06 Outubro 2018
“Eu disse... Santo Padre, avance, não tenha medo, mas seja cauteloso”. Assim recorda o bispo Michael Yeung, de Hong Kong, a conversa que teve com o Papa Francisco, animando o Pontífice a continuar buscando um acordo com Pequim. Acordo que finalmente chegou em fins de setembro, e para o qual Yeung deu seu total apoio, embora considere que há detalhes que será necessário monitorar muito de perto.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 05-10-2018. A tradução é do Cepat.
“É como cruzar um rio que você nunca cruzou antes. É necessário olhar a profundidade da água, é preciso tocar as pedras”, opinou Yeung em uma entrevista à Reuters, a propósito deste novo acordo entre o Vaticano e a China. O novo pacto coloca fim a décadas de divisão entre os 12 milhões de católicos do país – separados em igrejas “clandestina” e “patriótica” – ao prever um novo mecanismo de nomeações de bispos acordados entre Pequim e Roma.
“Não acredito que a assinatura deste acordo provisório signifique a solução para tudo. É necessário tempo, será preciso alguns anos para verificar”, continuou o bispo de Hong Kong. Yeung acrescentou que “um acordo provisório não poderia parar a opressão” dos católicos chineses por parte do regime comunista, nem tampouco “evitar que as igrejas sejam derrubadas” ou que “os jovens sejam proibidos de ir à missa”. “Estas coisas precisarão de tempo para se resolver”, observou o religioso, nativo de Xangai.
Com estas declarações otimistas, mas ao mesmo tempo realistas, o bispo Yeung marcou certa distância do cardeal Joseph Zen, que rotulou o novo acordo como “traição” aos católicos chineses fiéis a Roma. Apesar de seu otimismo, Yeung reconhece não estar a par dos detalhes do pacto, e pede que daqui adiante o Vaticano vele por duas coisas em particular: os clérigos “clandestinos” encarcerados por Pequim e a liberdade religiosa.
Um dos clérigos que Yeung pediu para Pequim liberte é o que foi bispo de Baoding, James Su Zhimin, de quem não se sabe nada desde que foi preso em 1997, e que hoje, se continuasse vivo, teria 87 anos. “Se está na prisão, se está recluso em outro lugar secreto ou se morreu, ninguém realmente sabe”, lamentou Yeung.
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Bispo de Hong Kong apoia o acordo com a China, mas reivindica que Pequim liberte clérigos encarcerados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU