21 Novembro 2019
Sempre que o Papa Francisco viaja, os jornalistas que estão com ele conseguem apertar a sua mão, entregar livros, cartas ou pedir que ele abençoe a foto de um membro da família. Muito frequentemente, existem algumas “anedotas” provenientes desses rápidos cumprimentos.
A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 20-11-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O voo de 11 horas de duração para a Tailândia não foi exceção, especialmente com um pontífice que preferiu um tom mais descontraído quando os jornalistas tentavam cutucá-lo fazendo perguntas como: “Quando o senhor irá para a Argentina?” (a resposta dele foi um “dar de ombros”, acompanhado pela versão em espanhol de: “Pergunte isso ao Pai Eterno”).
Desta vez, a maior gargalhada do voo de ida foi gerada pelo padre Antonio Pelayo, um jornalista-padre espanhol que está em Roma há décadas e tem mais viagens papais em seu currículo do que até ele mesmo imagina.
O padre contou a Francisco que, dois dias antes de embarcar para a viagem dos dias 19 a 26 de novembro à Tailândia e ao Japão, sua possibilidade de viajar ficou “suspensa por um fio”, porque ele sofrera um ataque no nervo ciático que o deixou quase acamado.
O pontífice argentino sofre há muito tempo da mesma condição, que produz uma dor que se irradia ao longo do nervo ciático e desce por uma ou por ambas as pernas pela parte inferior das costas.
Francisco ofereceu um remédio de poucas palavras para o padre: “Um copo de conhaque”.
Isso levou a uma história pessoal sobre um almoço organizado pelo falecido cardeal espanhol Antonio Maria Javierre, ex-prefeito do escritório para o Culto Divino do Vaticano, que convidou o então cardeal Joseph Ratzinger (mais tarde Papa Bento XVI) e pediu a Pelayo que se juntasse a eles.
No fim da refeição, o anfitrião, que faleceu em 1997, ofereceu um copo de conhaque ao futuro papa, que inicialmente se recusou.
“Mas é dos bons”, disse Javierre. “É Cardenal Mendoza.”
Para aqueles com pouco conhecimento de espanhol, Cardenal Mendoza é talvez o melhor conhaque do país. Pelayo não soube dizer se Ratzinger conhecia a bebida, mas não pôde se recusar a tomar um copo, dizendo que Mendoza é “o único cardeal que não causa danos”.
Ao ouvir isso, Francisco não pôde fazer nada além de rir, com muito gosto.
Enquanto ele voltava para a frente do avião, onde ele e sua comitiva viajam, outra jornalista espanhola teve um momento “alcoólico” com Francisco, que tinha uma bebida destilada diferente para recomendar como ajuda para dormir.
Quando Cristina Cabrejas, da agência de notícias espanhola EFE, disse a ele: “Tenha um bom voo”, o pontífice respondeu dizendo: “Você também. Durma bem... Tome um copo de uísque!”.
Perguntado se ele seguiria o seu próprio conselho, o papa disse rapidamente: “Não, não”. Mas quando lhe perguntaram: “E um copo de conhaque?”, o papa simplesmente riu.
Quando chegou a hora da refeição a bordo, alguns jornalistas ficaram desapontados ao descobrir que seria difícil seguir o conselho do papa no voo AZ 4000 da Alitalia: eles podiam escolher entre uma boa seleção de vinhos italianos, mas nada de uísque (embora insistindo que o “papa nos disse para fazer isso”, tanto este repórter quanto Pelayo aceitaram um copo de vinho).
Sendo muitas vezes um empreendimento de alta intensidade, geralmente há pouco tempo para relaxar com um copo de uísque em uma viagem papal.
No entanto, houve algumas exceções. Na viagem de Francisco ao México em 2017, terra natal da melhor tequila do mundo, cerca de 70 repórteres sedentos foram recebidos por uma tripulação da AeroMéxico com um copo cheio até a borda.
O pequeno copo, combinado com a fome e a privação de sono, levou a uma luta de travesseiros. Para aqueles que foram testemunhas e participantes dispostos, essa provavelmente permanecerá como uma das poucas vezes em que o chefe dos gendarmes vaticanos não se opôs a projéteis lançados contra ele e outros membros da equipe de segurança.
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A caminho da Tailândia, Papa Francisco fala sobre... bebidas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU