Arcebispo de Canterbury adverte contra o ''imperialismo cultural'' em relação a outras religiões na evangelização

Interior da Catedral de Canterbury. Foto: David Iliff | Wikicommons

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20 Março 2019

O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, da Igreja Anglicana, advertiu contra o “imperialismo cultural” e exortou os cristãos a serem sensíveis e a buscar um diálogo genuíno ao testemunharem a sua fé para pessoas de outras religiões.

A reportagem é publicada por Anglican News, 14-03-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Ele fez esses comentários ao proferir a conferência anual Deo Gloria, realizada na Escola de Teologia de Londres, no Palácio de Lambeth, na quarta-feira, 13 de março. O arcebispo advertiu contra a transformação da evangelização em um produto de mercado ou em uma expressão de superioridade cultural. (...)

“Devemos estar prontos: prontos para falar, para compartilhar. Essa é uma esperança para o mundo”, disse o arcebispo Justin em sua conferência. “Mas que esse testemunho seja temperado com gentileza e respeito.”

Ele destacou vários desafios da evangelização no contexto da diversidade religiosa e convidou os cristãos a falarem de Jesus para as pessoas sem nunca diminuir a fé alheia. “Que nunca sejamos culpados de menosprezar a luz que os outros têm, mas apenas mostrar-lhes algo da luz que conhecemos”, disse. “Falemos de Jesus para as pessoas e testemunhemos o que Ele fez por nós, sem sentir a necessidade de presumir de contar aos outros o que há de errado na sua fé.”

Ele também enfatizou a necessidade de ouvir as pessoas de outras fés. “Sejamos honestos: quanto da nossa evangelização é um monólogo?”, perguntou ele. “Todo testemunho confiável requer que estejamos em diálogo com o outro.”

Ele também disse que muitos cristãos britânicos brancos devem estar cientes da sua história colonial e de como isso teve consequências para outras religiões na Grã-Bretanha de hoje. “Como os cristãos britânicos são percebidos quando falamos sobre as reivindicações de Cristo em relação a uma comunidade da diáspora que experimentou o abuso e a exploração de um império que parecia manter a história cristã no centro do seu projeto?”

Ele continuou: “Ao reconhecermos que outras tradições oferecem às pessoas encorajamento, vínculos comunitários e até mesmo uma profunda espiritualidade, não estamos contradizendo quaisquer uma das afirmações que fazemos sobre a centralidade de Jesus Cristo em toda a criação, o nosso compromisso com Ele como a fonte de toda a salvação. Em vez disso, o nosso entendimento pode ser desafiado e enriquecido”.

A evangelização, disse, tem a ver com relacionamento e amor – não com a construção de um poder ou com a garantia de sobrevivência da Igreja. “É por isso que tantos grupos religiosos reclamam com razão de serem ‘alvo’ dos cristãos”, afirmou. “Uma coisa é sentir um chamado a compartilhar a própria vida com uma cultura ou povo particular. Outra coisa é ver os valores dessas pessoas como um todo apenas como ‘quase cristãos’.”

“Como expressamos o nosso amor pelos outros no testemunho, para que eles entendam que são importantes para nós, mesmo que decidam não seguir a Cristo?”

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