25 Novembro 2019
O padre Daniele Mazza, missionário do PIME que estudou em uma universidade budista, comenta o encontro do Papa com os monges e o patriarca. E sobre as palavras de Francisco, diz: "Neste verão, já começamos a realizar esse sonho ..."
"Quando temos a oportunidade de nos reconhecermos e nos valorizarmos, mesmo em nossas diferenças, oferecemos ao mundo uma palavra de esperança capaz de encorajar e sustentar aqueles que são sempre mais prejudicados pela divisão”.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada por Mondo e Missione, 21-11-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O padre Daniele Mazza, missionário do PIME ouviu essas palavras do papa Francisco junto com seus amigos monges budistas, nesta manhã em Bangkok. Romano, na Tailândia há onze anos, cultivou o encontro com o mundo budista de uma maneira singular: estudando, ele sacerdote, na Universidade Budista Mahachulalonkorn, uma das mais importantes para a formação de monges. Há alguns anos, ele nos havia contado sobre sua experiência em Mondo e Missione. No ano passado, ele acompanhou no Vaticano uma delegação de monges do Templo Wat Pho, no centro de Bangkok. Um encontro que o Papa Francisco quis retribuir hoje, citando-o também expressamente em seu discurso.
"Toda a delegação, tanto os monges quanto os leigos do templo real de Phra Chetupon (Wat Pho), ficaram muito impressionados com o encontro com o Papa - relata o padre Daniele -. O encontro com o Santo Padre não durou muito e até as mensagens foram muito curtas. Mas o que impressionou a delegação tailandesa é o fato de o papa Francisco tenha ido cumprimentá-los e apertar as mãos deles um por um. Esse gesto falou mais do que qualquer outra coisa. Para os tailandeses, é inconcebível que uma pessoa mais importante que você e, além disso, mais idosa se levante e se dirija até você para cumprimentar: deve ser o contrário. De manhã, antes do encontro, o chefe da delegação fez todos os ensaios para ver como cumprimentar o Papa (com as mãos unidas no estilo tailandês) e anunciou quem iria primeiro e quem iria depois. O Papa Francisco, por seu lado, superou todos os protocolos e foi o primeiro a se aproximar, indo ao encontro de todos os membros da delegação".
"Até o encontro com o Patriarca hoje teve o mesmo sabor - continua o missionário do PIME -. O patriarca foi esperar o Santo Padre na porta e o recebeu com um aperto de mão demorado. A simbologia aqui na Tailândia diz muitas coisas. Eles se sentaram lado a lado em cadeiras semelhantes e no mesmo nível. E no final eles se seguraram pelas mãos e o Patriarca o acompanhou até a porta. Um símbolo e uma imagem muito eloquente do caminho de diálogo que nos espera aqui na Tailândia”.
"Poderemos promover entre os fiéis de nossas religiões o desenvolvimento de novos projetos de caridade, capazes de gerar e aumentar iniciativas concretas no caminho da fraternidade, especialmente com os mais pobres, e em relação ao nosso lar comum tão maltratado. Dessa forma contribuiremos para a formação de uma cultura de compaixão, fraternidade e encontro, aqui e em outras partes do mundo", disse o Papa hoje, falando ao Patriarca. E o pensamento do padre Daniele o levou a uma experiência vivida em julho.
"Eu sonhava com ela havia onze anos, desde que vim para a Tailândia. Com o prefeito da cidade, o imã e o abade local, trouxemos vinte jovens budistas, vinte muçulmanos e vinte cristãos para dez bairros. Depois os dividimos em grupos mistos (dois budistas, dois muçulmanos e dois cristãos) e fomos visitar idosos e doentes nesses bairros. Fomos acompanhados por funcionários públicos do município (assistentes sociais, enfermeiros e voluntários) que trabalham nessas áreas e conhecem todas as famílias. Foi uma experiência única: as pessoas do bairro ficaram impressionadas ao ver budistas, cristãos e muçulmanos fazendo um gesto de caridade juntos. Para mim também, por um momento, pareceu inacreditável ... Mas então eu disse a mim mesmo: mas por que deveria parecer inacreditável quando, ao contrário, deveria ser a coisa mais normal do mundo?”.
O padre Mazza viveu a mesma experiência em Nonthaburi, subúrbio de Bangkok, onde é pároco, junto com o cardeal Kovithavanij - arcebispo da capital tailandesa – o imã, o abade budista e a vice-governadora. "Certamente pode ser um dos caminhos do diálogo inter-religioso - ele conclui -: líderes das diferentes religiões que, junto com as autoridades públicas, formam jovens para a abertura e o serviço e com eles descem entre as pessoas para servir os mais pobres e mais necessitados. Isso nos fará muito bem, a todos".
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Tailândia. Diálogo de fraternidade entre os pobres de Bangkok - Instituto Humanitas Unisinos - IHU