Por: João Flores da Cunha | 14 Fevereiro 2017
O candidato da esquerda à presidência do México, Andrés Manuel López Obrador, fez duras críticas ao presidente estadunidense Donald Trump em um comício em Los Angeles no dia 12-02. Pesquisas de opinião mostram que, hoje, ele é o favorito a vencer as eleições, que serão realizadas em julho de 2018.
Enquanto o governo do presidente Enrique Peña Nieto busca uma estratégia de aproximação e de diálogo com Trump, López Obrador se firma como um contraponto ao mandatário dos Estados Unidos. No comício, que foi realizado no mesmo dia em que milhares de mexicanos saíam às ruas do México para protestar contra Trump, ele fez críticas às políticas de imigração do novo governo estadunidense e à proposta de ampliação da barreira existente entre os dois países.
López Obrador, que se apresenta com um discurso de mudança, lidera em todos os cenários eleitorais. Ele subiu nas pesquisas após a queda na popularidade de Peña Nieto e a eleição de Trump. Outra candidata que figura bem nas intenções de voto é Margarita Zavala, do Partido Ação Nacional – PAN, ex-primeira-dama do país (ela é casada com o ex-presidente Felipe Calderón).
No comício em Los Angeles, López Obrador afirmou que “quando se constrói um muro para segregar as populações, ou quando a palavra ‘estrangeiro’ é utilizada para insultar, denegrir e discriminar nossos semelhantes, ofende-se a humanidade, a inteligência e a História”. Ele comparou o ressentimento mantido por setores da população estadunidense com a situação econômica do país ao período da Alemanha pré-nazista.
Apesar desse cenário, o candidato afirmou estar otimista. “Considero que o muro e a demagogia do patriotismo não poderão com o talento e a dignidade do povo estadunidense. Com argumentos, a força da opinião pública terminará por fazer entrar em razão aos que, como Donald Trump, optam pelo uso da ameaça e da força”.
López Obrador criticou o posicionamento de Peña Nieto em relação a Trump, e disse que, se o governo mexicano não entrar nos próximos dias com uma representação na Organização das Nações Unidas – ONU contra a proposta de ampliação do muro, por violações aos direitos humanos, ele próprio o fará. O candidato pretende viajar por diversas cidades dos Estados Unidos para defender os imigrantes mexicanos.
No se asusten no tengan miedo; no hay Trump que por bien no venga
— Giovanni Aguirre (@hgiovanni12) 13 de fevereiro de 2017
Mensaje del @padresolalinde #AMLOEnLosAngeles@lopezobrador_ pic.twitter.com/p8uj3EHur5
López Obrador, conhecido como AMLO, já se candidatou duas vezes a presidente do país, e, em ambas as ocasiões, ficou em segundo lugar. As eleições de 2006 foram marcadas pela pequena diferença entre os dois primeiros colocados – o eleito Felipe Calderón teve 35,6% dos votos, e López Obrador, 35,59%. O esquerdista não reconheceu a derrota, e atribuiu o resultado a supostas fraudes eleitorais.
À época, ele pertencia ao Partido da Revolução Democrática – PRD, o qual deixou para fundar o Morena, Movimento Regeneração Nacional. O partido é centrado em López Obrador, que o preside, e em suas aspirações de se converter em presidente do país. Em termos eleitorais, a esquerda mexicana depende de sua figura para obter um bom resultado nacionalmente.
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México. Crítico de Trump, candidato da esquerda hoje é favorito à presidência - Instituto Humanitas Unisinos - IHU