poder, na imensa praça vazia,
invoca a misericórdia:

Das profundezas
clamo a ti, Senhor,
ouve o meu grito (Salmo 130).

Misericórdia,
chamado mais repetido por Francisco,
quando se dirige aos homens.

E então, em resposta,
a humanidade, por cada um,
deveria dizer: 

Senhor,
eu não sou digno,
mas dizei uma
única palavra...

O mundo, ferido pela nova peste,
está pendente desta única palavra.

Saberemos ser dignos?
O Senhor ouvirá nosso apelo?

Francisco suplica,
entregue nas mãos da Esperança. 

In manus tuas Domine...

Leia mais