09 Novembro 2019
Treze indígenas foram assassinados nos últimos dias no norte do departamento de Cauca por grupos dissidentes das FARC, que se tornaram traficantes de drogas.
A reportagem é publicada por Alfa y Omega, 07-11-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Os acontecimentos mais graves ocorreram em 29-10-2019, na comunidade de Tacueyó, quando os milicianos detiveram uma caminhoneta e dispararam à queima-roupa contra seus ocupantes, entre os quais encontravam-se uma conhecida líder comunitária do povo Nasa, Cristina Bautista. Morreram cinco pessoas e outras seis ficaram feridas.
O atentado – que foi seguido de outros durante o final de semana – se produziu como represália contra a prisão de ex-guerrilheiros, liberados durante esse ataque. Foram detidos pela chamada Guarda Indígena, membros que patrulham pela selva carregando unicamente bastões, por causa do rechaço às armas de fogo. Por esse mesmo motivo, os Nasa se opuseram até agora à presença do Exército no território, apesar de que o presidente Iván Duque anunciara há alguns dias o envio de 2.500 efetivos, enquanto levavam as críticas à passividade do governo.
Os líderes Nasa rechaçam as plantações de coca ou marijuana, ainda que não faltam campesinos locais aliados dos narcotraficantes. No negócio participam também grupos paramilitares e ex-guerrilheiros do ELN, alguns dos quais se apresentam como aliados dos cartéis mexicanos.
A Organização Nacional Indígena da Colômbia (UNIC) acaba de fazer público um relatório segundo o qual, nos últimos 14 meses (desde a posse do presidente Iván Duque até 1º de novembro), forma assassinados 120 indígenas. E por isso demandaram uma relatoria especial das Nações Unidas.
O atentado de Tacueyó, no entanto, se converteram no estímulo que fizeram estalar a indignação popular. A Igreja local se somou aos atos de repulsa à violência e de solidariedade com o povo Nasa, organizando uma caravana com 200 fieis que partiram de segunda-feira, saindo de Cali, a uns 90km, para levar ajuda às vítimas e celebrar uma Missa pelos assassinatos.
O arcebispo, Darío de Jesús Monsalve, explicou que a intenção era “brindar nossa ajuda espiritual, nossa voz de alento a essas comunidades”, golpeadas pelo “drama” da violência dos narcotraficantes.
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Colômbia. A cada três dias morre um indígena assassinado pelo narcotráfico no País - Instituto Humanitas Unisinos - IHU