Por: Lara Ely | 02 Dezembro 2017
Um ano depois do acordo de paz com as Farc, índios e afrodescendentes continuam sofrendo as incursões de outros grupos guerrilheiros e paramilitares em uma empobrecida zona do noroeste da Colômbia. A população nativa sofreu muito com 50 anos de conflito armado e foi expulsa de suas terras. Embora o acordo de paz tenha trazido esperança de melhoria na situação, algumas coisas ficaram até piores.
Quem emitiu o alerta foi a Anistia Internacional. No departamento de Chocó "persistem casos de deslocamentos forçados coletivos, mortes e feridos por minas antipessoais, e assassinatos seletivos que ocorreram após a saída das Farc do território", denunciou a organização humanitária em Bogotá. Diante do desarme de 7 mil combatentes da ex-guerrilha, o vazio foi ocupado pela forte presença dos rebeldes do Exército de Libertação Nacional - ELN, em diálogos com o governo, e também pela reacomodação de estruturas paramilitares desarmadas há mais tempo.
Video: Colombianos exigen al gobierno implementar el acuerdo de paz https://t.co/HV5Pwi7Ouq #PazParaColombia
— teleSUR Colombia (@teleSURColombia) November 23, 2017
A maioria dos 600 mil habitantes de Chocó, o departamento mais pobre do país, são afrodescendentes e índios, os grupos historicamente mais atingidos pela guerra interna na Colômbia. De acordo com a AI, ao longo deste ano, seis líderes comunitários foram assassinados nesta localidade. Em todo o país 92 defensores de direitos humanos foram mortos nos últimos nove meses, convertendo a Colômbia no segundo lugar mais perigoso para essa atividade no mundo, atrás apenas do Brasil.
- Mesmo com o acordo de paz, ainda resta muito a fazer para que o processo de paz suponha alguma diferença real na vida das pessoas - disse Salil Shetty, secretário-geral da AI, de visita à Colômbia.
Durante 52 anos de conflito armado entre o Exército e os ex-insurgentes, cerca de 8.376.463 pessoas foram afetadas. O Registro de Vítimas Únicas - RUV detalhou o número total de vítimas, 7,134,646 foram deslocados, 983,033 foram mortos, 165,927 foram desaparecidos forçadamente e 34,814 foram sequestrados, entre outros casos. A Fuerza Alternativa Revolucionaria do Común (FARC) foi o nome escolhido pelo ex-grupo insurgente em seu Congresso Fundador em setembro passado.
#EnUnAño nuestro compromiso con la #Paz, la reconciliación, el bienestar y buen vivir de las y los colombianos, sigue intacto. Colombia tiene un nuevo amanecer. ⯑⯑️ pic.twitter.com/tQ5eXnsCq7
— FARC (@FARC_EPueblo) November 22, 2017
Essa incursão na política colombiana foi uma conquista alcançada e permite que seus membros escolham posições políticas através das eleições. Para as próximas eleições de 2018, as FARC anunciaram que seu candidato à Presidência da Colômbia será Rodrigo Londoño Echeverri, mais conhecido como Timochenko, e apresentaram seus candidatos para o Senado e a Câmara dos Deputados que, conforme acordado com o Governo, terá cinco posições. Antes de se candidatar às eleições, Timochenko e outros ex-comandantes enfrentarão provavelmente julgamentos por crimes de direitos humanos e não está claro se poderão exercer seus mandatos se forem condenados.
O partido terá garantidos 10 assentos no Parlamento até 2026 pelo acordo de paz, independentemente de seu sucesso nas eleições. Entre os candidatos ao Senado estão os ex-comandantes da guerrilha Iván Márquez, Pablo Catatumbo, Carlos Antonio Lozada e Victoria Sandino, informou a Farc na última quarta-feira.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Colômbia. Indígenas são perdedores no processo de paz - Instituto Humanitas Unisinos - IHU