Primaz irlandês sobre padres casados: “Sou bastante aberto à ideia, e acho que o Papa Francisco também”

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17 Fevereiro 2020

Celibato: “Essa questão ainda está aberta. Estou aberto a essa questão na Igreja”.

O arcebispo de Armagh, Dom Eamon Martin, falou após Querida Amazônia, do Papa Francisco, exortação pós-sinodal amazônica publicada em 12 de fevereiro e que pareceu fechar as portas, pelo menos no curto prazo, à ordenação de homens casados.

Em comentários no programa Morning Ireland, da rádio RTÉ, Martin disse, no último dia 14, que, em relação à permissão ou não de padres casados, “esta questão ainda está aberta. Estou aberto a essa questão na Igreja. O Papa Francisco percebe que essa é uma questão onde há um pensamento muito dividido”.

A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Novena, 14-02-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

 

Silêncio para “nos incentivar a focarmos nas questões maiores sobre o ministério e a organização da Igreja”

Embora tenha dito que ele próprio “acolheu calorosamente” Querida Amazônia, Martin reconhece que “houve uma decepção de que talvez este fosse o momento no qual Francisco expressaria o que pensa sobre a ordenação de homens casados ​​como padres”, algo que o papa acabou deixando de lado na exortação.

“Sim, de fato, a ordenação de homens casados em uma área muito pequena do mundo, na região amazônica, onde algumas comunidades não têm acesso frequente à Eucaristia, é algo que as pessoas esperavam que o Papa Francisco fosse abordar”, reconheceu Martin.

“Na verdade, ele escolheu não mencionar. De fato, ele abandonou a questão, e acho que o fez para nos incentivar a focarmos nas questões maiores sobre o ministério e a organização da Igreja, sobre o envolvimento de leigos na Igreja, o envolvimento das mulheres nela. Ele convida as igrejas locais a reconhecerem oficialmente, na verdade, estes papéis de um jeito que não havia sido feito antes”.

 

A exortação: “um apelo chamado à proteção da Terra”

“Mas penso que o Papa Francisco ficaria desapontado se for esse o assunto sobre o qual todos falamos hoje”, continuou o arcebispo de Armagh e líder dos católicos na Irlanda.

“A sua exortação é um enorme clamor da Amazônia e um clamor que vem do coração para tentar proteger a região que está sendo cruelmente destruída. Essa exortação é um verdadeiro apelo à proteção da Terra”.

 

“85%” dos padres irlandeses ficaram surpresos e decepcionados com a ausência de uma abertura ao celibato opcional

Enquanto isso, padre irlandês Paddy Byrne disse ao Morning Ireland, em 13 de fevereiro, que estava “surpreso” e pessoalmente decepcionado com a mais recente publicação papal.

Byrne disse acreditar que “cerca de 85%” dos padres irlandeses compartilham sua opinião sobre a relutância do papa em abordar a questão dos padres casados ​​e diáconos na exortação deste ano.

Embora muito positivo em termos de cuidados com a Terra, questões de justiça social e proteção da Amazônia e de seus povos, a exortação – segundo Byrne – não atende satisfatoriamente a fome de fé em comunidades remotas.

“No centro do problema está uma comunidade de pessoas na região amazônica, uma região imensa, que tem fome de fé, pessoas animadas realmente pela fé que têm em Nosso Senhor, e que agora parecem sofrer de uma fome autoimposta em virtude do isolamento das mulheres e homens na administração da Eucaristia”, lamentou Byrne.

O padre disse que a resposta a essa fome eucarística é muito fácil, “como apresentada pelos bispos em outubro” [no sínodo], acrescentando a sua surpresa ao ver Francisco retroceder na direção dada pelos padres sinodais de ordenação de diáconos permanentes casados ao sacerdócio.

 

Pressão contra o papa?

Questionado sobre o motivo pelo qual o papa optou por ignorar o voto dos bispos do Sínodo dos Bispos para a Amazônia na questão dos padres casados, Byrne respondeu: “Não tenho dúvidas de que houve uma influência externa sobre ele”.

“Continua havendo uma tensão real na Igreja entre um modelo de Igreja que, com certeza na Irlanda, não funciona, onde a hierarquia pode vir antes do povo. Esta lealdade a uma instituição extremamente clerical, que afasta as mulheres, talvez não represente a posição da maioria das pessoas”, lamentou Byrne.

“Acho que vivemos em uma zona cinzenta, onde nós, como Igreja, temos a responsabilidade de ouvir e estar presentes nos fragmentos das complexidades que compõem a vida, está onde ela acontece”, explicou o padre.

 

A fome eucarística na Irlanda: enfrentamos “exatamente a mesma realidade” que a Amazônia

Na Irlanda, continuou Byrne – com o número sempre maior de padres idosos – “não estamos muito longe da realidade do que é sentido pelo povo da região amazônica, uma fome por Eucaristia”.

“E agora uma fome autoimposta está sendo colocada contra essas comunidades. Provavelmente, hoje há mais bispos na Irlanda do que jovens em formação sacerdotal. Acho que se não mudarmos neste país, iremos enfrentar exatamente a mesma realidade”, conclui Byrne.

 

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