Por: João Conceição e Marilene Maia | 17 Abril 2017
Desde 2010 o Brasil apresenta desaceleração da atividade econômica, situação que foi agravada a partir de 2014, com eleições presidenciais, políticas de austeridade e incertezas na política. Ao longo desse período, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, apresentou mensalmente a movimentação do mercado de trabalho formal.
Os dados reunidos são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED, disponibilizados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.
Os dados dos trabalhadores admitidos referem-se àqueles que se inseriram no mercado formal de trabalho. Já o número de desligados refere-se a dispensa com justa causa ou sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, transferência, aposentadoria ou morte.
O resultado entre admitidos e desligados resulta no número de postos de trabalho que foram criados ou extintos. Se o resultado for positivo, indica criação de novos postos de trabalho, se for negativo, indica a quantidade de postos de trabalho extintos.
A tabela abaixo apresenta a movimentação no mercado de trabalho no Vale do Sinos em janeiro e fevereiro de 2017 para os 14 municípios da região. Após dois anos de crescente taxa de desemprego no mercado de trabalho, a região voltou a apresentar número positivo de admitidos.
Apenas dois municípios do Vale do Sinos ainda seguem com saldo negativo no mercado formal: Canoas com 221 e Esteio com 148 postos de trabalho reduzidos entre janeiro e fevereiro de 2017. Chama atenção que municípios com população e com economia pequena contribuíram bastante para o saldo positivo no início de 2017. Foi o caso de Sapiranga (920), Estância Velha (425) e Nova Hartz (243). Esses municípios foram responsáveis por 51,00% dos empregos formais criados.
A tabela 2 mostra essa movimentação pelos oito setores definidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. É possível analisar que os setores mais importantes da economia apresentam tendência de elevação nas contratações. É o caso da Indústria de Transformação, com saldo de 2.723 novos postos de trabalho criados, o setor de Serviços, com 596, e a Construção Civil, com 276. Mais da metade dos postos de trabalho criados nesse último setor foram no município de Nova Santa Rita.
Apesar desse saldo positivo depois de meses de elevação do número de desempregados no Vale do Sinos, os dados do CAGED ainda permitem fazer a identificação sobre o tipo de emprego que foi criado nos últimos meses.
O que chama mais atenção é que 95,34% desses trabalhadores ganham entre 0,50 e 3,0 salários mínimos. Isso significa que os empregos criados nesse período são de baixa remuneração. As pessoas que foram demitidas estão sendo contratadas por salários mais baixos. Os grandes municípios do Vale do Sinos concentram a maioria desses casos. Deve-se destacar também o município de Campo Bom, que apresentou 1.127 trabalhadores ganhando entre 1,01 e 1,50 salários mínimos. Esse número foi superior ao de municípios de Esteio e Sapucaia do Sul, os quais possuem uma população significativamente maior.
Além dos baixos salários apresentados nos empregos criados no período, apresenta-se também a alta carga horária de trabalho desses trabalhadores. Os dados sistematizados na tabela abaixo mostram que 86,75% dos postos de trabalhos criados em janeiro e fevereiro possuem faixa semanal de 41 a 44 horas. Portanto, os empregos criados indicam precarização por possuírem baixa remuneração e alta jornada de trabalho.
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Vale do Sinos volta a ter saldo positivo no mercado de trabalho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU