01 Julho 2019
Carola Rackete invocou "o estado de necessidade", mas foi levada pela polícia financeira sob acusações de resistência ou violência contra um navio de guerra. O barco patrulha da polícia tentou impedi-la duas vezes correndo o risco de ser esmagado contra as docas. Aplausos no cais das muitas pessoas que se solidarizaram com os migrantes.
A reportagem é de Fabio Tonacci, publicada por La Repubblica, 29-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Por volta das 2h da madrugada o Sea Watch, depois de 17 dias no mar, atracou no cais comercial de Lampedusa. Mais uma vez, foi um movimento de surpresa da capitã alemã Carola Rackete, que destrancou o impasse. Entrou no porto sem autorização prévia, invocando o estado de necessidade. Ele havia dito isso e o fez. Depois de uma hora, os policiais subiram a bordo e prenderam a capitã, levando-a sob a acusação de "resistência ou violência contra um navio de guerra", um crime que prevê uma pena de três a dez anos.
Os policiais financeiros também contestam a tentativa de afundamento da manobra de atracação, mas caberá aos magistrados decidir. Segundo o deputado do Pd Gennaro Migliore, que entrou no quartel das Finanças, a capitã está na dependência do comandante, já que o quartel não tem nenhuma cela de segurança. "Amanhã poderia ser transferida para uma prisão na Sicília". Ao amanhecer a autorização chegou e os 40 migrantes finalmente desceram à terra e foram levados para o Centro do distrito de Imbriacola.
Um barco de patrulha da Polícia Financeira tinha tentado impedir a entrada do Sea Watch no porto, mas a tentativa durou pouco. Enquanto a capitã manobrava o navio que entrava de popa, o barco de patrulha movia-se ao longo do cais e se deslocava de um lado a outro tentando impedir o atracamento. O navio, no entanto, continuou a manobra de aproximação arriscando-se a esmagar o barco da polícia.
"A comandante Carola não tinha outra escolha - disse Giorgia Linardi, porta-voz do Sea Watch Italia - há 36 horas havia declarado o estado de necessidade que as autoridades italianas tinham ignorado". "Foi uma decisão desesperada - dizem os advogados da ONG alemã Leonardo Marino e Alessandro Gamberini - por uma situação que tinha se tornado desesperada".
Quando a capitã concluiu a manobra, apareceu na ponte e foi recebida por um longo aplauso por cerca de cem pessoas que estavam no cais. Entre elas, os ativistas do Sea Watch, Pietro Bartolo, médico da ilha e o eurodeputado do PD, Dom Carmelo, pároco de Lampedusa, e as pessoas que se solidarizaram nos últimos dias com o Sea Watch dormindo no adro da igreja.
A bordo do navio havia também estavam 5 parlamentares italianos: Riccardo Magi, da +Europa, Nicola Fratoianni, da Sinistra Italiana, Davide Faraone, Matteo Orfini e Graziano Delrio, do PD. O líder do PD Delrio comentou: "Já ontem à noite a capitã queria entrar, mas pedimos a ela que esperasse o governo encontrar algum país disponível para acolher os migrantes. Agora esses acordos foram feitos, mas ninguém deu permissão para o desembarque. A situação havia se tornado crítica demais, então a capitã Carola tomou tal decisão".
No entanto, quem catalisou a atenção foi a ex-senadora da Lega, Angela Maraventano, que chegou ao cais com um grupo de partidários da Lega Norte gritando para a tripulação do Sea Watch: "Que vergonha! Vocês são cúmplices dos contrabandistas. Esta é minha a ilha e vocês estão invadindo-a. Façam descer os imigrantes, mas a capitã deve ser presa imediatamente. A Itália esta noite foi violada."
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O Sea Watch atraca no porto de Lampedusa. A capitã presa pela polícia. Os migrantes desembarcaram ao amanhecer - Instituto Humanitas Unisinos - IHU