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02 Junho 2017

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo João capítulo 20, 19-23 que corresponde ao Domingo da Pentecostes, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Há alguns anos, o grande teólogo alemão Karl Rahner atrevia-se a afirmar que o principal e mais urgente problema da Igreja do nosso tempo era a sua «mediocridade espiritual». Estas eram as suas palavras: o verdadeiro problema da Igreja é «continuar com uma resignação e um tédio cada vez maior pelos caminhos habituais de uma mediocridade espiritual».

O problema tem-se agravado nestas últimas décadas. De pouco serviram as tentativas de reforçar as instituições, salvaguardar a liturgia ou vigiar a ortodoxia. No coração de muitos cristãos, está-se a apagar a experiência interior de Deus.

A sociedade moderna apostou no «exterior». Tudo nos convida a viver desde fora. Tudo nos pressiona para nos movermos depressa, sem pararmos em nada nem em ninguém. A paz já não encontra resquícios para penetrar até ao nosso coração. Vivemos quase sempre na crosta exterior da vida. Estamos a esquecer o que é saborear a vida a partir de dentro. Para ser humana, à nossa vida falta-lhe hoje uma dimensão essencial: a interioridade.

É triste observar que tampouco nas comunidades cristãs sabemos cuidar e promover a vida interior. Muitos não sabem o que é o silêncio do coração, não se ensina a viver a fé desde dentro. Privados de experiência interior, sobrevivemos esquecendo a nossa alma: escutando palavras com os ouvidos e pronunciando orações com os lábios enquanto o nosso coração está ausente.

Na Igreja, fala-se muito de Deus, mas, onde e quando escutamos, os crentes, a presença silenciosa de Deus no mais fundo do coração? Onde e quando acolhemos o Espírito do Ressuscitado no nosso interior? Quando vivemos em comunhão com o Mistério de Deus desde dentro?

Acolher a Deus no nosso interior quer dizer pelo menos duas coisas. A primeira: não colocar Deus sempre longe e fora de nós, quer dizer, aprender a escutá-lo no silêncio do coração. A segunda: descer Deus da nossa cabeça até ao profundo do nosso ser, quer dizer, deixar de pensar em Deus só com a mente e aprender a percebê-Lo no mais íntimo de nós.

Esta experiência interior de Deus, real e concreta, pode transformar a nossa fé. Surpreendemo-nos de como temos podido viver sem descobri-la antes. É possível encontrar Deus dentro de nós no meio de uma cultura secularizada. É possível também hoje conhecer uma alegria interior nova e diferente. Mas parece-me muito difícil manter por muito tempo a fé em Deus no meio da agitação e frivolidade da vida moderna sem conhecer, mesmo que seja de forma humilde e simples, alguma experiência interior do Mistério de Deus.

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