Por: Jonas | 30 Agosto 2013
Termina agosto no Vaticano. Um mês em que, tradicionalmente, o Papa descansa, vai a Castel Gandolfo ou aos Alpes, e a vida na Cúria acalma. No entanto, este surpreendente 2013 nos trouxe um frenético mês de trabalho, projetos de reforma e um Pontífice sem férias.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada no sítio Religión Digital, 28-08-2013. A tradução é do Cepat.
Francisco dedicou este mês para preparar seu projeto de reforma da Cúria, contando já com os relatórios dos oito membros da Comissão cardinalícia. Também, para lidar com as situações difíceis que a velha guarda da cúria colocou para Bergoglio, por meio das figuras de dom Ricca e Francesca Chauqui, para tratar de frear o “furacão Francisco”. A dramática situação na Síria tem preocupado e alarmado o Papa. Dizem que o Pontífice poderá solicitar um encontro urgente com o presidente Obama e o secretário geral das Nações Unidas.
Contudo, nestes dias, o principal trabalho de Francisco girou em torno da figura do novo secretário de Estado. Como já dissemos, o sucessor do cardeal Bertone – que continua pressionando para se perpetuar no cargo ou, ao menos, manter sua influência tanto no IOR como no governo da Santa Sé – não terá as mesmas prerrogativas que historicamente teve o “número dois” vaticano. É que Bergoglio defende um governo mais colegial, em o que os presidentes de dicastérios e uma comissão de cardeais atuem como conselho de Governo do Bispo de Roma.
Apesar disso, a figura do secretário de Estado vaticano é relevante e necessária, especialmente nas relações internacionais. Por isso, o trio que Francisco já prepara – e que cumpre o pacto não escrito de que se o papa não é italiano, o secretário de Estado deve ser – é formado por três personagens com ampla trajetória diplomática e de governo. Os três nomes dos quais sairá o sucessor de Bertone são Giuseppe Bertello, Pietro Parolin e Luigi Ventura.
O principal candidato é o cardeal Giuseppe Bertello, atual presidente do Governatorado de Estado da Cidade do Vaticano e presidente da Comissão Pontifícia para a Cidade do Vaticano, e o único “curial” que faz parte da comissão para a reforma, encabeçada pelo cardeal Maradiaga.
Bertello entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1971 e serviu nas representações pontifícias do Sudão, Turquia, Venezuela e na missão da Santa Sé ante as Nações Unidas, em Genebra. Foi núncio em Gana, Togo, Benim, Ruanda (onde contribuiu para acabar com a matança entre hutus e tutsis), México, e representante da Santa Sé ante o Movimento dos Não Alinhados, Nações Unidas, OMT. Em 2007, passou a ser núncio na Itália e, desde 2011, governador do Vaticano. É, sem sombra de dúvidas, o mais preparado para ser o chefe da diplomacia vaticana.
O outro grande candidato é Pietro Parolin, atual núncio apostólico na Venezuela. Nascido em Schiavon (Vicenza), no dia 17 de janeiro de 1955, entrou no serviço diplomático da Santa Sé no dia 1 de julho de 1986. Trabalhou na representação pontifícia na Nigéria e no México; para, em seguida, passar pelo setor das Relações com os Estados, na Secretaria de Estado. Foi nomeado subsecretário do mencionado setor no dia 30 de novembro de 2002. Além de italiano, fala francês, inglês e espanhol, e soube lidar com os duros anos de Governo de Hugo Chávez, no que diz respeito às relações Igreja-Estado.
Finalmente, Luigi Ventura, núncio na laica França, também o foi, anteriormente, no Canadá. Nascido em Borgosatollo, diocese de Brescia, no dia 9 de dezembro de 1944, recebeu a ordenação sacerdotal no dia 14 de junho de 1969. Depois de ter estudado Literatura e Direito Canônico, em 1978, entrou no serviço diplomático da Santa Sé, desempenhando sua missão nas representações pontifícias do Brasil, Bolívia e Grã-Bretanha.
Em 1984, foi chamado a servir a Igreja na Secretaria de Estado, no departamento para as Relações com os Estados, para posteriormente chegar às nunciaturas de Costa do Marfim, Burkina Faso, Nigéria. No dia 25 de março de 1999, foi nomeado representante de João Paulo II, no Chile, e no dia 22 de junho de 2001, no Canadá. É conhecido como o “núncio das JMJ”, pois ajudou na preparação de várias delas.
Seja como for, parece claro que a sucessão de Bertone é mais do que iminente. E que um destes três tem todas as condições para ser a “mão direita” do papa Francisco em seu pontificado de reforma.
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Bertello, Parolin e Ventura, o trio de Francisco para a Secretaria de Estado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU