15 Agosto 2013
No dia 12 de agosto, no Vaticano, ocorreu o que foi definido como "um sério debate" sobre o chamado caso Chaouqui. Trata-se da nomeação, ocorrida no dia 19 de julho, de Francesca Immacolata Chaouqui, de 30 anos, que se ocupa profissionalmente com relações públicas, como um dos comissários do novo órgão desejado pelo Papa Francisco para lançar luz sobre todas as entidades financeiras da Santa Sé, exceto o IOR (para o qual foi instituída uma comissão referente ad hoc).
A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada no jornal Corriere della Sera, 12-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O caso explodiu durante viagem do papa para a Jornada Mundial da Juventude no Rio, porque só então Bergoglio foi alertado do fato de que a relações públicas, na internet, antes da nomeação e durante anos, tinha postado tuítes que estão criando um sério constrangimento dentro dos sagrados muros. Tuítes, ou seja, frases curtas que não só exaltam a temporada do Vatileaks, mas também contêm acusações dirigidas ao cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone.
Tanto que o renomado vaticanista norte-americano John Allen escreveu, enquanto estava em viagem ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, que, em Roma, "a panela continua fervendo". E, para provar, tinha publicado alguns dos tuítes de Chaouqui.
No dia 12, o papa se encontraria com Bertone, que retornou a Roma depois de pouquíssimos dias de férias em Valle d'Aosta: eles discutiriam, entre outras coisas, sobre como sair dessa situação, até porque perfila-se uma ação judicial contra Chauoqui. Ela encerrou a sua conta no Twitter no sábado, 10 de agosto, mas, como se sabe, a magistratura tem acesso aos servidores do gigante das comunicações.
Chaouqui declarou ao jornal Corriere: "Estou tranquila, porque o Santo Padre está tranquilo". E afirma: "Eu concordei essa declaração com o porta-voz vaticano, padre Lombardi". Ela defende que ela não era a única a gerir a sua conta e que não se reconhece em um dos tuítes em questão: para ser exato, aquele que afirmava que o ex-ministro italiano Giulio Tremonti é gay. Ela nada especifica sobre aquele que defendia que Bertone "é corrupto".
Sobre a mesa de Bergoglio, como no caso da nomeação do prelado do IOR, Mons. Mario Ricca, chegou o resultado de uma investigação interna sobre o procedimento de nomeação de Chaouqui, sobre quem, em suma, foi o promotor da jovem. Aos 30 anos, formada em Direito, mas sem ter passado no exame da ordem e sem nenhuma formação específica no campo econômico financeiro, ela também é lobista para um financista preso recentemente, como Alessandro Proto. Casada com Corrado Lanino, um engenheiro da computação que, no passado, teria trabalhado para o Vaticano (mas ela desmente), confirmou-se que o seu marido trabalha para a Fundação Santa Lucia, vista com bons olhos pelo cardeal Angelo Comastri.
O jornal Fatto Quotidiano do dia 11 de agosto, em referência ao caso, identificou na mulher o "Corvo" anônimo entrevistado no dia 13 de março, último dia do conclave, em que, dentre outras coisas, anunciava um novo livro explosivo de Gianluigi Nuzzi, autor de Sua Santidade. No avião de retorno do Rio, o Papa Francisco falou do Vatileaks como um "problema sério".
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Tuítes e venenos vaticanos na cúpula do Vaticano. Chaouqui, Bertone e o papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU