29 Junho 2018
Publicamos aqui o comentário do irmão Emanuele, da Comunidade de Bose, sobre o Evangelho deste domingo, 29 de junho, solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo (Mt 16, 13-19). A tradução é de Moisés Sbardelotto.
As Igrejas do Oriente e do Ocidente contemplam no dia 29 de junho [no Brasil, neste ano, a solenidade é celebrada no domingo seguinte, 1º de julho] o abraço dos santos Pedro e Paulo, os “corifeus” dos apóstolos, um termo que designava os líderes do antigo coro grego e que sugere, portanto, uma imagem coral da Igreja, chamada à unidade sinfônica, ao acordo das vozes e dos corações – uma meta para a qual sempre estamos a caminho...
Pedro e Paulo foram testemunhas e anunciadores do Cristo crucificado e ressuscitado, cada um com sua própria originalidade, sem abdicar do próprio “estilo” muito pessoal, da própria índole, dos próprios impulsos na fé e no amor, assim como sem calar as próprias quedas, as próprias contradições, os próprios passos em falso.
Duas histórias que narram, na concretude situada de uma biografia humana, o dom e o mistério do chamado, da fé, da conversão: quem negará o Cristo é também aquele que tem a graça de confessá-lo como Senhor e Filho do Deus vivo, enquanto o perseguidor da Igreja se tornará seu “paraninfo” – é assim que a tradição oriental designa Paulo, que apresenta “a Igreja como esposa ao Cristo esposo”.
Em caminhos diferentes que seguiram as pegadas de Cristo, para levar seu Evangelho até as extremidades da terra, como canta a liturgia bizantina: “Eles são as asas do conhecimento de Deus que percorreram voando os confins da terra e se levantaram até o céu; são as mãos do evangelho da graça, os pés da verdade do anúncio, os rios da sabedoria, os braços da cruz”.
E seu testemunho encontrou uma convergência definitiva no martírio, na morte sofrida em Roma: assim, “o Ocidente oferecerá a Cristo duas coroas resplandecentes, cujo perfume se espalhou por toda a parte. O Ocidente no qual entraram em declínio os dois astros, os dois apóstolos sepultados, que lá fazem resplandecer raios que nunca entram em declínio. Eis: Simão superou o sol, e o Apóstolo eclipsou a lua” (Efrém, o Sírio).
“E vós, quem dizeis que eu sou?” A pergunta de Cristo encontrou nas palavras, nas escolhas, na vida e na morte de Pedro e Paulo uma resposta convicta e convincente. Mas essa pergunta continua vibrando, hoje, para cada cristão e para toda a Igreja: quem é Cristo para nós?
E a resposta, inevitavelmente, não pode se limitar a uma mera profissão de fé em palavras, a uma fórmula teológica, mas pede para ser traduzida em palavras capazes de vida, em gestos carregados de esperança, em ações capazes de contar o amor.
Paulo pergunta aos cristãos de Roma e a nós com eles: “Quem nos poderá separar do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?”. O Apóstolo mesmo, na companhia de Pedro, nos sugere a resposta, embebida em uma confiança inquebrantável naquele que “morreu ou, melhor, ressuscitou”: “Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes nem as forças das alturas ou das profundidades, nem qualquer outra criatura, nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 8, 35-39; trad. Bíblia Pastoral).
Que essa seja a palavra da fé, também para nós, daquela fé que repousa sobre a rocha de um fundamento inabalável (cf. Mt 16, 18), daquela fé que confirma os irmãos (cf. Lc 22, 32).
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Duas histórias que narram um mistério - Instituto Humanitas Unisinos - IHU