13 Junho 2018
Público reduzido do “ex-Vivaldão” em jogos com entrada paga foi quebrado poucas vezes nos últimos 4 anos.
A reportagem é de Paulo André Nunes, publicada por A Crítica, 12-06-2018.
Símbolo-maior da vinda da Copa do Mundo de 2014 para a subsede Manaus, a grandiosa e bela Arena da Amazônia, ex-estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão, construída há quatro anos e que custou R$ 669,5 milhões aos cofres públicos, até hoje ainda busca tirar de sí a alcunha de “elefante branco”. Apesar de ninguém questionar seu caráter multiuso, que já foi colocado em prática e testado na prática várias vezes com eventos culturais de vários tipos, fica no ar a frustração de ver que o futebol, nele, não tem magnitude nas partidas, porque o público geralmente é bem aquém do desejado para a sua capacidade de 44.500 espectadores, 338 vagas de estacionamento e custo de R$ 669,5 milhões.
Há exceções, claro, mas em sua grande parte elas vêm de jogos de seleções ou de times de fora do Estado. É o caso das quatro partidas de Copa, todas com público superior a 40 mil pessoas. Ou na semifinal entre Vasco 2 x 0 Flamengo na semifinal do Campeonato Carioca de 2016, quando o estádio recebeu seu recorde no novo formato de arena: 44.419 torcedores.
A Copa do Mundo abriu caminho para que o Comitê Olímpico Brasileiro confirmasse, em 12 de janeiro de 2015, Manaus como sede de seis partidas em três rodadas duplas do Torneio Olímpico dos Jogos Rio 2016 – nos dias 4 aconteceu Suécia x Colômbia e Nigéria x Japão, dia 7 do mesmo mês Suécia x Nigéria e Japão x Colômbia (os quatro anteriores pelo torneio masculino) e, dia 9, Colômbia x Estados Unidos e África do Sul x Brasil pelo feminino.
Uma das maiores autoridades do esporte amazonense em todos os tempos, o radialista e ex-superintendente da Fundação Vila Olímpica, Arnaldo dos Santos Andrade, comentou sobre como ele vê a situação atual da Arena da Amazônia. E é com preocupação.
“Fico preocupado, temeroso, volto no passado e vejo o que foi feito com o Vivaldão, que de repente estava no chão, foi uma luta para se sorguer, foi pro chão novamente, veio a Arena e a responsabilidade para a Copa do Mundo, mas como o Brasil todo, está passando por um processo de responsabilidade, cabe a nós amazonenses ter a responsabilidade de dar às mãos aquele patrimônio porque ele representa não só o Amazonas, mas essa parte da América que é muito importante para o futebol mundial e, sobretudo, para o futebol brasileiro”, disse Arnaldo, que , é coordenador do Peladão, evento de futebol amador realizado pela Rede Calderaro de Comunicação (RCC) e cuja final costuma levar grandes públicos à Arena da Amazônia mediante contribuição de alimentos ou brinquedos – a final deste ano levou 20 mil torcedores que doaram 1 bola para ser destinada a entidades filantrópicas.
Ele também falou sobre o público diminuto da Arena. “Esse é o problema da fase a qual estamos passando. Se você comparar a torcida do São Raimundo com a tradição da torcida do Nacional e do Rio Negro, jamais você poderia imaginar que um estádio ficasse sempre repleto a cada jogo com os torcedores porquê o clube dele era um espetáculo, viciante e verdadeiramente na divisão brasieira que era a Segunda Divisão (Série B). Foram sete anos de grande sucesso. Uma prova evidente de que o povo quer isso, ele precisa ver o espetáculo de forma diferenciada, pois o amor, a vontade, a colaboração e a participação tem um limite”, analisa o renomado desportista.
44. 419 é o recorde de público da Arena da Amazônia. Foi no “Clássico dos Milhões” entre Vasco 2 x 0 Flamengo pela semifinal do Cariocão 2016.
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Mesmo após 4 anos, Arena da Amazônia ainda luta contra fama de ‘elefante branco’ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU