27 Junho 2013
O presidente Barack Obama anunciou ontem um novo e amplo plano de reduzir as emissões americanas de gases que provocam o efeito estufa, comprometendo-se a criar novos padrões para usinas de eletricidade e a adotar uma série de outras medidas. Ele foi incisivo contra aqueles que dizem que as mudanças climáticas não são causadas pela atividade humana.
Em discurso muito aguardado, na Universidade de Georgetown, em Washington, Obama disse que concretizará um dos pilares de seu plano, ao ordenar que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) crie padrões de emissões de dióxido de carbono para as atuais e as novas usinas de eletricidade, as maiores fontes das emissões nos EUA.
A reportagem é de Tennille Tracy, publicada no site Dow Jones Newswires e reproduzida pelo jornal Valor, 26-06-2013.
Essas normas não precisam de aprovação do Congresso, que já rejeitou um projeto de lei de mudança climática em 2009.
"O planeta está esquentando e atividade humana está contribuindo para isso", disse. Obama prosseguiu dizendo que "a questão agora é se teremos coragem de agir antes que seja tarde demais".
O plano de Obama também oferece até US$ 8 bilhões em garantias para empréstimos que financiem projetos avançados envolvendo energia fóssil e eficiência energética, e abre caminho para projetos de energia renovável em terrenos do Estado, até 2020, suficientes para suprir a energia elétrica necessária a seis milhões de residências.
Com o plano, os EUA comprometem-se a tentar reforçar os esforços internacionais de combate às mudanças climáticas, inclusive a expansão de iniciativas bilaterais com a China, Índia e outros países.
Numa decisão inesperada, Obama aproveitou seu discurso para abordar o espinhoso tema do oleoduto Keystone XL. Disse que o controvertido projeto de quase 2.000 km deve ser aprovado somente caso não "agrave substancialmente" a poluição por carbono.
A questão do impacto geral do duto Keystone em mudança climática tem sido centro de acalorado debate. Grupos ambientalistas dizem que a construção do duto - que seria o último elo de uma rede de dutos do Canadá até a costa do Golfo do México- resultará em aumento das emissões de "gases estufa", ao induzir a plena exploração de areias betuminosas no Canadá. Essas areias produzem mais gases de efeito estufa do que o petróleo usual, durante sua extração.
Não ficou claro se a declaração de Obama torna mais ou menos provável a aprovação do oleoduto.
O discurso rapidamente atraiu a condenação da oposição republicana. O líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, disse que o plano do presidente "equivale a declarar guerra ao emprego. É o mesmo que puxar o tapete de muitos americanos atualmente em dificuldades econômicas".
Ele disse que pretende conversar com o presidente sobre o plano energético durante uma reunião agendada para hoje à tarde na Casa Branca. Os líderes de ambos os partidos no Congresso foram convocados para a reunião.
Em seu discurso, Obama usou palavras duras contra aqueles que questionam se a Terra está se aquecendo e se a atividade humana está contribuindo para isso "Não tenho muita paciência com quem nega que esse problema é real", disse. "Não temos tempo para uma reunião da Sociedade da Terra Plana", ironizou, referindo-se à entidade que pregava que a terra era plana.
O anúncio sobre as usinas de eletricidade foi logo abraçado por grupos ambientalistas, que têm pressionado o governo Obama para que adote novas regras rigorosas para usinas a carvão já em operação, algumas delas há décadas.
Alguns analistas do setor de energia elétrica alertaram que as novas normas podem implicar a "aposentadoria antecipada" de usinas a carvão, o que ameaçaria a confiabilidade da rede elétrica e elevaria custos. "Isso será um problema para a herança deixada pelo presidente, um legado de custos mais elevados de energia, perda de empregos e uma economia despedaçada", disse Robert Duncan, presidente-executivo da Coalizão Americana para Eletricidade Baseada em Carvão Limpo.
Em 2012, a EPA propôs uma regra para reduzir as emissões de dióxido de carbono geradas por novas usinas elétricas que praticamente eliminou a possibilidade de construção de usinas a carvão. A EPA ainda não finalizou a regra, e alguns analistas dizem que a agência terá que fazer mudanças significativas antes de concluí-la.
As novas regras da EPA para usinas existentes serão um componente crucial do plano de Obama para combater as mudanças climáticas, mas provavelmente enfrentará obstáculos legais e políticos. Os republicanos argumentam que a Lei do Ar Limpo não foi concebida para regular as emissões de dióxido de carbono, mas sim de outras emissões nocivas. Em 2009, a EPA concluiu que os "gases estufa" são prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, veredicto que agora serve como base para ações futuras de combate às emissões de dióxido de carbono.
Obama disse que críticos de seu plano iriam advertir para a perda de empregos e para prejuízos econômicos. Para ele, trata-se de "desculpas esfarrapadas para inação".
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Obama anuncia plano para reduzir emissões dos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU