19 Mai 2018
Não sou eu quem digo, quem diz é um bispo espanhol, que se abre em uma conversa de café. E que confirma o que, nesta página, há meses denunciamos: um setor nada desdenhável da Igreja espanhola optou pela ‘resistência’, por enfrentar as mudanças propostas por Papa Francisco, não a partir de uma oposição direta, mas do silêncio, inatividade e bloqueio.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 18-05-2018. A tradução é do Cepat.
“Pensam que isto será um vento que passará, e que depois virá o seu momento, o da restauração”, acrescenta este prelado, que, não obstante, demonstra-se convencido de que “a realidade vai por outro lado, e mais cedo do que tarde terão que se dar conta de que não há volta”. “Tem que acontecer como na época de Tarancón e a Transição... só que agora não temos nenhum Tarancón, e sim muitos ‘aprendizes de dom Marcelo’”, acrescenta este bispo.
O certo é que desde quando, há cinco anos, Francisco assumiu a cátedra de Pedro, a reação de um grupo de prelados – minoritário, mas muito poderoso – foi a de se esconder em seus quartéis de inverno. E, o que é pior, utilizar frases do próprio Papa para justificar atuações que vão radicalmente contra os postulados de Bergoglio. Não são muitos, mas há alguns deles relativamente ‘jovens’ e, portanto, esperam pacientemente chegar a sua vez.
Não se deve esquecer que Osoro, Omella e Blázquez (assim como o próprio Papa) já contam com uma carreira extensa, e seus anos à frente das dioceses não deverão ultrapassar 6 ou 7 anos. Frente a eles, algum arcebispo que beira os 60 e um grupo de bispos – os mais reacionários, curiosamente, os mais próximos a Rouco Varela e seu sucessor, Fidel Herráez - com ao menos vinte anos de episcopado no horizonte. Outros, mais velhos, ainda possuem alguns anos de futuro, necessários para assumir o comando quando, segundo esperam, passe ‘a gripe Bergoglio’ (assim a chamam) e venham eles com o remédio: Involucionitis.
Jesús Sanz, Munilla, Camino, Demetrio, Zornoza, Carrasco, Reig, Herráez, Pérez... são minoria, mas uma minoria muito qualificada. Muito bem organizada. Que optou pela resistência e o bloqueio, ainda que não se atreva a dar a face e apontar, diretamente, aquele que consideram seu inimigo: o próprio Papa Francisco.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Espanha. “Há 15 ou 20 bispos que bloqueiam qualquer mudança” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU