27 Julho 2017
'Não se trata de casos isolados de abuso, como o cardeal Müller sempre insistiu quando era bispo de Regensburg'.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por The Tablet, 26-07-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
O bispo de Regensburg, Rudolf Voderholzer, pediu perdão às centenas de vítimas dos escândalos do coro Domspatzen, dizendo que está "profundamente abalado" com as conclusões do relatório divulgado na semana passada.
Publicado em 17 de julho, o relatório encomendado pela diocese de Regensburg e compilado pelo advogado Ulrich Weber afirma que 547 meninos foram abusados na prestigiada escola de canto de Regensburg, na Baviera, entre os anos de 1945 e 1992.
A reação do bispo Voderholzer foi de encontro à do ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Gerhard Muller, que foi bispo de Regensburg de 2002 a 2012, que admitiu que "estava com vergonha pelo que aconteceu na Igreja", mas enfatizou que "foi feito todo o possível e necessário", recusando-se a pedir desculpas.
"Tudo isso me deixa profundamente culpado e envergonhado", escreveu o bispo Voderholzer em uma carta pastoral lida em voz alta em todas as paróquias da diocese de Regensburg no dia 23 de julho. "É ainda mais pesado pensar que todas essas crianças foram confiadas de boa fé aos sacerdotes e funcionários da igreja, que tinham obrigação de agir em nome de Cristo, o Bom Pastor".
A contribuição mais importante para as investigações havia sido feita pelas vítimas, destacou Voderholzer, expressando sua mais profunda gratidão a eles. Em seus encontros, ele aprendeu que escutar as expectativas e necessidades das vítimas era tão importante quanto investigar as estruturas e conexões que haviam levado aos abusos. "Queremos que eles tenham reconhecimento e justiça e queremos ajudá-los", afirmou.
O encarregado de casos de abusos sexuais do governo alemão, Johannes-Wilhelm Rörig, que pediu que o Cardeal Müller se desculpasse imediatamente após a publicação do relatório Domspatzen, lamentou que o cardeal não houvesse chamado nem escutado as vítimas em 2010, quando os casos explodiram pela primeira vez.
"Não se tratam de casos isolados de abuso, como o cardeal Müller sempre insistiu quando era bispo de Regensburg. Trata-se de as estruturas da Igreja, como eram na época, terem facilitado os abusos, que nunca tiveram acompanhamento consistente o suficiente. Desde a publicação do relatório, estou me questionando por que é tão difícil para um cardeal da Cúria encontrar uma palavra de desculpas, mas também de empatia, diante de centenas de atos de violência cometidos contra crianças indefesas", disse Rörig.
Müller disse ao jornal alemão Passauer Neue Presse , em 20 de julho, que o próprio Rörig deveria se desculpar por alegar que ele - Müller - havia atrasado as investigações, o que era diametralmente oposto à verdade.
Em entrevista ao jornal italiano Il Corriere della Sera, Muller também falou sobre o irmão do Papa emérito Bento XVI, Georg Ratzinger, que foi maestro do coro na escola de 1964 a 1994.
O relatório de Weber afirmou que Georg era "corresponsável" pelos abusos que ocorreram o período em que foi maestro. No entanto, Müller defendeu o irmão do papa emérito dizendo que "tem certeza de que ele [Pe. Ratzinger] não sabia de nada".
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Relatos sobre abusos no coro de Regensburg 'abalam' bispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU