01 Dezembro 2011
Bento XVI disse ter ido ao Benin, um país de oito milhões na África Ocidental, para enviar uma mensagem de esperança. Em toda a sua viagem dos dias 18 a 20 de novembro, ele repetidamente invocou a imagem da África como um "pulmão espiritual" da humanidade, elogiando a sua visão de mundo profundamente religiosa e enfatizando que a alegria, a resiliência e os valores morais tradicionais da África são presentes preciosos para o mundo.
A análise é de John L. Allen Jr., publicada no sítio National Catholic Reporter, 23-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Pode parecer contraintuitivo que um intelectual alemão de 84 anos seja o líder ocidental mais entusiástico com relação à África, mas, na realidade, isso faz todo o sentido do mundo. Espiritualmente falando, a África é uma superpotência – é tanto a maior fabricante quanto a maior consumidora de religião do mundo. Para um papa que passou a vida inteira lamentando a "morte de Deus" na Europa, a África só pode parecer um oásis de fé vibrante.
Os africanos pareceram retribuir o sentimento.
Vastas multidões, incluindo grandes números de crianças e jovens, encheram as ruas de Cotonou, a capital do Benin, e de Uidá, na costa do Atlântico, para ver o papa. Para a missa de Bento XVI ao ar livre em um estádio de futebol de Cotonou no domingo, havia pelo menos tantas pessoas do lado de fora quanto as 40 mil que estavam do lado de dentro, passando várias horas dançando e cantando antes do evento principal. Os observadores compararam o comparecimento (que também atraiu pessoas de países vizinhos como Togo, Gana, Nigéria, Burkina Faso e Níger) às viagens papais à Polônia e ao México.
Talvez o tributo mais eloquente ocorreu na manhã de sábado no palácio presidencial do Benin. A chanceler Koubourath Osseni, muçulmana, saudou Bento XVI como "um autêntico amigo da África".
O velho pontífice certamente passou no teste de resistência. A temperatura no fim de semana foi consistentemente alta na casa dos 30 graus, com uma umidade extremamente forte, e Bento XVI muitas vezes teve que enfrentar esse clima em pesados trajes litúrgicos. Ele aguentou bem, sendo talvez outro testamento da sua afeição pelo local.
No entanto, os papas não viajam apenas para ser animadores de torcida. A viagem de três dias ao Benin, a segunda aparição do papa na África e a 22ª jornada ao exterior do seu papado, também visava a fechar alguns negócios.
O motivo oficial era o de apresentar as conclusões de um Sínodo dos Bispos para a África, de 2009, o que Bento XVI fez na forma de um documento de 138 páginas intitulado Africae Munus, ou "O compromisso da África", uma espécie de plano de jogo para a fé no continente . Bento XVI também fez uma série de discursos, incluindo uma fala altamente antecipada aos líderes políticos e religiosos reunidos no palácio presidencial do Benin, apontado como o pensamento mais desenvolvido do papa sobre a vida social e política do continente.
Por tudo isto, é importante fazer algumas perguntas difíceis sobre o que Bento XVI pretende realizar e sobre o quão bem ele se saiu.
1. Bento XVI evitou a armadilha dos preservativos?
A última viagem do papa à África em 2009 foi totalmente dominada pelo debate sobre a sua sugestão, feita aos repórteres a bordo do avião papal, de que os preservativos piorariam o problema do HIV/Aids. Isso desencadeou uma rodada de um "preservativo-gate" [em referência ao caso Watergate]. A segunda rodada aconteceu no ano passado, quando Bento XVI pareceu sugerir, em um livro-entrevista, que os preservativos, embora longes do ideal, podem, contudo, ser um "primeiro passo" rumo à moralidade se expressarem o desejo de salvar a vida de alguém.
Apesar de um subsequente esclarecimento do Vaticano e oceanos de comentários, a questão-chave pareceu ter sido deixada em suspenso: isso significa que a Igreja poderia tolerar silenciosamente, se não até aprovar, o uso dos preservativos para combater a propagação da doença – mesmo se isso fique aquém do que o catolicismo considera como uma solução totalmente moral?
Não houve repetição do "preservativo-gate", pela simples razão de que Bento XVI evitou o assunto completamente. Ele brevemente abordou a Aids na Africae Munus, destacando a abstinência fora do casamento e a fidelidade dentro dele como a melhor abordagem para a prevenção, e também pediu uma investigação agressiva e uma maior disponibilidade de medicamentos anti-Aids a custos mais baixos.
(Houve um breve frisson em torno da frase de abertura de Bento XVI sobre a Aids na Africae Munus, na qual ele escreve que "o problema da Aids exige claramente uma resposta médica e farmacêutica". Alguns se perguntaram se o termo "médico" poderia ser uma referência oblíqua aos preservativos, mas as autoridades vaticanas deixaram claro, silenciosamente, que isso se referia a tratamentos antirretrovirais e à pesquisa voltada a uma cura.)
Aquelas pessoas inclinadas a uma visão "copo meio vazio" poderiam dizer que Bento XVI perdeu uma oportunidade de esclarecer o seu pensamento – com efeito, que ele evitou a questão dos preservativos na região do mundo onde ela é mais ardente. A visão "copo meio cheio" seria a de que, evitando a armadilha dos preservativos, Bento XVI, ao menos, garantiu que outras histórias sobre a África tivessem uma boa chance de ver a luz do dia.
2. Um papa eurocêntrico pode se conectar com a África?
A acusação de ser "eurocêntrico" continua perseguindo Bento XVI, apesar do fato de que ele ter viajado para fora da Europa sete vezes, visitando todos os continentes, exceto a Ásia até o momento. Poucos dias antes de partir para o Benin, o veterano jornalista italiano Marco Politi publicou um livro analisando a "crise" do seu papado, argumentando que Bento XVI não é suficientemente atento às dimensões "globais e geopolíticas" do seu papel.
Na verdade, a questão da habilidade de Bento XVI de se conectar com a África deveria ter sido resolvida há dois anos. Em Yaoundé, no Camarões, em março de 2009, ele esteve ao lado do antigo presidente Paul Biya, cujo regime foi considerado uma vez como o mais corrupto do mundo, e, sem rodeios, disse que "os cristãos jamais devem permanecer em silêncio diante da corrupção e do abuso de poder". Esse icônico momento foi percebido pela maioria dos africanos como uma das coisas mais relevantes que eles já tinham ouvido em muito tempo.
Infelizmente, o "preservativo-gate" fez com que poucas pessoas fora da África prestassem atenção a isso, por isso estamos fazendo as mesmas perguntas com relação ao Benin. Na verdade, Bento XVI pareceu se conectar muito bem desta vez também.
Se você fizesse uma pesquisa com os bispos, teólogos e militantes leigos africanos católicos sobre as suas preocupações sociais mais prementes, os dois temas que, provavelmente, acabariam no topo da lista seriam a luta contra a corrupção e a tolerância inter-religiosa. Foram precisamente essas as notas que Bento XVI abordou no seu discurso do dia 19 de novembro no palácio presidencial de Cotonou.
No fronte da justiça social, a linguagem de Bento XVI foi quase melancólica.
"Os seres humanos aspiram à liberdade", disse ele, "quer viver dignamente; deseja boas escolas e alimentação para as crianças, hospitais dignos para curar os doentes; quer ser respeitada; reivindica uma governança transparente que não confunda o interesse privado com o interesse geral; e sobretudo quer a paz e a justiça".
" Neste momento, há demasiados escândalos e injustiças, demasiada corrupção e avidez, demasiado desprezo e demasiadas mentiras, demasiadas violências que levam à miséria e à morte", disse o papa, chamando os líderes políticos e econômicos a enfrentar escolhas "que já não podem evitar".
A corrupção é um tema muito especial. As palavras do papa tiveram uma ressonância local no Benin, um país abalado no ano passado pelo seu próprio escândalo Bernie Madoff na forma de um esquema ponzi perpetrado por uma das maiores casas de investimento do país. A crise do ICC Services drenou 5% do PIB do Benin, custando a milhares de pequenos investidores mais de 330 milhões de dólares.
Também é importante notar que, em suas considerações ao papa, o presidente Thomas Boni Yayi, do Benin, se referiu ao fato de completar o seu "segundo e último" mandato. Embora a Constituição do Benin limite o presidente a dois mandatos, houve especulações de que Boni poderia seguir o exemplo de outros homens fortes africanos e tentar improvisar uma emenda para estender a sua permanência no poder.
Os comentários de Boni no sábado pareceram sugerir que esse não será o caso. Como um repórter de um jornal local comentou, "ele disse isso, e o disse na presença do Santo Padre. Agora, ele terá que sustentar isso".
É possível considerar a afirmação de Boni como uma espécie de "primeiro fruto" do apelo do papa por um bom governo.
Bento XVI foi igualmente enérgico com relação às relações inter-religiosas.
"Toda a pessoa de bom senso compreende que é preciso promover uma cooperação serena e respeitosa entre as diversidades culturais e religiosas", disse ele. "Nenhuma religião, nenhuma cultura pode justificar o apelo ou o recurso à intolerância e à violência".
"A agressividade", disse o papa, "é uma forma relacional demasiado arcaica, que faz apelo a instintos banais e pouco nobres".
Surpreendentemente, na Africae munus, Bento XVI exortou a Igreja, "em toda e qualquer situação, a perseverar na estima dos muçulmanos". Isso é especialmente relevante à luz de dois contextos: primeiro, o crescente ressentimento em círculos eclesiais com relação à perseguição anticristã em algumas sociedades muçulmanas; e, segundo, o fato de que muitos líderes católicos africanos não aprovam o que eles veem como uma abordagem excessivamente reverente ao Islã por parte da Igreja do Oriente Médio, e o fato de que eles querem um diálogo mais corajoso e assertivo.
No entanto, também houve uma notável omissão por parte da agenda inter-religiosa de Bento XVI.
No sábado, ele viajou para Ouidah, na costa do Atlântico do Benin, mais ou menos como o Vaticano do vodu. Historicamente, o Benin foi o berço do vodu na África Ocidental e continua tendo uma presença enorme. Um famoso templo à serpente mitológica está logo do outro lado da rua da Basílica da Imaculada Conceição de Ouidah, um lembrete de como o catolicismo e o vodu vivem lado a lado.
Pode-se pensar que a viagem ofereceu uma chance de abrir linhas de comunicação com um movimento religioso que goza de um vasto seguimento, estimado entre 30 milhões e 60 milhões de pessoas em todo o mundo – comparável à presença global, digamos, do metodismo.
No entanto, Bento XVI nunca fez qualquer referência ao vodu e não se encontrou com um padre ou outro expoente. Sua retórica, em Ouidah, ao afirmar que o cristianismo representa um triunfo sobre o "ocultismo e os espíritos malignos", foi tomada por alguns como um golpe violento. Isso produziu alguns ressentimentos em um país que se orgulha da sua herança religiosa singular – o dia 10 de janeiro, por exemplo, é celebrado como o "dia do vodu".
O que aconteceu? Eu suspeito que, de forma sutil, o fantasma da viagem do Papa João Paulo II ao Benin em 1993 pairava sobre esse fim de semana.
Essa viagem de 1993 coincidiu com um grande redespertar nacional do vodu no Benin, que se expressou em um movimento chamado "Ouidah 92". João Paulo II se encontrou com líderes das religiões africanas tradicionais e saudou um sacerdote vodu, e uma foto do encontro foi publicada na primeira página do L`Osservatore Romano. Até hoje, essa foto circula em círculos católicos tradicionais como prova da suposta heterodoxia do falecido papa (juntamente com as imagens dele em um círculo de oração em Assis, beijando um Alcorão).
Meu palpite é de que as memórias dessa polêmica há quase duas décadas tiveram um efeito inibidor sobre esta viagem, especialmente em um momento em que o Vaticano está tentando curar um cisma com a tradicionalista Fraternidade São Pio X. Pode-se apreciar a preocupação, mas a falta de qualquer engajamento com o vodu ainda representa uma oportunidade perdida.
3. O plano do papa para a África fará alguma diferença?
Se o coração desta viagem foi apresentar a Africae munus, as conclusões do Sínodo para a África de 2009, então é razoável perguntar se o documento realmente fará alguma diferença na Igreja africana. Essa é uma pergunta especialmente imperiosa, já que o massivo crescimento do catolicismo na África levou muitos especialistas a prever um "momento africano" na Igreja global no século XXI.
Resumida ao essencial, a mensagem de Bento XVI na Africae munus pode ser expressada em dois pontos básicos:
1 – "Permaneçam espirituais" – no sentido de não permitir que a Igreja se torne um movimento ou partido explicitamente político.
2 – "Permaneçam católicos" – no sentido de não sucumbir a uma forma excessivamente "africana" de inculturação, que acabe batizando o nacionalismo, o tribalismo ou crenças e práticas religiosas heterodoxas.
Resta saber se a Igreja saberá responder a esses argumentos, mas Bento XVI, pelo menos, parece estar lendo a situação com precisão. A África é um lugar onde os líderes religiosos são muitas vezes atraídos pela atividade explicitamente política, porque são vistos como líderes morais que gostam de uma confiança pública muito maior do que a maioria dos políticos. Também é um lugar onde a força motriz das culturas indígenas, incluindo suas práticas espirituais, continua sendo forte.
Como uma aplicação do segundo ponto, a respeito de "permanecer católicos", Bento XVI pediu aos bispos que realizem um estudo sobre as práticas de reconciliação tradicionais da África, enraizadas na religião tribal – em parte para aprender com eles, mas também, em parte, para enfatizar que eles não podem substituir a confissão individual. Se os bispos conseguirem descobrir uma forma de honrar as crenças culturais tradicionais, ao mesmo tempo em que preservam o caráter do sacramento, isso seria uma indicação de que a visão de Bento XVI está criando raízes.
Aqui está outra possível prova de fogo: Bento XVI salientou que, se a Igreja Católica deve pregar a boa governança e a luta contra a corrupção aos líderes políticos e econômicos da África, ela mesma deve praticar uma boa governança na forma como gere os seus próprios recursos. A questão é: será que os líderes católicos na África realmente levarão isso a sério?
Falando aos bispos da África, Bento XVI escreve: "Para que a vossa mensagem seja credível, fazei com que as vossas dioceses se tornem modelos no comportamento das pessoas, na transparência e boa gestão financeira".
"Não temais recorrer à competência de peritos de contabilidade, para servir de exemplo tanto aos fiéis como à sociedade inteira", escreve o papa.
Em outro ponto, Bento XVI insiste que os funcionários da Igreja devem receber "justa remuneração (...) para reforçar a credibilidade da Igreja". Ele também dirige uma mensagem semelhante às instituições de saúde filiadas à Igreja, reforçando que "a gestão dos fundos concedidos deve ter em vista a transparência".
Eu conversei no dia 19 de novembro com um alto prelado africano, o arcebispo John Oaniyekan, de Abuja, na Nigéria, que parecia otimista com o fato de que os bispos atuariam a partir da injunção do papa.
"Muitos bispos já levam isso muito a sério e, pelo fato de estar na exortação do papa, muitos mais irão fazê-lo", afirmou.
4. Bento XVI abriu algum novo caminho?
De certa forma, pode ser injusto esperar que um octogenário, que esteve perante os olhos do público durante toda sua vida adulta e que já esteve na África antes, chegue com alguma declaração ou iniciativa nova de tirar o fôlego. Dito isto, houve algumas novidades dignas de nota.
A Africae munus contém talvez a retórica papal mais forte já registrada sobre o problema do analfabetismo, que Bento XVI comparou às pandemias que afligem a África e chamou-lhe de uma forma de "morte social". Sua linguagem sobre o empoderamento das mulheres também foi marcante, insistindo que a Igreja tem o dever de promover um papel social para as mulheres "igual ao dos homens".
Bento XVI também incluiu um encontro especial com as crianças em seu itinerário, refletindo a demografia esmagadoramente jovem do continente. Quase metade da população total do continente africano tem menos de 14 anos.
No nível do grande quadro, no entanto, a característica talvez mais inovadora da viagem não foi nada do que Bento XVI disse ou fez, mas sim como o contexto africano destacou fortemente uma característica marcante do seu pensamento: o que eu tenho chamado de sua "solitária teologia da libertação".
As duas viagens de Bento XVI à África provocaram alguns dos seus comentários sociais mais afiados. Tanto em 2009 quanto desta vez, o pontífice condenou a pobreza e a injustiça, denunciou a corrupção e, claramente, alinhou a Igreja com as esperanças de mudança política (sua manifestação mais forte nesse sentido ocorreu na sexta-feira, no Benin, quando rejeitou a "rendição incondicional às leis do mercado e das finanças"). Ao mesmo tempo, ele também disse ao clero local para que permaneça fora da política e insistiu que a Igreja não tem nenhuma solução política para propor.
O que torna essas duas posições coerentes é que Bento XVI está atuando a partir da sua própria versão da teologia da libertação (essa é uma referência ao movimento teológico pioneiro na América Latina na década de 1960 e 1970, que procurou situar a Igreja ao lado dos pobres).
A reviravolta de Bento XVI com relação à teologia da libertação está enraizada em três convicções básicas
Somando-se tudo isso, o resultado é este: Bento XVI está genuinamente escandalizado com a pobreza e a injustiça, e quer que a Igreja seja um agente de mudança. A forma como a Igreja promove a transformação, no entanto, não é mediante lobbies ou estratégias eleitorais, mas sim convidando as pessoas a uma relação com Cristo – o Cristo cujo "amor preferencial pelos pobres" foi confirmado repetidamente por Bento XVI.
Se o velho slogan era: "Se você quer paz, trabalhe pela justiça", a versão de Bento XVI poderia ser: "Se você quer justiça, vá à Igreja".
Isso não significa, é claro, que novas soluções políticas não são urgentemente necessárias. O que isso significa é que a contribuição específica da Igreja é a de lançar as bases espirituais e morais para essas soluções, formando pessoas de fé e de convicção moral reais e pronunciando-se constantemente quando as realidades do mundo não correspondem à visão do Evangelho.
Eu chamo isso de uma posição "solitária" porque, de certa forma, ela não satisfaz ninguém plenamente. Ela não abraça o zelo da esquerda católica pelo ativismo político direto, nem reflete os instintos ideológicos do "laissez-faire" de pelo menos uma parte da direita católica.
Não está claro até que ponto essa versão "beneditina" da teologia da libertação irá penetrar na Igreja africana – e em que medida ela poderia, então, transformar a vida social e política do continente. Mas, se você está procurando algo para ficar matutando a respeito da viagem ao Benin, aí está.
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As difíceis questões ao Papa Bento XVI na África - Instituto Humanitas Unisinos - IHU