Open Arms, Maria fugiu porque é cristã: “Não entendemos por que não nos deixam descer”

Foto: Francisco Gentico | Open Arms ORG Facebook

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21 Agosto 2019

"Eu não entendo", continua a repetir Maria, enrolada em um canto da ponte do Open Arms. Não entendo por que continuam a nos recusar", diz ao psicólogo da Emergency, Alessandro Di Benedetto. É mais uma recusa para Maria, 30 anos, da Costa do Marfim. Ela conta que quando se tornou cristã, sua família a mandou embora de casa. "É por isso que eu saí – ela conta - eu não sabia o que estava me esperando." Na Líbia, ela foi presa. "Eles me batiam continuamente, um dia tentaram me estuprar. Mas resisti com todas as minhas forças. Então, por vingança, jogaram óleo fervente nas minhas pernas. A partir daquele dia, Maria caminha com dificuldade.

A reportagem é de Salvo Palazzolo, publicada por La Repubblica, 19-08-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Depois, em julho, uma bomba foi lançada no centro de detenção de migrantes, onde a jovem estava aprisionada. Em Tajoura, 44 pessoas morreram e 130 ficaram feridas. Naquele dia, Maria escapou da prisão. E depois de algum tempo conseguiu subir em um barco que deveria levá-la para a Itália.

A bordo do Open Arms, há um psicólogo e um mediador da Emergency, que falam continuamente com os migrantes. "Como a mulher que fugiu da Costa do Marfim, os outros não entendem o que está acontecendo", explica o dr. Di Benedetto. Não consegue entender o que está acontecendo o jovem estudante universitário sírio, no último ano da Faculdade de engenharia Civil. "Ele escapou de três atentados suicidas". Da última vez, ele se salvou graças a um pai que teve a presença de espírito de levar sua família embora. E ele que estava ali ao seu lado, na rua, foi junto.

"A situação a bordo é realmente muito crítica, uma panela de pressão", define Rossella Miccio, a vulcânica presidente da Emergency, também a bordo do Open Arms. "Estamos diante de pessoas que vivem este limbo com extremo sofrimento. Eles experimentaram momentos de violência e abuso, agora não conseguem aceitar ver o continente na frente deles e não poderem desembarcar. Isso estimula momentos depressivos, mas também ataques de raiva e autolesão".

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