19 Fevereiro 2019
A igreja do Vêneto novamente sob os holofotes depois do post do pároco veneziano com o Papa.
A reportagem é de Silvia Maria Dubois, publicada por Corriere della Sera, 18-02-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
"Se a religião é também política? A religião é Evangelho, o que mais posso dizer. E, como tal, contém palavras fortes, palavras que podem incomodar. O próprio cristão incomoda". Nem tem tempo para tomar banho, Padre Nandino, porque os telefonemas na paróquia começam ao amanhecer. Dois dias de likes, de telefones tocando, de batidas na porta em Marghera. O motivo? Aquela selfie com o Papa com um detalhe: um botton, bem visível, com as palavras "Vamos abrir os portos". Nem mesmo se passaram dois meses desde os megafones das polêmicas natalícias (presépio sim, presépio não, presépio dos migrantes, brigas dirigentes-ministério), que a Igreja do Vêneto volta a provocar discussão. E precisamente no dia em que está sendo decidida a imunidade a ser dada ao Ministro do Interior justamente sobre o tema dos migrantes.
Padre Nandino e Papa Francisco.
Foto: Reprodução Facebook
Durante o encontro em Sacrofano com as entidades de acolhimento "Liberi dalla paura” (Livres do medo), o Papa Francisco deixou-se fotografar com o botton que traz o slogan "Vamos abrir os portos". Como foi relatado a Avvenire e documentado pela foto, aconteceu quando Padre Nandino Capovilla, pároco de Marghera (Veneza), aproximou-se do Papa Francisco que pegou o botton na mão e se deixou fotografar.
As imagens foram divulgadas pelo pároco em seu perfil no Facebook, dividindo a web. "Vamos subir nos telhados! Corajosamente o Papa Francisco não perde a oportunidade, não perde tempo com exortações dadas como certas. Permite-se uma foto que relanças aquele Vamos abrir os portos, que está unindo cidadãos do norte ao sul da Itália e que para os cristãos é uma obrigação evangélica para se livrar do medo", escreveu Padre Capovilla no Facebook (causando, evidentemente, controvérsias) postando a selfie com o papa, e recordando as palavras proferidas a Sacrofano pelo pontífice: "O medo é a origem de toda escravidão e de toda ditadura. Em cima do medo do povo cresce a violência dos ditadores.”
"Aquele botton nada mais repete que o forte conceito de nosso Santo Padre, do meu Papa, que nos exorta a não ter medo - explica Padre Nandino. É preciso abandonar o medo, conhecer o que tememos. Não devemos perder essas oportunidades. Se os padres de hoje fazem política? Veja bem, religião é o Evangelho. Um Evangelho que contém coisas fortes, que podem incomodar. Cabe a nós, cristãos, vivê-las. Mesmo à custa de incomodar”. Enquanto isso, o telefone da paróquia da Ressurreição continua a tocar, e a página de Padre Nandino a se encher de posts.
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Padre Nandino e o botton: "Vamos abrir os portos", "Política? Não, é o Evangelho" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU