Por: Ricardo Machado | 29 Outubro 2016
Do ponto de vista da Reforma Protestante as atividades de um sacerdote ordenado seriam superiores às de uma mãe? Não. Se olharmos para o tema a partir da perspectiva da vocação, a resposta continua sendo um sonoro e uníssono não. Entretanto, isso não significa que Lutero era um homem à frente de seu tempo, livre de quaisquer preconceitos, era antes seu filho dileto. “Na ordem natural, o papel da mulher corresponde à sua função materna — e nisto Lutero ecoa a visão medieval, onde a mulher era subordinada ao homem. Ainda assim, Lutero não propõe uma submissão cega e unilateral das mulheres, mesmo que muitas vezes se refira a elas em linguagem crassa”, pondera a professora e pesquisadora Wanda Deifelt, em entrevista por e-mail à IHU On-Line.
Ao pensar os ecos da Reforma Protestante na atualidade, Wanda analisa criticamente o protestantismo ao mesmo tempo que leva em conta o período histórico em que o movimento ocorre. “Pode-se dizer que a ideia do ministério feminino encontrou resistências em teólogos como Lutero e Calvino muito mais a partir dos seus limites históricos do que de suas convicções teológicas”, sustenta. Todavia, ao mirar o futuro a professora o vê positivamente. “Continuamos trabalhando em direção a um futuro que conduza a uma comunhão ainda maior, onde possamos entender hospitalidade eucarística uns aos outros, reconhecer a variedade de dons e ministérios existentes em nossas igrejas e afirmar que nossas comunhões eclesiais são igualmente Corpo de Cristo, apesar das diferenças teológicas que continuam nos separando”, completa.
Wanda Deifelt | Foto: Luther College
Wanda Deifelt é brasileira, luterana, possui graduação em Teologia pela Escola Superior de Teologia – EST, de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Tem mestrado pelo Garrett-Evangelical Theological Seminary e doutorado pela Northwestern Univesity, ambas na cidade de Evanston, estado de Illinois, EUA. Atua como professora e coordenadora do departamento de Religião da Luther College, na cidade de Decorah, estado de Iowa, EUA. Trabalha com teologias contextuais, em especial teologia feminista. Entre os temas que aborda estão Lutero e luteranismo, criação, cristologia, direitos humanos e sexualidade. É autora de, entre outras obras, À flor da pele - Ensaios sobre gênero e corporeidade (São Leopoldo: Sinodal, EST, CEBI, 2004).
Confira a entrevista.
HU On-Line – O que aprendemos (ou deveríamos ter aprendido) com Martinho Lutero e com a Reforma Protestante?
Wanda Deifelt - Lutero [1] desafiou muitos ensinamentos e práticas da Igreja Católica medieval ao afirmar que a fé em Cristo é suficiente para a salvação. Deus nos aceita e nos pronuncia justos não por causa de nossas obras ou méritos, mas através da nossa fé em Jesus Cristo — que nasceu, sofreu, foi crucificado e morreu por nossos pecados. Em seu comentário sobre Gálatas, Lutero resume isto dizendo que salvação e vida eterna não vêm pela lei mas pela graça, não pelas obras que fazemos mas pelo amor de Deus que opera em nós, não por nossa vontade mas por Jesus Cristo.
Acreditar que a salvação pode ser alcançada através dos nossos próprios esforços pode levar tanto à arrogância quanto ao desespero. Lutero vivia na angústia de não saber se ele havia feito tudo o que podia para assegurar o favor de Deus. Ele era tomado pelo temor de não ter cumprido todos os mandamentos, de não ter confessado todos os seus pecados, de não ter feito todas as boas obras que a lei exige, ou de não ter vivido uma vida sem máculas. Como aplacar a ira de Deus? Como encontrar um Deus misericordioso? Este peso de nunca conseguir fazer o suficiente para assegurar o favor de Deus o atormentava a ponto dele muitas vezes chegar a odiar Deus — um Deus juiz e carrasco que pune os pecadores.
A justificação pela fé se tornou um dos principais temas na Reforma Protestante. A partir da leitura das Sagradas Escrituras, Lutero foi inspirado pela teologia paulina de que “o justo viverá pela fé” (Romanos 1:17). A postura da Igreja Católica medieval, de que à fé também boas obras deveriam ser acrescentadas para alcançar a salvação, havia levado a muitos abusos, em particular a venda de indulgências. Lutero compreendeu que somente a fé nos justifica perante Deus, ou seja, que em um sentido forense Deus nos pronuncia justos e justas mesmo que sejamos pecadores e pecadoras. A justiça de Deus, revelada pelo evangelho, é a justiça passiva com que Deus nos justifica pela fé (Deus nos justifica, não somos nós quem nos justificamos).
Esta foi a descoberta de Lutero: O encontro salvífico entre Deus e a humanidade, entre criador e criatura, só é possível através da iniciativa de Deus, chegando a encontrar-nos em nosso mundo quebrado e pecaminoso. Deus vem a nós como um presente, uma dádiva. Nossos esforços não são suficientes para produzir a salvação. Antes, recebemos salvação pela fé em Cristo e através da graça de Deus.
IHU On-Line – Qual foi o impacto da Reforma Protestante no que diz respeito à participação das mulheres nas Igrejas Luterana e Católica?
Wanda Deifelt - No século XVI, o espaço ocupado pelas mulheres era bastante restrito: casa, convento, ou prostíbulo. A casa oferecia a manutenção da família, o convento dava oportunidade de educação e o prostíbulo era uma forma de sobrevivência. Lutero foi crítico à vida monástica e entendeu o celibato como contrário à ordem natural ditada por Deus. Também foi severo em relação à prostituição por entender que ela corrompe a integridade pessoal. Para Lutero, a maternidade e o matrimônio eram o lugar natural das mulheres. Em sua visão de vocação, as atividades de um sacerdote ordenado não são superiores às de uma mãe que troca as fraldas de uma criança. Lutero atribui um teor espiritual à procriação, atentando que cabia à mulher, como boa esposa e mãe, também o cuidado das crianças e a educação cristã na família.
Para Lutero, o casamento não é mais considerado um sacramento, mas uma instituição temporal (weltlich) ordenada por Deus, e que deve conter a realidade de pecado. A sexualidade deveria ser vivida dentro do matrimônio. Como imagem de Deus, homem e mulher são iguais, o que se reflete especialmente na ordem da redenção: ambos são justificados e chamados a viver em Cristo. Porém, na ordem natural, o papel da mulher corresponde à sua função materna — e nisto Lutero ecoa a visão medieval, onde a mulher era subordinada ao homem. Ainda assim, Lutero não propõe uma submissão cega e unilateral das mulheres, mesmo que muitas vezes se refira a elas em linguagem crassa. Percebe-se em Lutero um descompasso entre o avanço teológico e a aquiescência à cultura da época.
A experiência dos conventos, onde as mulheres tinham acesso à educação teológica e estavam livres do perigo de mortalidade materna (por ocasião do parto), foi desacreditada pelos reformadores. Dentro da tradição protestante, o ensino religioso cristão foi amplamente difundido e o papel das mulheres era considerado tão importante quanto o do homem no testemunho da fé. Porém, não havia indicação de que mulheres pudessem assumir também o sacerdócio ordenado, apesar da ênfase no sacerdócio geral. Pode-se dizer que a ideia do ministério feminino encontrou resistências em teólogos como Lutero e Calvino [2] muito mais a partir dos seus limites históricos do que de suas convicções teológicas.
Um exemplo disto é o papel das mulheres como pregadoras. Lutero usa dois argumentos para delimitar este ministério. Em primeiro lugar, utiliza o argumento cultural, ou seja, que os homens teriam mais desenvoltura para se expressar em público. Quem quer pregar deveria ter boa voz, eloquência, memória, além de outros dons naturais. Para Lutero, a pregação masculina é mais apropriada para manter o respeito e a disciplina. O segundo argumento é de ordem teológica. Quando Paulo invoca a lei (Gênesis 3.16) que impõe submissão às mulheres, Lutero contrapõe o Evangelho e o Espírito. Lutero reconhece a existência de mulheres proeminentes na tradição bíblica e menciona, ele próprio, personagens como Miriam, Hulda, Débora e Maria — notórias pelo dom da profecia. Pelo Espírito Santo as mulheres são chamadas e poderiam exercer autoridade sobre homens (especialmente na profecia, conforme interpretação de Joel 2.28). Mas acaba concordando com Paulo, que a pregação feminina não seria aceitável quando na comunidade há homens para fazê-lo. No parágrafo seguinte, no entanto, Lutero deslegitima esta conclusão ao afirmar que o ofício da pregação é comum a todos cristãos, parte do sacerdócio geral.
Neste sacerdócio estão incluídas todas pessoas batizadas - homens e mulheres — e confessantes de sua fé cristã. Todas pessoas são igualmente santas e pecadoras (simul justus et peccator), independente de classe, raça e gênero. Superados os argumentos culturais, a ordenação de mulheres nas igrejas protestantes não é simplesmente uma consequência do sacerdócio geral de todas as pessoas que creem, mas uma coerência teológica. Na igreja cristã é inadmissível que uns queiram sobrepujar os outros. Por isto também o ministério ordenado é visto como um serviço, e não como um privilégio, que se estende tanto a homens como a mulheres.
IHU On-Line – A propósito, na avaliação da senhora, a Reforma foi um evento positivo ou negativo para os cristãos?
Wanda Deifelt - Apesar de darmos crédito a Lutero, é necessário lembrar que ele não foi o primeiro e nem o único reformador. Antes dele, John Wycliffe [3] e Jan Huss [4] haviam ensaiado reformas dentro da igreja, mas foram perseguidos como heréticos. Como movimentos, os cátaros [5] e valdenses [6] inauguraram certas práticas, como a tradução de textos da Bíblia para o vernáculo e o questionamento sobre a autoridade do papa, que encontraram eco na teologia de Lutero. Além disso, Lutero não trabalhou sozinho. Seus colegas da Universidade de Wittenberg (Phillip Melanchton, [7] por exemplo) foram colaboradores neste processo.
Como um todo, a Reforma teve efeitos positivos mas também teve consequências indesejadas. A cisão no corpo de Cristo (a separação entre a igreja católica e as igrejas protestantes) foi uma destas consequências indesejadas. Há que se entender que este não foi o intento inicial do movimento da Reforma. Quando Lutero postou suas 95 teses em Wittenberg, em 1517, ele estava chamando para um debate, no verdadeiro sentido do engajamento acadêmico. Ele queria debater a validade das indulgências, a autoridade do papa em vendê-las e a bagatelização do arrependimento que as indulgências provocam na vida cristã.
Quando Lutero enviou suas teses ao Arcebispo de Mainz, Alberto de Brandemburgo, sua esperança era que, uma vez que as autoridades da igreja soubessem desses abusos, os problemas seriam resolvidos. Desapontado com a falta de mudanças e diante da má vontade da liderança eclesiástica em conclamar um concílio para reformar a igreja, Lutero se tornou mais e mais crítico. Sua linguagem para se referir à hierarquia da Igreja Católica (e ao papa em particular) muitas vezes foi dura, referindo-se a eles como "bajuladores", "peste" e "Anticristo”. Como pessoa, Lutero teve muitas virtudes, mas também teve falhas. Não só a sua linguagem, mas também certas posturas devem ser criticadas. Ele não media insultos quando tratava com seus oponentes. Em seus escritos sobre os judeus e os camponeses, Lutero incita violência e promove controvérsia. Seus comentários sobre as mulheres nem sempre são edificantes. De muitas maneiras, ele foi um filho de seu tempo e era limitado por sua própria visão de mundo.
A Reforma, como um processo, não é o resultado da ação de um indivíduo, mas a soma de muitas vozes proféticas que apontam as incoerências existentes na estrutura eclesial. Como tal, reformas são extremamente necessárias. É necessário que a igreja retorne sempre de novo ao seu fundamento, que é Cristo, e avalie se sua ação e pregação estão em conformidade com o Evangelho.
Em um sentido amplo, pode-se ilustrar o efeito reformatório que o Concílio Vaticano II [8] teve dentro da igreja católica, por exemplo. O Concílio propôs que a missa não fosse mais em latim, mas no vernáculo, que pessoas leigas tivessem maior participação na vida litúrgica e que a Bíblia fosse mais amplamente difundida e utilizada nas paróquias (entre muitas outras mudanças). As semelhanças entre estas iniciativas e a Reforma do século XVI são evidentes.
IHU On-Line – Quais são os dons da Reforma Protestante?
Wanda Deifelt - A Reforma do século XVI trouxe muitas contribuições que continuam tendo impacto ainda hoje. A tradução da Bíblia para o vernáculo, usando não o texto latino (Vulgata) mas os textos originais em hebraico e grego e a vasta publicação de bíblias em alemão deu maior acesso à Palavra de Deus. Lutero acreditava que todos deveriam ler, estudar e guiar suas vidas segundo a boa nova do evangelho. Mas poucas pessoas realmente sabiam ler ou escrever. Apesar da disponibilidade de material de leitura, estima-se que menos de 10% da população era alfabetizada. Para Lutero e os demais reformadores, esta foi uma forte motivação para criar escolas para que tanto meninos como meninas fossem educadas.
A Reforma também afirmou o papel das pessoas leigas. O culto passaria a ser na língua do povo e não mais em latim, a língua do clero. A educação era importante não só porque o movimento da Reforma começou no contexto da universidade, mas porque leigos e leigas também deveriam receber formação teológica. Não só o clero ou a elite educada, mas toda a cristandade — mulheres e homens, meninos e meninas, jovens e velhos — deveria se tornar theodidacti, ensinada por Deus. Para ajudar neste processo, e para responder à profunda lacuna na formação leiga, Lutero escreveu duas versões do catecismo — uma para as crianças e outra para adultos, para serem instruídos na fé.
Ao lado da Palavra de Deus, também a música mereceu atenção. Além de teólogo e biblista, Lutero também foi músico e compositor. Na reforma da liturgia, ele deu importância ao sermão (onde a Palavra de Deus, a boa notícia do evangelho deve ser pregada) e à música cantada por toda comunidade. Lutero compôs muitos corais e, juntamente com outros músicos, editou um hinário. Música deveria ser ensinada nas escolas. O canto congregacional não só ajudou a incentivar a participação de pessoas leigas; adicionar música às palavras ajudava as pessoas comuns a compreender a mensagem de Cristo. Lutero não via problemas em usar músicas populares e acrescentar textos bíblicos a elas.
IHU On-Line – De que forma o diálogo, entre católicos e protestantes, está se dando atualmente?
Wanda Deifelt - Desde 1967 há uma comissão internacional, nomeada pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos - PCPUC e a Federação Luterana Mundial - FLM, para facilitar o diálogo ecumênico. Nestes quase 50 anos, muitos temas que foram estudados e debatidos pela comissão ajudaram a forjar uma melhor compreensão sobre as posições teológicas de cada uma das igrejas. Ao invés de enfocar no que nos separa ou diferencia, a ênfase tem sido naquilo que nos agrega e congrega. Assim, em 1999, a comissão elaborou a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, assinada por representantes da Igreja Católica e da Federação Luterana Mundial. Trata-se de um sinal visível da unidade do Corpo de Cristo quando o mesmo tema que levou a rupturas no século XVI trouxe aproximação entre as duas comunidades eclesiais.
Em preparação para o quinto centenário da Reforma, em 2017, a comissão elaborou o documento Do Conflito à Comunhão. Este documento oferece a católicos e luteranos um enfoque conjunto para a comemoração dos 500 anos — uma tentativa de descrever a história da Reforma conjuntamente, de analisar os argumentos teológicos que estavam em jogo, de traçar os desenvolvimentos ecumênicos entre as duas comunhões, de identificar a convergência alcançada e as diferenças que ainda persistem.
De semelhante modo, há muitos diálogos bilaterais católico-romanos e luteranos em nível nacional. No Brasil, por exemplo, o documento Do Conflito à Comunhão foi objeto de estudo do encontro entre pastores sinodais da igreja luterana e bispos da CNBB em agosto de 2016. Além disso, a comissão bilateral católico-romana e luterana no Brasil também promoveu seminários e encontros periódicos para estudar temas como hospitalidade eucarística, por exemplo.
Neste ano, o aniversário da Reforma vai contar com a presença do Papa Francisco em uma comemoração ecumênica, na Suécia. Celebrações ecumênicas têm acontecido há anos, mas fazê-lo nesta ocasião e contar com a presença do papa tem um efeito especial. É um sinal de reconciliação diante dos séculos marcados por conflito. É um gesto importante, mas não é o objetivo último da caminhada ecumênica. Continuamos trabalhando em direção a um futuro que conduza a uma comunhão ainda maior, onde possamos entender hospitalidade eucarística uns aos outros, reconhecer a variedade de dons e ministérios existentes em nossas igrejas e afirmar que nossas comunhões eclesiais são igualmente Corpo de Cristo, apesar das diferenças teológicas que continuam nos separando.
Notas:
[1] Martinho Lutero (1483-1546): teólogo alemão, considerado o pai espiritual da Reforma Protestante. Foi o autor da primeira tradução da Bíblia para o alemão. Além da qualidade da tradução, foi amplamente divulgada em decorrência da sua difusão por meio da imprensa, desenvolvida por Gutemberg em 1453. Sobre Lutero, confira a edição 280 da IHU On-Line, de 03-11-2008, intitulada Reformador da Teologia, da igreja e criador da língua alemã. (Nota da IHU On-Line)
[2] João Calvino (1509-1564): teólogo cristão francês, teve uma influência muito grande durante a Reforma Protestante e que continua até hoje. Portanto, a forma de Protestantismo que ele ensinou e viveu é conhecida por alguns pelo nome Calvinismo, embora o próprio Calvino tivesse repudiado contundentemente este apelido. Esta variante do Protestantismo viria a ser bem-sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os africânderes), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos. Leia, também, a edição 316 da IHU On-Line intitulada Calvino - 1509-1564. Teólogo, reformador e humanista. (Nota da IHU On-Line)
[3] John Wycliffe (1320-1384); teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. Trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe. (Nota da IHU On-Line)
[4] Jan Huss (1369-1415): pensador e reformador religioso. Iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Os seus seguidores ficaram conhecidos como os Hussitas. A igreja católica não perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410. Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo. (Nota da IHU On-Line)
[5] Albigenses ou cátaros: O catarismo (do grego katharos, que significa puro), foi uma religião cristã da Idade Média, surgida na França no final do século XI, apresentada por alguns como um sincretismo cristão, gnóstico e maniqueísta, manifestado num extremo ascetismo. No entanto, os principais historiadores atuais do catarismo percebem este movimento como intrinsecamente cristão e relativamente independente de movimentos anteriores, derivando sua concepção gnóstica do universo de uma leitura independente das Escrituras Sagradas, especialmente o Novo Testamento. Os cátaros concebiam a dualidade entre o espírito e a matéria, relacionados respectivamente com o bem e o mal absolutos. Foram condenados pelo 4º Concílio Lateranense em 1215 pelo Papa Inocêncio III, e aniquilados por uma Cruzada e pelas ações da Inquisição, tornada oficial em 1233. Os cátaros, que também eram chamados de albigenses, rejeitavam os sacramentos católicos. (Nota da IHU On-Line)
[6] Valdenses: são uma denominação cristã que teve sua origem entre os seguidores de Pedro Valdo na Idade Média e subsiste hoje como um grupo etnorreligioso na Itália e Uruguai nas igrejas Valdense e Evangélica Valdense do Rio da Prata, além de descendentes na Alemanha, Estados Unidos e França. Mesmo após a morte de Pedro Valdo, em 1217, seus discípulos continuaram o movimento, sendo nomeados valdenses. Condenados pelo papado, os valdenses foram perseguidos durante a Idade Média e a Reforma Protestante, quando juntaram-se ao nascente protestantismo no Sínodo de Chanforan em 1532. Desde então, os valdenses subscrevem ao Calvinismo. (Nota da IHU On-Line)
[7] Philipp Melanchthon (1497-1560): foi um reformador, astrólogo e astrônomo alemão. Colaborador de Lutero, redigiu a “Confissão de Augsburgo” (1530) e converteu-se no principal líder do luteranismo após a morte de Lutero. (Nota da IHU On-Line)
[8] Concílio Vaticano II: convocado no dia 11-11-1962 pelo Papa João XXIII. Ocorreram quatro sessões, uma em cada ano. Seu encerramento deu-se a 08-12-1965, pelo Papa Paulo VI. A revisão proposta por este Concílio estava centrada na visão da Igreja como uma congregação de fé, substituindo a concepção hierárquica do Concílio anterior, que declarara a infalibilidade papal. As transformações que introduziu foram no sentido da democratização dos ritos, como a missa rezada em vernáculo, aproximando a Igreja dos fiéis dos diferentes países. Este Concílio encontrou resistência dos setores conservadores da Igreja, defensores da hierarquia e do dogma estrito, e seus frutos foram, aos poucos, esvaziados, retornando a Igreja à estrutura rígida preconizada pelo Concílio Vaticano I. O Instituto Humanitas Unisinos - IHU produziu a edição 297, Karl Rahner e a ruptura do Vaticano II, de 15-06-2009, disponível em , bem como a edição 401, de 03-09-2012, intitulada Concílio Vaticano II. 50 anos depois, e a edição 425, de 01-07-2013, intitulada O Concílio Vaticano II como evento dialógico. Um olhar a partir de Mikhail Bakhtin e seu Círculo. Em 2015, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promoveu o colóquio O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade. As repercussões do evento podem ser conferidas na IHU On-Line, edição 466, de 01-06-2015, e também em Notícias do Dia no sítio IHU. (Nota da IHU On-Line)
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Um olhar feminino sobre a Reforma Protestante. Entrevista especial com Wanda Deifelt - Instituto Humanitas Unisinos - IHU